Após novos questionamentos do Banco Central (BC), Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, deve ser retirado do grupo de controle do conglomerado que vai surgir se o negócio com o estatal BRB for fechado.
A permanência de Vorcaro no controle causava desconforto no mercado e dentro do próprio BC, porque era considerada uma espécie de “premiação” à conduta do executivo à frente da instituição.
O novo formato da operação foi comunicado ao BC nesta segunda-feira. A informação foi revelada pelo Valor Econômico e confirmada pela reportagem com fontes a par da negociação. Procurados, as instituições financeiras não se manifestaram. Como mostrou O GLOBO, na semana passada, o regulador havia pedido novos ajustes mas contas ao BRB e ao Master.
No início de julho, as partes informaram nova redução no perímetro do negócio ao BC. Foram retirados R$ 48 bilhões de ativos. Antes, R$ 33 bilhões estavam fora da operação.
Assim, o negócio deve contar com R$ 25 bilhões. Com a nova redução, a qualidade do negócio em termos de viabilidade econômica deve aumentar e expectativa é que o BC conclua a análise em breve.
Quanto mais amplo o perímetro, pior a qualidade dos ativos, disse uma das pessoas envolvidas nas tratativas. Foram retirados, por exemplo, precatórios e participações em empresas em dificuldades.
Há cerca de um mês, o BC já havia questionado os dois bancos por inconsistências nas operações de compra de carteira de crédito consignado entre eles no fim de 2024. No ano passado, o BRB comprou cerca de R$ 8 bilhões em carteiras de crédito do banco liderado por Vorcaro, em uma espécie de primeiro passo na relação entre as duas instituições financeiras.
Nesta terça, a colunista do GLOBO Malu Gaspar mostrou que Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, não só é contra a operação — como informou no domingo o colunista Lauro Jardim — como vem defendendo uma intervenção no Master, em razão de irregularidades constatadas pelo grupo de trabalho interno que escrutina os termos do negócio e a saúde financeira dos dois bancos. O BC não se manifestou sobre essa posição.
A operação entre os dois bancos está envolta em polêmicas, já que o banco adotava estratégia que se baseava em captações via CDBs com retornos bastante acima da média do mercado, com a salvaguarda do Fundo Garantidor de Créditos. Por outro lado, os ativos para fazer frente a esses compromissos são em parte ilíquidos, como os precatórios e a participação em empresas em crise.
Nesse caso, se o Master entrasse em crise, o FGC, que é formado com contribuições das instituições financeiras associadas, teria de arcar com um volume relevante de ressarcimento para pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil de pessoas físicas.
Segundo o balanço de 2024, o Master tinha R$ 12,4 bilhões de CDBs a vencer até o fim deste ano, contra um ativo total para o mesmo período de R$ 18,3 bilhões.