Policiais atuam no Morro do Dendê, na Ilha do GovernadorReprodução
Rio – A Polícia Civil realiza uma operação, nesta quarta-feira (20), contra suspeitos de envolvimento no golpe do “falso advogado”, que acontece quando criminosos usam informações públicas de processos judiciais para ter acesso às vítimas e exigir pagamentos. Até o momento, três pessoas foram presas.
A ação, realizada pelo Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), acontece na Ilha do Governador, na Zona Norte; em Cabo Frio, na Região dos Lagos; e em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Todos os três mandados de prisão foram cumpridos. Os policiais cumprem ainda mandados de busca e apreensão.
De acordo com a Polícia Civil, os alvos são pessoas físicas e jurídicas que se associavam, de forma reiterada, com a utilização indevida da identidade de advogados catarinenses e de dados de processos judiciais, com o fim de obter vantagem financeira ilícita. Com esses dados, os criminosos fazem contato com as vítimas se passando por seus advogados.
Utilizando-se de artifícios e documentos verdadeiros ou fabricados, como sentenças ou guias de pagamento, os golpistas solicitam o depósito de custas processuais inexistentes com a promessa de liberação de valores, induzindo um grande número de pessoas a erro e lucrando com a fraude. A investigação constatou que houve envolvimento de pessoas do Rio e de outros estados no esquema.
A ação faz parte da “Operação Lex Falsa”, da Polícia Civil de Santa Catarina. As equipes do DGPC também realizam diligências para cumprir um mandado de busca e apreensão contra uma pessoa investigada por invasão de dispositivo informático.
Mais de 600 denúncias
O número de golpes cometidos por estelionatários que se passam por falsos advogados está em crescimento no Rio. Até julho deste ano, a seccional Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) já havia registrado 630 denúncias sobre a fraude.
Para aplicar o golpe, os criminosos se valem de informações públicas disponíveis em processo judiciais das vítimas. Com esses dados, eles criam contas falsas em aplicativos de mensagens ou redes sociais e fingem que são advogados, forjando documentos para “comprovar” a identidade.
Após o contato, os golpistas convencem as vítimas a realizar transferências via Pix, alegando pagamentos e a agilização do processo. Transferida a quantia, os criminosos não retornam mais o contato com o cliente.
A filha, que trabalha em home office, só suspeitou mais tarde, pois acreditava que a mãe havia falado com a verdadeira advogada por mensagem de voz, o que não aconteceu. Confiando na situação, ela realizou dois Pix, totalizando R$ 10.600, a pedido da mãe, que não tem costume de fazer transferências.
A Ordem também recomenda que os advogados instruam seus clientes a se comunicarem exclusivamente pelos canais oficiais do escritório ou da própria defesa, como e-mail ou número de WhatsApp, já que parte dos casos ocorre quando os golpistas usam a foto do advogado e associam a um número falso.
Ana Tereza Basílio, presidente da OAB-RJ, lista outras dicas para evitar cair no golpe. “A primeira dica aos advogados é que eles troquem a senha do token usado para peticionar os processos judiciais, e a troquem toda semana. O próprio TJRJ alertou que há hackers entrando por esse token, muitas vezes sem que o advogado sequer perceba. Outra recomendação para a sociedade: não faça nenhum pagamento sem confirmar com o advogado, pessoalmente ou verbalmente, garantindo que a pessoa esteja devidamente identificada”, orienta.
A própria entidade dos advogados também faz outros alertas. “É imprescindível que o cliente saiba quais são os meios de contato legítimos do escritório ou do profissional que o representa. Clientes devem ser orientados a nunca realizar pagamentos ou transferências sem antes confirmar diretamente com o escritório ou o profissional, preferencialmente por telefone. Essa simples precaução evita que as pessoas caiam neste tipo de golpe”, explica a OAB-RJ.
2025-08-20 08:21:00