Em uma ofensiva sem precedentes, a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (16) a Operação São Francisco, considerada a maior ação já realizada no país contra o tráfico de animais silvestres, armas e munições. Com apoio de mais de mil agentes e dezenas de instituições, a força-tarefa cumpre 45 mandados de prisão preventiva e 275 de busca e apreensão em todas as regiões do estado, além de São Paulo e Minas Gerais.
“Estamos diante de uma quadrilha que destrói nossa fauna e alimenta a violência urbana. O Rio de Janeiro não recuará diante do crime organizado”, declarou o governador Cláudio Castro.
Até a publicação desta matéria, 17 mandados de prisão foram cumpridos. Na comunidade da Mangueira, Zona Norte do Rio, equipes foram recebidas a tiros.
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Tráfico cruel e estruturado
A investigação, conduzida pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), revelou uma quadrilha altamente organizada, com núcleos especializados em caça, transporte, falsificação de documentos e venda de armamentos. Animais eram capturados em áreas de preservação como a Floresta da Tijuca e o Horto, dopados e vendidos em feiras clandestinas ligadas ao tráfico de drogas, como as da Pavuna e Duque de Caxias.
Estrutura da quadrilha
A organização criminosa operava com:
– Caçadores (mateiros): responsáveis pela captura em larga escala
– Atravessadores: encarregados do transporte cruel até os centros urbanos
– Falsificadores: criadores de selos, chips e documentos falsos para “esquentar” os animais
– Núcleo de armas: fornecedor de munições e armamento pesado
– Consumidores finais: compradores que alimentavam o mercado ilegal
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Base de apoio e reabilitação
Na Cidade da Polícia, foi montada uma base para receber os animais resgatados. Eles passam por atendimento veterinário voluntário e avaliação pericial antes de serem encaminhados a centros de triagem para possível reintrodução na natureza.
Declarações oficiais
“Essa operação é uma resposta contundente ao extermínio silencioso da biodiversidade brasileira. O tráfico de animais é um corredor da morte”, afirmou o secretário de Meio Ambiente, Bernardo Rossi.
“Comprovamos a ligação direta entre essa organização e facções criminosas que ameaçam diariamente a liberdade da população”, reforçou o delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil.
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Apoio institucional
A operação conta com o suporte do Ministério Público (Gaema/MPRJ), Inea, Polícia Federal, PRF, Ibama, além de diversas delegacias especializadas e da Subsecretaria de Inteligência.
A Operação São Francisco marca um divisor de águas no combate ao tráfico de fauna no Brasil, revelando não apenas a brutalidade do comércio ilegal de animais, mas também sua íntima conexão com o crime organizado e o tráfico de armas.