O deputado Flávio Serafini (Psol) acionou o Ministério Público Federal (MPF) para investigar a exposição do Rioprevidência ao Banco Master, liquidado pelo Banco Central nesta terça-feira (18). Segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) citados na representação, o fundo tinha R$ 2,618 bilhões aplicados no conglomerado até julho — mais de um quarto de seus investimentos.
Com a liquidação, parte desses recursos pode enfrentar dificuldade de recuperação.
R$ 2,6 bilhões de fundos da previdência foram investidos no Banco Master apesar de alertas públicos
O deputado afirma que a direção do fundo de previdência “ignorou alertas públicos e oficiais” sobre riscos de crédito e concentração, mantendo ou ampliando posições mesmo quando grandes bancos já haviam reduzido a exposição ao Master.
A peça enviada ao MPF destaca ainda que o Rioprevidência se tornou único cotista de fundos de investimento caros e de baixo desempenho, com rendimento inferior ao CDI e até à poupança. Há também menção à aplicação em fundos sem histórico.
O TCE também identificou problemas na forma como o Rioprevidência aplicou seus recursos. Segundo o tribunal, o fundo excedeu o limite de concentração permitido em um único emissor ao direcionar parcela muito elevada das aplicações para o Banco Master e veículos ligados ao grupo.
A auditoria apontou ainda o uso inadequado do Fundo Administrativo em investimentos de longo prazo — algo proibido, já que essa conta deve cobrir despesas operacionais do órgão — e falhas de transparência, como ausência, atraso de informações e autorizações de aplicação e resgate com dados incompletos.
Deputado aponta três culpados pela gestão temerária
Serafini pede que o MPF investigue possível gestão temerária por parte do diretor-presidente do Rioprevidência Deivis Marcon Antunes e do ex-diretor de Investimentos Euchério Lerner Rodrigues, além de apurar eventual favorecimento ao grupo do empresário Daniel Vorcaro, dono do Master, que foi preso nesta terça.
O deputado solicitou, entre 26 pedidos listados no documento, a abertura de procedimento criminal e a requisição de inquérito da Polícia Federal do Bacen e da Receita Federal. Ele também pede:
- quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático dos envolvidos;
- auditoria financeira e atuarial independente;
- bloqueio de bens;
- afastamento cautelar de gestores;
- rastreamento de fluxos financeiros ligados ao Master e a fundos como o Texas I FIA.
TCE já havia proibido novas aplicações no Master
A representação lembra que o TCE já determinou a proibição de novos investimentos do Rioprevidência no conglomerado e sugeriu ao governo avaliar intervenção na gestão do fundo, diante da “fragilidade das decisões e da falta de respostas adequadas” aos órgãos de controle.
