Polícia Civil mira quadrilha responsável por golpe contra a Uber; prejuízo chegou a R$ 114 mil | Rio de Janeiro

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Agentes cumprem cinco mandados de busca e apreensão na Zona Norte - Érica Martin/Agência O Dia



Agentes cumprem cinco mandados de busca e apreensão na Zona NorteÉrica Martin/Agência O Dia

Rio – A Polícia Civil realiza, nesta quarta-feira (13), uma operação contra uma quadrilha responsável por golpes contra a Uber. Na ação, batizada de “Rota Falsa”, os agentes cumprem mandados de busca e apreensão em cinco endereços ligados a investigados por gerar prejuízo de R$ 114 mil à plataforma, na Zona Norte do Rio.

As investigações apontaram que os suspeitos exploravam um erro no sistema de pagamentos via Pix. Eles utilizavam contas falsas, tanto de motoristas como de passageiros, para fazer pedidos de corridas, mas acrescentavam múltiplas paradas durante o trajeto, o que fazia o valor final da viagem disparar.

No final da corrida, a Uber cobria o pagamento integral das paradas ao falso motorista, mas a quantia permanecia pendente na conta do passageiro, que não efetuava e abandonava a conta.

De acordo com a Delegacia de Defraudações (DDEF), Josy Lima, na casa do mentor do crime, identificado como Pedro, foram encontrados materiais de informática usados para burlar etapas da criação de contas na plataforma.

“A Uber nos notificou, a gente instaurou o inquérito e fizemos as representações judiciais. Na casa do Pedro, que é o líder dessa associação, a gente encontrou um material de informática, ele mesmo se diz programador em sistemas e que visualizou uma falha dentro do sistema da Uber, conseguindo criar não só perfis falsos de usuários, como também perfis falsos de motoristas”, contou.

A delegada explicou que os criminosos usavam inteligência artificial e de edição de fotos para manipular fotos digitalmente. “Durante esse cadastro desses motoristas, eles utilizavam de inteligência artificial, de programas como o Photoshop também, para conseguir fazer o cadastro e burlar a verdadeira identidade dos motoristas”.

Além das edições de fotos, os criminosos também usavam imagens físicas, com rostos de outras pessoas impressos em folhas de papel e colocavam por cima da própria face deles.

“Ele [o investigado] criava cadastros de motoristas falsos dentro do aplicativo e com esses ele conseguia combinar com um usuário falso também essa corrida por estarem próximos na localidade. Nem mesmo a Uber sabe se essas corridas foram efetuadas porque esses golpistas utilizam o GPS spoofing que é uma técnica utilizada para enganar os receptores de GPS enviando sinais falsos de satélite. Então não tem como apurar se realmente essa corrida foi efetuada ou não”, disse.

Segundo os agentes, a empresa de tecnologia identificou mais de 2 mil corridas com indícios fraudulentos. Os suspeitos abriram 480 contas em nomes de falsos motoristas e passageiros e, entre essas, 478 foram criadas do endereço residencial de um dos investigados.

Os policiais ainda identificaram que grande parte das contas bancárias vinculadas no aplicativo era de uma outra integrante dessa quadrilha.

“Durante as investigações, nós [a polícia] também apuramos que a movimentação financeira dos alvos era totalmente incompatível com a renda declarada por eles. Um dos alvos, que é a Yasmin, declarou uma renda mensal de R$ 3 mil, porém movimentou mais de R$ 730 mil”, relatou a delegada.

Na ação desta quarta, os agentes fizeram buscas em endereços no Alto da Boa Vista, Tijuca, Maracanã e Honório Gurgel. Em um dos locais, os policiais encontraram diversas fotos utilizadas para fraudar o sistema de verificação do aplicativo.

“Aprendemos diversas fotos que o Pedro fez, diversas imagens que ele imprimia para depois utilizar na inteligência artificial para burlar esse sistema, forjar essas imagens dos verdadeiros motoristas”, expôs a delegada.

As investigações continuam para identificar e responsabilizar todos os envolvidos no esquema criminoso.

Procurada, a Uber informou que “os mecanismos antifraude da plataforma detectaram os casos relatados, o que fez com que a empresa realizasse a denúncia para as autoridades competentes. Desde então, a Uber vem colaborando de forma ativa com a Polícia para a identificação dos suspeitos, sempre respeitando os termos da lei. Nossas equipes de detecção de fraudes usam análises manuais e sistemas automatizados de aprendizado que analisam mais de 600 tipos de sinais diferentes à procura de comportamentos fraudulentos. Estamos permanentemente implementando novos processos e tecnologias para evitar fraudes e aprimorarmos o treinamento dos nossos agentes, enquanto seguimos trabalhando para ficar à frente dos golpes mais recentes.”



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2025-08-13 11:41:00

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