A mais recente edição do “Extra Favelas”, realizada no dia 20 deste mês, levou à Cidade de Deus, na Zona Sudoeste do Rio, um relevante debate sobre juventude. A discussão abordou as dificuldades em que vivem os jovens das periferias e as barreiras que o potencial criativo das comunidades enfrenta no dia a dia.
O evento foi realizado no Ciep João Batista dos Santos e contou com a participação dos vereadores Salvino Oliveira (PSD) e Helena Vieira (PSD); de Rennan Leta, idealizador e fundador do Instituto Casa Favela; e de Marcello Andriotti, da ONG Favela Mundo. O painel foi mediado pela jornalista Roberta de Souza, repórter do Extra. O “Extra Favelas” é uma realização do Jornal Extra em parceria com a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O presidente da Casa, vereador Carlo Caiado (PSD), compareceu ao evento.
— O jovem da favela, aos poucos, foi conquistando muitos direitos, como o prouni, o reuni, a universalização do ensino, o avanço da educação municipal. Mas ainda assim há muito o que melhorar, principalmente para os jovens das comunidades. Esse jovem tem um recorte muito específico, que precisa ser olhado com atenção na construção de leis e políticas públicas na nossa cidade — comentou Salvino Oliveira, nascido e criado na Cidade de Deus.
Helena Vieira é presidente da Comissão Permanente da Defesa dos Diretos das Mulheres da Câmara. A vereadora defendeu a importância de iniciativas voltadas para as mulheres, na intenção de diminuir a desigualdade de gênero no acesso ao mercado de trabalho:
— Tudo na vida da mulher é diferente. A jovem tem sonhos, desejos, pressa. E precisamos estar ali, direcionando ações para que ela consiga conduzir sua vida, identificar o seu talento. Muitas me procuram pela dificuldade de conseguir o primeiro emprego, por conta do preconceito. É preciso direcionar políticas públicas assertivas para elas — defendeu.
Marcelo Andriotti acredita que é preciso fazer o jovem acreditar no seu próprio potencial. As iniciativas, de acordo com ele, devem ajudar homens e mulheres a encontrarem seus talentos e se tornarem protagonistas dos seus caminhos a partir da informação:
— É importante capacitar o jovem naquilo que ele gosta. Para isso, é fundamental transformar o ambiente escolar em ambiente de debate, fazer o jovem falar dos anseios e desejos com conversas. E fazer a informação chegara ele de uma maneira mais fácil e direta, com cursos e formações, é fundamental para ele se expressar e mostrar seu potencial.
Rennan Leta discutiu os desafios para que as soluções criadas por jovens moradores das favelas sejam reconhecidas e consigam se expandir dentro da comunidade e, depois, para fora dela. Na opinião dele, a falta de investimentos é o principal entrave para impulsionar iniciativas que impactem positivamente o dia a dia das periferias:
— Os jovens têm soluções para um milhão de problemas que enfrentam, mas, para colocá-las em prática, existe a barreira financeira. Muitos acreditam que o mundo do trabalho é somente a internet. Mostrar para eles outras opções e fazer eles entenderem que podem trabalhar com outros setores é um desafio, porque falta investimento. Romper a barreira de deixar de ser uma vendinha na rua para se tornar um estabelecimento maior dentro da favela, crescer, conseguir crédito é muito difícil. Muitas ideias surgem, tem muita inovação, mas tirá-las do papel e fazê-las chegar em outro estágio é complicado — argumentou.
Carlo Caiado ressaltou a importância de iniciativas públicas que valorizem o jovem:
— É necessário ter políticas públicas focadas na juventude, principalmente no que diz respeito a empregabilidade, inclusão social, esporte e cultura. Precisamos criar projetos que a prefeitura possa aplicar nas comunidades — concluiu.
