A Polícia Civil prendeu, nesta quinta-feira, Carlos Antônio Gomes Junior, de 24 anos, conhecido como Bradock, apontado como um dos criminosos que integrava a principal célula ofensiva do Comando Vermelho na Zona Oeste e responsável por coordenar invasões armadas que levaram pânico a diversas comunidades da região. Ele foi capturado por equipes da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na Vila Kennedy, área onde costumava se esconder.
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A prisão integra mais uma fase da Operação Contenção, deflagrada pela Polícia Civil para frear a expansão territorial de facções na Zona Oeste.
Polícia prende o traficante Bradock
Atuação em invasões armadas e tomada de territórios
Segundo as investigações, Bradock é apontado como integrante do grupo responsável por ataques diretos para tomada de áreas rivais — avanços com fuzis, expulsão de grupos opositores e imposição de domínio armado em comunidades inteiras. O núcleo chegou a atuar em regiões antes controladas por milicianos, especialmente em Campo Grande e Santa Cruz, antes de se alinhar de forma definitiva ao Comando Vermelho.
Nos últimos meses, essa célula concentrou seus ataques na Favela da Carobinha e áreas vizinhas, desencadeando confrontos violentos e expondo moradores a riscos permanentes. Os agentes já monitoravam Bradock e, nas últimas horas, conseguiram identificar sua movimentação e o local exato onde estava escondido.
Ligação com o Bonde dos Crias / Tropa do RD
As informações sobre Bradock também o conectam ao grupo conhecido como Bonde dos Crias ou Tropa do RD, chefiado pelo traficante Rodney Lima de Freitas, o RD, contra quem existem dois mandados de prisão em aberto.
A tropa, formada por cerca de dez integrantes, atua na linha de frente de disputas armadas contra paramilitares e enfrenta também inimigos do Catiri, em áreas como Antares (Santa Cruz) e a Favela do Barbante (Inhoaíba).
O Bonde dos Crias já foi investigado por homicídios e teve o nome associado — depois descartado — à morte do agente da Core João Pedro Marquini, em março deste ano. Porém, a participação de integrantes do grupo no latrocínio do policial penal Henry dos Santos Oliveira, em 19 de dezembro de 2024, é tratada como certa pela polícia.
Morte do policial penal Henry Oliveira
Bradock é apontado como um dos suspeitos envolvidos no assalto que resultou na morte do policial penal Henry Oliveira, de 51 anos, em Santa Cruz. No crime, ao menos sete criminosos com pistolas e fuzis assaltaram um depósito de bebidas.
Enquanto parte do grupo fazia a contenção externa, os demais carregavam um veículo com produtos roubados. Ao passar pelo local, Henry tentou abordar um dos criminosos, acreditando que portava uma arma de gel. Ele foi atingido por diversos disparos efetuados pelos comparsas que estavam dentro do estabelecimento. Os criminosos ainda roubaram a arma do policial antes de fugir.
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Um processo que tramita na 1ª Vara Criminal da Capital identificou como suspeitos Caio Felipe Ferreira da Cruz, o “Reizin”, e Carlos Antônio Gomes Junior, o Bradock, com base em imagens de segurança que mostram um dos criminosos portando o fuzil usado nos disparos.
Em dezembro de 2024, o Disque Denúncia divulgou cartazes com fotos de Bradock, Reizin, Fabiano da Silva Souza e Hiago Ferreira Pinto, todos ligados ao Comando Vermelho e que se escondiam na Vila Kennedy.
No momento de sua captura, Bradock tinha dois mandados de prisão ativos, ambos com validade até 2045. Ele também é apontado pela Polícia Civil como um dos envolvidos na invasão armada à comunidade do Largo do Correia, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio, entre os dias 19 e 22 de junho de 2025.
Ele foi indiciado por tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa, com base nas investigações do inquérito instaurado para apurar a ação. A ofensiva, que reuniu cerca de vinte criminosos armados com fuzis, foi comandada por “RD do Barbante” (Rodney Lima de Freitas) e por Adriano, o “Roliço”, segundo a polícia.
De acordo com o depoimento de uma ex-companheira anexado ao inquérito, Carlos trabalhava fazendo entregas de gás durante o período em que viveram juntos. Após o término da relação, ele teria se mudado de Campo Grande para a Penha, na Zona Norte, quando passou a ser associado ao tráfico de drogas. A testemunha afirmou que tomou conhecimento do envolvimento dele com o crime por meio de comentários de moradores e posteriormente viu reportagens que mencionavam o nome e a fotografia dele ligados a ações criminosas.
Ainda segundo o relato da ex-companheira, Carlos continuava tendo contato apenas eventual por causa do filho que possuem em comum, mas ele trocava de número com frequência, dificultando a comunicação. Quando soube dos confrontos no Largo do Correia, ela procurou informações sobre o paradeiro dele e ouviu de conhecidos que Carlos estava com o grupo do Comando Vermelho durante a invasão e que se encontrava vivo, porém encurralado pelos agentes de segurança pública.
As investigações incluíram também análises de vídeos, monitoramento de redes sociais e depoimentos de outras testemunhas que situaram Carlos entre os criminosos identificados na ação. O relatório policial apontou que o grupo pretendia assumir o controle territorial do Largo do Correia e de áreas adjacentes da Zona Oeste, impondo normas próprias mediante violência e intimidação de moradores. Em razão dos indícios de participação e da necessidade de avançar nas investigações, a Justiça decretou a prisão temporária de Carlos.

