Pancada na cabeça: riscos invisíveis que podem surgir dias depois

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Até impactos aparentemente simples podem causar sintomas tardios e afetar o raciocínio, a memória e a qualidade de vida 

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O traumatismo craniano leve (TCL) é mais comum do que se imagina e está presente em quedas domésticas, colisões de baixa velocidade, esportes recreativos e até batidas de cabeça sem grandes consequências aparentes.

O traumatismo craniano leve (TCL) é mais comum do que se imagina e está presente em quedas domésticas, colisões de baixa velocidade, esportes recreativos e até batidas de cabeça sem grandes consequências aparentes. Embora muitas vezes minimizado, esse tipo de trauma merece atenção: mesmo quando a pessoa não perde a consciência e não apresenta sinais imediatos de gravidade, o cérebro pode sofrer microlesões capazes de provocar sintomas dias ou até semanas depois do impacto.

Sintomas tardios que exigem atenção médica 

Após um traumatismo considerado leve, é comum que a pessoa retorne rapidamente às atividades, acreditando que nada aconteceu. Porém, alterações sutis podem surgir depois e funcionar como sinais de alerta. Entre os sintomas mais frequentes estão dor de cabeça persistente, tontura, visão embaçada, dificuldade de concentração, irritabilidade, problemas de memória, sensibilidade à luz ou ao barulho e sensação de lentidão para pensar.

Esses sintomas fazem parte da chamada síndrome da concussão – um conjunto de manifestações neurológicas temporárias que exigem avaliação de um neurocirurgião ou neurologista para afastar lesões mais profundas. Em crianças e idosos, o risco de evolução silenciosa é ainda maior, já que pequenos sangramentos podem passar despercebidos nas primeiras horas.

Consequências subestimadas na qualidade de vida

Mesmo quando os exames iniciais estão normais, o traumatismo craniano leve pode impactar tarefas simples do dia a dia. Muitas pessoas relatam dificuldade para trabalhar, aumento do cansaço mental, perda de produtividade e maior irritabilidade. A privação de sono, a ansiedade e a queda do desempenho escolar também são consequências comuns.

O cérebro, ao sofrer uma concussão, entra em um período de vulnerabilidade metabólica. Isso significa que novas pancadas – mesmo leves – podem ser mais perigosas nesse intervalo, especialmente para praticantes de esportes de contato. Em alguns casos, sintomas mal tratados podem evoluir para um quadro prolongado, chamado síndrome pós-concussional, que pode durar meses e comprometer profundamente o bem-estar.

Como tratar e prevenir complicações futuras

Diante de qualquer impacto na cabeça, o ideal é observar o paciente por 24 a 48 horas. Se houver sonolência excessiva, vômitos repetidos, piora progressiva da dor de cabeça, desorientação, fala arrastada ou qualquer alteração de comportamento, a busca por atendimento imediato é obrigatória.

O tratamento inicial do TCL envolve repouso físico e cognitivo – reduzir estímulos, evitar telas, limitar atividades que exigem grande concentração e dormir adequadamente. Em alguns casos, o neurocirurgião pode solicitar exames de imagem ou orientar terapias complementares, como fisioterapia para o equilíbrio ou reabilitação cognitiva.

A prevenção também tem papel essencial. O uso de capacete em atividades de risco, atenção redobrada ao dirigir, cuidados para evitar quedas em idosos e respeito às regras de segurança em esportes são medidas que podem evitar traumas mais graves. Além disso, praticantes de esportes de impacto devem seguir protocolos de retorno gradual às atividades após qualquer concussão.

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O traumatismo craniano leve não deve ser encarado como algo trivial. Mesmo sem sinais imediatos de gravidade, ele pode desencadear sintomas persistentes e comprometer funções essenciais do cérebro. Reconhecer os sinais, buscar avaliação especializada e respeitar o tempo de recuperação são passos fundamentais para garantir segurança, prevenir complicações e preservar a qualidade de vida.

Prof. Dr. Baltazar Leão – CRM-MG 44033 | RQE 31846
Neurocirurgião
Professor adjunto do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG
Doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais
Membro da Brazil Health





Com informações da fonte
https://jovempan.com.br/saude/pancada-na-cabeca-riscos-invisiveis-que-podem-surgir-dias-depois.html

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