Polícia apreende possíveis falsificações em exposição de Salvador Dalí na Itália

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salvador dali — Foto: Reprodução


Policiais da equipe de antirroubo de arte da Itália invadiram uma exposição dedicada a Salvador Dalí em Parma, nesta quarta-feira, e apreenderam 21 litografias sob suspeita de falsificação. A exposição, “Salvador Dalí, entre a arte e o mito”, foi inaugurada no Palazzo Tarasconi na semana passada, mas a equipe de arte já estava investigando o caso há meses, após a mesma exposição ter despertado suspeitas em um local em Roma.

“A exposição pareceu um pouco medíocre, no sentido de que não havia pinturas, nem obras importantes do autor, mas principalmente objetos, algumas esculturas numeradas”, disse o Tenente-Coronel Diego Polio, chefe da equipe antirroubo de arte de Roma, que executou a apreensão.

Polio contatou a Fundação Gala Salvador Dalí, na Espanha, que enviou especialistas à exposição em Roma. Eles levantaram preocupações sobre a autenticidade das 21 litografias após analisarem as cerca de 200 obras da exposição. Promotores em Roma então ordenaram a apreensão para que pudessem ser avaliadas por especialistas.

Os organizadores da exposição estavam sob investigação, enquanto o curador era apenas uma pessoa de interesse, disse Polio. “Está claro que, como curador, ele permitiu que as obras fossem exibidas, mas os promotores ainda precisam examinar sua posição”, disse ele.

Os organizadores da exposição não responderam aos pedidos de entrevista. Mas o curador, Vincenzo Sanfo, defendeu as litografias apreendidas, afirmando ter “toda a documentação” para comprovar sua autenticidade.

Ele afirmou que, das 21 obras confiscadas, 18 pertenciam a “Les Chevaux de Dalí”, uma série de litografias com tema equestre publicada pela Armand & Georges Israel em 1983. A série foi impressa com o consentimento do artista surrealista, e um portfólio foi criado com litografias numeradas de 3.001 a 4.980, totalizando 1.980 cópias.

Sanfo afirmou que a série apreendida tinha o número 3.680 e que sua filha a havia comprado por 1.500 euros. Exemplares mais caros da edição estão disponíveis, disse ele, porque incluem uma ou duas placas assinadas por Dalí. A operação policial surpreendeu Sanfo, pois ele disse que as obras “não eram tão valiosas”. E acrescentou: “Não se justifica toda a confusão”.

Polio afirmou que a exposição de Dalí em Parma estava no radar das autoridades porque uma grande exposição organizada pela Fundação Gala Salvador Dalí será inaugurada este mês em um museu privado em Roma.

“Foi muito estranho que a primeira exposição não tivesse sido verificada pela fundação, que autentica tudo o que é exibido”, disse ele.

Em um comunicado, a Fundação Gala Salvador Dalí afirmou que a exposição em Parma não contou com a colaboração da fundação, que, segundo ela, “salvaguarda o legado do artista”.

“Desde o momento em que o conteúdo desta exposição — que começou em Roma e agora se mudou para Parma — se tornou conhecido, a Fundação Dalí expressou suas dúvidas” aos investigadores “em relação a três desenhos e uma série de obras gráficas”, disse a organização. A fundação se recusou a responder a outras perguntas.

A fundação é a principal financiadora da exposição “Dalí. Revolução e Tradição”, que será inaugurada em Roma, no Palazzo Cipolla, em 17 de outubro. A exposição contará com obras de arte autenticadas, além de documentos e materiais audiovisuais.

A equipe de arte italiana é conhecida por rastrear obras de arte e antiguidades roubadas, e também lida com uma boa parte das falsificações. No ano passado, desmantelou o que descreveu como uma rede europeia de falsificadores e negociantes, apreendendo 450 obras em exposição em um palácio histórico em Pisa, Itália.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2025/10/03/policia-apreende-possiveis-falsificacoes-em-exposicao-de-salvador-dali-na-italia.ghtml

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