Uma pesquisa feita pela consultoria Provokers — a pedido do Grupo L’Oréal no Brasil — revelou que, apesar de as mulheres serem maioria nos salões de beleza do país (62% do total de trabalhadores do setor), elas ainda ganham 19% menos do que os homens que desempenham a mesma atividade. A pesquisa foi realizada em duas etapas, com mil entrevistas feitas em 400 cidades.
O estudo inédito “Na raiz do PRO – Um retrato do brilho, das conquistas e dos anseios dos profissionais cabeleireiros” apontou ainda que os profissionais brancos recebem 21% mais do que os negros. Quando o recorte considera a orientação sexual, os heterossexuais têm renda 23% superior à dos homossexuais.
Rendimento
Ainda segundo a pesquisa, o ganho médio de um trabalhador formal de salão de beleza é de R$ 5.950. O valor está acima da média nacional per capita (por pessoa) no Brasil, que é de R$ 2.069, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa também revelou que muitos cabeleireiros acabam se tornando donos do próprio salão, como uma renda média de R$ 11.200. Já os trabalhadores autônomos ganham R$ 4.950 por mês, em média.
 A maioria (87%) diz que pretende continuar na carreira. Mas, para isso, é preciso fazer cursos de qualificação, aponta a categoria. Até por isso, 74% dos entrevistados dizem ter procurado formação na área antes de começar a trabalhar.
Perfil
Das mulheres que trabalham no setor, 52% são pretas ou pardas, e15% dos profissionais são LGBTQIAP+, o que representa um numero 2,5 vezes maior em relação à participação desse grupo dentro da população em geral.
“A desigualdade salarial ainda é uma realidade que atravessa a nossa profissão e, infelizmente, reflete desigualdades que vêm de muito antes do salão”, resume a hairstylist Vivi Siqueira, acrescentando: “Homens ganham mais que mulheres, brancos mais que pessoas negras. E isso precisa mudar”.
A cabeleireira Leyla Maciel confirma a percepção de que a desigualdade no setor ainda é grande.
“Já notei que as mulheres brancas ganham mais porque, muitas vezes, conseguem ter acesso a uma educação melhor. Por isso, estou sempre tentando buscar nova formação, embora seja difícil ter tempo, dinheiro e achar o lugar certo”, diz.
Para Joana Fleury, diretora da Divisão L’Oréal Produtos Profissionais do Grupo L’Oréal no Brasil, os dados da pesquisa são um reflexo de um problema muito maior, que é a desigualdade estrutural no país.
 “O desafio da igualdade salarial é estrutural e vai além do setor da beleza. Ele reflete desigualdades históricas de gênero, raça e orientação sexual que ainda estão muito presentes na sociedade brasileira”, conclui.
Leyla Maciel, cabeleireira de um salão na Tijuca, na Zona Norte do Rio, lembra que a profissão permite ganhos maiores que a média, mas é preciso correr atrás de melhores oportunidades
— Já notei que as mulheres brancas ganham mais porque, muitas vezes, conseguem ter acesso a uma educação melhor. Por isso, estou sempre tentando buscar nova formação, embora seja difícil ter tempo, dinheiro e achar o lugar certo.
Embora o setor movimente mais de R$ 130 bilhões por ano e conte com mais de 1,3 milhão de MEIs ativos, a profissão ainda carece de regulamentação. Hoje, não existe um curso superior nem técnico em cabeleireiro.
Com isso, são as próprias empresas do setor que acabam formando os profissionais — desde redes de salão até fabricantes de tinturas. Para Joana,   é preciso firmar um pacto setorial pela formalização da educação de base.
—  Sempre fazemos um comparativo com a gastronomia, setor que também tinha muita informalidade, mas que evoluiu,  e hoje temos, inclusive, escolas internacionais atuando no Brasil e uma profissão valorizada pela sociedade em geral. A profissão de cabeleireiro reúne mais de 850 mil profissionais no Brasil. A informalidade, em parte, está ligada à ausência de uma formação técnica formal e à facilidade de entrada no mercado, que, embora democrática, dificulta a criação de parâmetros claros de remuneração e benefícios— comenta Joana.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/economia/emprego/noticia/2025/11/mulheres-sao-maioria-nos-saloes-de-beleza-mas-ainda-ganham-19percent-menos-que-os-homens-revela-pesquisa.ghtml
