O Brasil deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama em 2025, segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O que exige uma redobrada atenção das cidades, sobretudo no primeiro atendimento. No segundo dia da série de reportagens que trata da saúde da mulher, duas cidades bem distintas, mas com avanços similares. Maricá zerou a fila de mamografias, mais de 13 mil exames foram realizados em 2025 com reforço da rede pública e unidades móveis; pacientes relatam importância do diagnóstico precoce e do acolhimento na atenção básica. Ao passo que Itaguaí vem adotando ações de prevenção, cuidado e solidariedade, reforçando as campanhas, além de exames gratuitos, apoio às pacientes e até doações de lenços.
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Maricá: zero fila de mamografias com ampliação de serviços e atendimentos itinerantes
Sandra Yuri, paciente em tratamento contra o câncer de colo do útero, em Maricá
Thamyris Mello
“No começo, é muito difícil. A gente realmente leva um susto com a notícia. Mas recebi todo o acompanhamento necessário com médicos, enfermeiros e psicólogos na Unidade de Saúde da Família (USF). Além disso, o apoio da minha família, especialmente dos meus filhos e do meu marido, me dá força para enfrentar tudo isso e seguir em frente”.
O desabafo é da dona de casa Sandra Yuri, moradora de Maricá, que está em tratamento contra o câncer de colo do útero. A história dela é uma entre tantas que mostram como a prevenção e a ampliação dos serviços de saúde fazem a diferença na vida das mulheres.
Neste Outubro Rosa – movimento global que conscientiza sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama e, mais recentemente, também câncer de colo do útero -, o município conseguiu zerar fila de espera por mamografias na rede pública de saúde. Isso só foi possível graças à oferta de serviços, exames preventivos e unidades móveis.
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É essencial que as mulheres procurem as Unidades de Saúde da Família para o primeiro atendimento
Clarildo Menezes
De janeiro a setembro de 2025, mais de 13 mil mamografias foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Maricá – uma média de 1.400 por mês. No começo do ano, a realidade era outra: mais de duas mil mulheres aguardavam na fila pelo exame. Com o funcionamento do mamógrafo do Centro de Diagnóstico e Tratamento (CDT) e o credenciamento de clínicas parceiras, o município agilizou o atendimento e eliminou totalmente a fila de espera.
Tudo começa nas Unidades de Saúde da Família (USFs), onde as mulheres passam pela primeira consulta, recebem o pedido médico e são encaminhadas para a Central de Regulação, que organiza os exames conforme a prioridade de cada caso.
Para a médica e assessora técnica de Saúde da Mulher, Claudia de Lima, o primeiro atendimento vai muito além da técnica.
“É essencial que as mulheres procurem as Unidades de Saúde da Família para o primeiro atendimento e recebam o acolhimento necessário desde o início do cuidado. O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e garantir o tratamento mais eficaz do câncer de mama. E isso vale também para as lesões precursoras do câncer de útero. Essa integração fortalece a atenção à saúde da mulher e reafirma o comprometimento da rede de saúde municipal com a prevenção e o cuidado humanizado”, destaca.
Itaguaí abraça o Outubro Rosa com ações de prevenção, cuidado e solidariedade
Itaguaí, mamógrafo
Divulgação
“Quando o diagnóstico chega, vêm junto o medo, a insegurança, o pavor da partida.” A frase de Amanda Siqueira, moradora de Itaguaí diagnosticada com câncer de mama há quatro anos, traduz o drama de milhares de mulheres no enfrentamento da doença. Segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama em 2025.
Somado a outros depoimentos de pacientes e profissionais de saúde, o relato de Amanda integra um vídeo publicado nas redes sociais da prefeitura, como parte do conjunto de ações voltadas à conscientização e prevenção do câncer de mama no município. Além da campanha, a prefeitura tem promovido palestras, orientações e exames gratuitos.
— Esses depoimentos reforçam a importância da prevenção e do cuidado integral à saúde da mulher, temas centrais do Outubro Rosa — afirma a secretária da Mulher de Itaguaí, Elisa Giovanna.
Dados recentes do Ministério da Saúde e do Inca revelam que, em 2023, foram mais de 20 mil óbitos em decorrência do câncer de mama, com maior concentração nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste — Santa Catarina lidera o índice nacional, com 74,79 casos por 100 mil mulheres. O levantamento também aponta tendência de redução da mortalidade entre mulheres de 40 a 49 anos, reforçando a importância do diagnóstico precoce. “Fui diagnosticada no tempo certo, graças à infraestrutura da rede de saúde municipal, e tive o apoio de toda a equipe de enfermagem. Fiz todos os exames no Hospital São Francisco e tive o suporte necessário. Isso é essencial para quem passa por um câncer, porque a gente fica sem chão”, afirmou Bárbara Cristina, outra moradora da cidade.
Entre as principais iniciativas da Secretaria Municipal de Saúde de Itaguaí estão o rastreamento e a prevenção do câncer de mama e do colo do útero, com a realização de exames de Papanicolau, avaliação clínica das mamas, solicitação de mamografia e ultrassonografia. O município dispõe de um mamógrafo próprio na Unidade Vila Geny, onde as pacientes são acompanhadas por mastologista e encaminhadas para o tratamento adequado. O atendimento especializado também é oferecido no Centro Municipal de Especialidades Médicas (CEMES), mediante agendamento nas unidades de saúde via SISREG Municipal.
Além das falas de pacientes que já vivenciaram a doença e de profissionais que acompanham os casos, os vídeos da campanha promovida pela Secretaria de Saúde contém informações sobre os sinais da doença e os locais de atendimento. “As mulheres que apresentem sintomas ou estejam na faixa etária indicada devem procurar a unidade de Estratégia de Saúde da Família mais próxima. Serão atendidas por profissionais qualificados e encaminhadas para os exames necessários”, explica Viviane Gomes, enfermeira do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (PAISMCA).
As ações da Prefeitura de Itaguaí também abrangem o planejamento reprodutivo, com reuniões educativas nas unidades da ESF sobre sexualidade e métodos contraceptivos, além da oferta de DIU, vasectomia e laqueadura. O município anunciou ainda a futura disponibilização do implante subdérmico (Implanon), fornecido pelo Ministério da Saúde, e o Kit Cegonhão, que incentiva o acompanhamento pré-natal e contribui para a redução da mortalidade materno-infantil. Outra ação foi a campanha Lenço Solidário – Outubro Rosa, organizada pela Secretaria de Assistência Social, em parceria com a Secretaria da Mulher. A campanha incentiva a doação de lenços para mulheres em tratamento oncológico.
A programação do Outubro Rosa em Itaguaí incluiu ainda a Corrida e Caminhada Mulheres em Ação – Outubro Rosa, evento que reuniu energia e inspiração em torno da conscientização sobre o câncer de mama.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/rio/cidades/marica/noticia/2025/10/o-que-vem-depois-do-diagnostico-itaguai-e-marica-ensinam-licoes-de-prevencao-na-segunda-reportagem-da-serie-sobre-outubro-rosa.ghtml
O que vem depois do diagnóstico: Itaguaí e Maricá ensinam lições de prevenção na segunda reportagem da série sobre Outubro Rosa
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