Oruam ataca carro da polícia e ameaça delegado que cumpria mandado contra adolescente infrator

Tempo de leitura: 7 min


Novas imagens de câmeras de segurança instaladas na rua onde mora o cantor Oruam, na Zona Oeste do Rio, registraram o momento em que o rapper ataca um carro descaracterizado da Polícia Civil, no dia 21 de julho. Nas gravações, ele aparece reunindo pedras, fazendo ameaças e golpeando ao menos quatro vezes o vidro do veículo. Dentro do carro estavam o delegado Moyses Santana, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), e outro policial, que aguardavam para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente infrator localizado na casa do artista.

  • ‘Só joguei pedras depois de ser ameaçado’: rapper Oruam se posiciona após Justiça determinar prisão preventiva do cantor
  • Adolescente infrator que estava na casa de Oruam vai cumprir sentença em semiliberdade, decide Justiça

Câmera de segurança mostra Oruam batendo no vidro do carro de delegado da Polícia Civil

As imagens mostram o momento em que amigos de Oruam são abordados e revistados por policiais, por volta das 23h20, em uma calçada em frente à casa do rapper. Pouco depois, ao tentarem deixar o local, com o adolescente no carro, o delegado Moisés Santana, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), e outro agente percebem que estão sendo apedrejados por Oruam e outras pessoas, que estavam na sacada da residência. Neste momento, o garoto, conhecido como Menor Piu, foge do carro.

A cena, registrada de outro ângulo por um vídeo gravado por um dos presentes, mostra o grupo arremessando pedras na direção do carro descaracterizado. Em resposta ao ataque, um dos policiais saca a pistola e aponta na direção dos agressores, numa tentativa de conter a investida.

“Vai matar nós? Dá tiro aí”, diz um dos amigos de Oruam.

Mais uma vez, o delegado e o policial entram no carro e tentam deixar o local, mas são novamente impedidos por uma nova sequência de pedradas. Em seguida, acabam cercados por Oruam e um grupo numeroso. Nas imagens, o rapper aparece acompanhado de pelo menos 17 pessoas, muitas com os cabelos tingidos de vermelho.

Oruam tira o casaco, fica sem camisa e avança em direção ao carro da Polícia Civil. Dois seguranças do cantor tentam conter a aproximação, segurando o artista e puxando-o pelo braço em diferentes momentos, mas não conseguem detê-lo. O rapper então se aproxima da janela do motorista e desfere vários golpes contra o vidro da viatura, além de ameaças de morte aos agentes.

No dia seguinte, Oruam disse, em nota, que se sentiu vítima de abuso de autoridade e que só atirou pedras na polícia depois que foi ameaçado com armas de fogo, incluindo fuzis. O músico questionou também o fato de a polícia ter entrado na casa dele por volta da meia-noite, fora dos horários de cumprimento de mandados judiciais, entre às 5 e 21h. Ainda acusou a polícia de preconceituosa. Segundo Oruam, os policiais também teriam rasgado e destruído pertences dele e da noiva.

”Apesar da invasão, nenhuma objeção ou suspeita foi encontrada, pois não havia motivo algum para tal ação. Além disso, durante a abordagem, meu produtor, que estava comigo, foi algemado de maneira arbitrária e sem justificativa plausível. Essa ação violenta e desproporcional, além de humilhante, gerou grande sofrimento emocional e físico para todos nós presentes”, escreveu o músico.

O GLOBO tentou contato com a defesa do cantor Oruam, que ainda não se manifestou sobre o caso.

Entenda a prisão de Oruam e a fuga do adolescente durante operação policial

O rapper Oruam — Foto: Reprodução
O rapper Oruam — Foto: Reprodução

A ação que terminou com a prisão do rapper Oruam teve início na noite de 21 de julho, quando policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) foram até a casa do cantor, no Joá, Zona Oeste do Rio, para cumprir um mandado de busca e apreensão contra um adolescente infrator conhecido como Menor Piu. O jovem, que integrava a chamada “Equipe do Ódio”, ligada ao Comando Vermelho, havia deixado de cumprir medidas socioeducativas em regime de semiliberdade. Ao ser colocado em uma das viaturas, o adolescente fugiu após o carro ser apedrejado por Oruam e outros presentes no imóvel.

  • Mapa do Crime revela os bairros mais perigosos do Rio: Centro, Grande Tijuca e Flamengo estão na lista de onde os roubos mais aumentaram

Na confusão, o adolescente escapou pela mata com amigos. Um dos envolvidos, Paulo Ricardo de Paula Silva de Moraes, o Boca Rica, foi preso em flagrante. Os vídeos gravados pelos próprios jovens foram usados pela DRE para embasar o inquérito que levou à expedição do mandado de prisão contra Oruam, que se entregou na quarta-feira e atualmente está detido em Bangu 8, na Zona Oeste. Se condenado, Oruam pode responder por ameaça, dano ao patrimônio público, desacato, resistência e associação ao tráfico — com penas que, somadas, podem ultrapassar 18 anos de prisão.

Menor Piu também se entregou, no dia 24, e voltou a cumprir medidas socioeducativas em regime de semiliberdade, conforme decisão da Justiça. Nas redes sociais, ele afirmou ter deixado o crime e estar investindo na carreira artística.

Na Guia de Execução de Medida, a juíza responsável justificou a decisão afirmando que não havia, em nome do adolescente, ordem para que ele ficasse internado em unidades socioeducativas:

“Inicialmente, cumpre assinalar que, após consulta aos sistemas, não foi localizada qualquer ordem de internação provisória vigente, tampouco outro mandado de busca e apreensão em desfavor do adolescente. Considerando o cumprimento do mandado, constata-se o interesse na continuidade do cumprimento da medida de semiliberdade, visto que não há elementos nos autos que demonstram a reintegração social do reeducando”.



Conteúdo Original

2025-07-29 11:35:00

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *