Um relatório interno da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil do Rio de Janeiro entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira, mostrou que durante a operação “Contenção”, realizada no último dia 28 de outubro, estavam previstas 62 câmeras corporais para registrar a atuação dos agentes, mas metade delas ficou inoperante devido a problemas técnicos.
Segundo o documento, apenas um quarto dos policiais teve registro completo: dos 60 agentes que utilizaram câmeras, muitos enfrentaram dificuldades para retirar os equipamentos no início da operação. A coordenadoria relata que, após acionamento técnico junto à empresa L8, constatou-se que uma das docas — estação de carregamento e armazenamento — apresentava falha, deixando 32 câmeras fora de uso.
O material entregue ao STF faz parte de uma exigência feita por Moraes, que é o relator temporário da ADPF das Favelas. Na semana passada, o ministro havia determinado que o governo do Rio entregasse uma série de documentos a respeito da operação megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em mais de 120 mortos.
De acordo com o relatório da CORE, apesar das falhas todas as imagens captadas foram classificadas como “EVIDÊNCIA”, garantindo preservação conforme contrato. O material também detalha que dois servidores precisaram trocar de equipamento durante a ação, o que indica improviso para manter parte do registro.
O relatório também menciona dificuldades enfrentadas por policiais para retirar os equipamentos devido à instabilidade do sistema, o que motivou a abertura de chamado técnico.
Na semana passada, o coordenador da Core, delegado Fabrício Oliveira, havia dito em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que menos da metade dos integrantes da unidade de elite da Polícia Civil que participaram da megaoperação estava usando câmeras corporais. Estavam presentes 128 agentes, mas apenas 57 estavam com o equipamento.
De acordo com Oliveira, a Core tem cem câmeras disponíveis, mas houve um problema na liberação dos equipamentos, que deixou ao menos 32 indisponíveis. “A gente teve 57 policiais com câmeras e 32 a própria empresa disse que, no dia, estavam indisponíveis por um problema deles, da empresa”, afirmou o coordenador, no depoimento.
