Coletiva na Cidade da Polícia destacou operação contra membros de torcidas organizadasReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Em coletiva realizada na Cidade da Polícia, na Zona Norte, o delegado Álvaro Gomes, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE), destacou que membros das instituições fazem um jogo de palavras para planejar a confusão com rivais.
“Nós conseguimos alguns códigos que eles utilizavam: ‘Pas nos estádios’. No início, acreditamos que era um erro de digitação, mas quando fomos ver era algo sistemático. Na verdade, isso significa ‘Pelotão de Assalto Surpresa’. Quando uma torcida utiliza o termo em um endereço e outra faz resposta, não por coincidência, tem briga naquele local. Ficou nítido que as redes sociais são usadas para marcação, até pela questão do anonimato ao usar pseudônimos”, comentou.
Segundo Gomes, há outros elementos que indicam o planejamento para confusão, como imagens criadas por inteligência artificial de mascotes de clubes rivais sangrando e perguntas sobre camisas que não devem ser usadas.
“Eles são covardes e gostam de agir em bando. Se reuniam em um determinado lugar e de lá começavam a cometer as agressões. Com inteligência artificial, costumavam produzir imagens de mascotes das torcidas sangrando. Eles estavam chegando até a audácia de dizer que tinham um território a proteger, custe o que custar, morra quem morrer. Isso mostra a dignidade mínima. Essa frase tem uma conotação negativa sob qualquer analise”, destacou.
Na manhã desta quinta-feira (18), a Draco cumpriu 39 mandados de busca e apreensão contra membros de organizadas. Destes, nove foram em sedes de torcidas dos quatro grandes clubes do Rio. Na operação, um homem morreu em confronto e outro foi preso na Ilha do Governador, na Zona Norte. Agentes também prenderam em flagrante um torcedor do Botafogo por posse ilegal de arma de fogo. Fuzis, artefatos explosivos e materiais supostamente usados para agressões foram apreendidos.
“A ação não é contra a torcida, mas sim contra membros, que travestidos de torcedores, aproveitam a estrutura das organizações para práticas de crimes. Podemos elencar alguns puramente violentos, como homicídios, tentativas de homicídios e lesão corporal. Até mesmo roubos. Temos registros de ocorrências em que os criminosos utilizam da confusão para retirar os pertences das pessoas”, completou o delegado.
Monitoramento
O subcomandante do Bepe, tenente-coronel Guilherme, explicou que o batalhão monitora os membros das torcidas. Contudo, algumas organizadas ainda não cadastraram todos os seus integrantes, o que dificulta a identificação de alguns suspeitos.
“A Polícia Militar não está contra as torcidas organizadas. Muito pelo contrário. Nós somos a favor da festa, do espetáculo, é isso que faz o nosso futebol ser forte. Contudo, existem sim criminosos dissidentes dessas torcidas. Temos controle dentro do Bepe para todos os torcedores cadastrados por eles, mas mesmo assim alguns ainda não foram identificados pelas associações. Está nos causando estranheza essa atitude dessas pessoas. Não são torcedores comuns. São criminosos travestidos de torcedores”, disse.
Para o subcomandante, o local mais seguro é dentro dos estádios, onde o número de confusões diminuiu. O PM solicitou apoio dos clubes para investimento em tecnologias de reconhecimento facial nos estádios.
Violência recente
Entre a última quinta-feira (11) e o último sábado (13), em um período de 48h, dois homens morreram em decorrência de brigas entre torcidas organizadas no Rio.
Ambos os casos são investigados pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
*Colaboração de Reginaldo Pimenta