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O vídeo mostra o grupo escolhendo roupas, experimentando perfumes e separando pares de tênis dentro de uma residência invadida sem mandado judicial.
Em nota, a PM informou que a investigação conduzida pela Corregedoria foi concluída e encaminhada ao Ministério Público que atua na Auditoria da Justiça Militar. Os policiais, segundo a assessoria, estão afastados das atividades de policiamento externo e cumprem funções administrativas enquanto aguardam o andamento do processo.
Câmera corporal flagra PMs furtando itens de casa em comunidade
A Secretaria de Polícia Militar ressaltou ainda que não compactua nem tolera desvios de conduta, crimes ou abusos de autoridade cometidos por seus integrantes. O comunicado afirma que eventuais envolvidos são punidos com rigor quando constatadas as irregularidades.
Do ponto de vista jurídico, a conduta dos agentes pode ser enquadrada em diferentes crimes previstos no Código Penal. O principal deles é o peculato-furto, que ocorre quando servidores públicos se aproveitam da função para subtrair bens de terceiros.
Os policiais também podem responder, em tese, por violação de domicílio, já que entraram na casa sem autorização judicial, e sem situação de flagrante ou desastre que justificasse a medida. Além disso, há a possibilidade de responsabilização por abuso de autoridade, crime tipificado na Lei 13.869 de 2019.
Outra conduta passível de punição é a prevaricação, que se configura quando o servidor público deixa de cumprir seu dever legal para satisfazer interesse pessoal. Como agiram em conjunto, os militares ainda podem ser enquadrados por associação criminosa.
O episódio também envolve falsidade ideológica por omissão, já que um dos agentes negou aos moradores que estivesse gravando a ação, embora a câmera corporal estivesse em funcionamento. As imagens acabaram se transformando na principal prova contra o grupo.
As cenas revelam os policiais agindo como se estivessem em uma loja de departamento, escolhendo peças de roupa, borrifando perfumes importados no pulso e discutindo sobre tênis de grife, especialmente modelos Nike Shox. Em certo momento, um deles chega a pedir que, caso fosse encontrado um videogame, a mochila fosse esvaziada para levar o aparelho.
A operação tinha como alvo a chamada “caixinha” do Comando Vermelho, estrutura financeira usada pela facção criminosa para abastecer o tráfico. Um dos principais nomes ligados ao esquema era o traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, considerado fornecedor de armas do grupo.
O caso escancarou mais uma vez a crise de credibilidade das forças de segurança no Alemão, uma das maiores comunidades do Rio. A favela, que já foi palco de uma ocupação policial e militar em 2010 com a promessa de pacificação, voltou a conviver com a violência cotidiana e agora encara a revelação de que até tropas de elite, como o Bope, se envolveram em crimes comuns durante operações ostensivas.