O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta terça-feira, 16, que um dos suspeitos de envolvimento no assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi identificado e que já há um pedido de prisão contra ele. Segundo o secretário, o suspeito é reincidente e está em fuga. O secretário evitou compartilhar mais detalhes.
— Havia um segundo veículo que foi identificado. Esse veículo foi encontrado abandonado e os criminosos não conseguiram atear fogo. Ele estava ligado, e no seu interior a Polícia Civil coletou material que pode ser usado na identificação dos ocupantes — disse, durante o velório do ex-delegado geral, em São Paulo.
Derrite afirmou que o suspeito foi preso por tráfico duas vezes e que todos que participaram do “atentado terrorista” contra Fontes serão punidos “severamente”. O secretário, no entanto, não confirmou o envolvimento do crime organizado.
O secretário também negou que uma força-tarefa tenha sido criada especificamente para apurar o crime.
— O que existe é toda a instituição da Polícia Civil com seus principais departamentos, o DHPP, o Deic, o Dipol, o Departamento de Inteligência, o Decap, o Denter-6, que é o responsável pelo território da Baixada, empenhados. O Gaeco, que já ofereceu o apoio desde ontem para nós, o Centro de Inteligência da Polícia Militar também recebendo todas as informações, passando em tempo real para a Polícia Civil, especialmente para nós — afirmou.
Ruy foi morto ontem na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, por volta de 18h. Imagens que circulam nas redes sociais mostram que o carro do ex-delegado, em tentativa de fuga, colidiu contra um ônibus e capotou. Um grupo de homens armados desceu de outro veículo que vinha atrás e passou aparentemente a atirar contra a vítima.
Segundo a Polícia Militar, informações iniciais indicam que o secretário perdeu o controle do veículo porque foi baleado na perseguição, mas isso ainda precisa ser confirmado em apurações complementares. Socorristas constataram a morte de Fontes no local.
Um homem e uma mulher que caminhavam pela região também foram baleados e encaminhados para o pronto-socorro, informou a prefeitura de Praia Grande. Eles não correm risco de morte.
Investigadores apuram se Fontes foi alvo de uma vingança pela atuação contra o crime organizado ou se a execução foi uma reação ao seu trabalho como secretário de Administração de Praia Grande.
Nomeado pelo então governador João Doria, Fontes assumiu a função de delegado-geral da Polícia Civil de 2019 a 2022. Desde 2023, trabalhava na prefeitura de Praia Grande.
Fontes foi uma das autoridades mais atuantes diante do chefe do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Marcola e outras 14 lideranças da facção cumpriam pena em Presidente Venceslau (SP) quando foi determinada a transferência para o sistema federal. A notícia desagradou ao PCC, segundo denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que veio à tona em agosto de 2019.
Atualmente, Fontes atuava como secretário de Administração de Praia Grande, no litoral paulista. Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, ele atuou como delegado por mais de 40 anos e chegou a dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Fontes teve passagens por diversas delegacias especializadas e participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá. Ele iniciou a carreira como delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí e trabalhou no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A equipe de Fontes indiciou os principais líderes do Primeiro Comando Capital (PCC) no início dos anos 2000 por formação de quadrilha. Ele foi uma das autoridades mais atuantes contra a facção criminosa e seu chefe Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. O então delegado passou a ser referido como inimigo número 1 dos contraventores e alvo de planos de execução.
Durante a carreira, o ex-delegado fez pós-graduação em Direito Civil e atuou como professor de Criminologia e Direito Processual Penal.