Master: ressarcimento de clientes pode consumir um terço do fundo e deve ser rápido, afirma presidente do FGC

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A liquidação extrajudicial do Banco Master e de outras empresas do grupo pelo Banco Central (BC) pode levar a desembolsos de R$ 48 bilhões, segundo o diretor-presidente do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). A primeira estimativa divulgada, de R$ 41 bilhões, explicou ele, é referente apenas às aplicações com garantias das instituições do conglomerado do banqueiro Daniel Vorcaro já liquidadas: Master, Master Investimentos e Letsbank. O FGC é uma entidade privada composta pelos bancos do país que tem como principal objetivo proteger os clientes em caso de quebra de uma instituição financeira.
— Existe outra parte do conglomerado em RAET (Regime de Administração Especial Temporária). E não sabemos o que vai acontecer — afirmou o executivo em entrevista ao GLOBO, referindo-se ao regime imposto ao Banco Master Múltiplo, que está sob o regime especial do BC por 120 dias. — Se ele for liquidado, adicionamos mais R$ 6 bilhões, R$ 7 bilhões de reais na conta.
O FGC é custeado por contribuições mensais dos bancos associados. Daí a crise do Master despertar preocupação entre os outros bancos do país.
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Mais cedo, o FGC afirmou que deve ressarcir cerca de 1,6 milhão de credores que detinham CDBs e outros investimentos com garantia do fundo em até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. Segundo Lima, a cifra de R$ 41 bilhões equivale a cerca de 30% do patrimônio atual do FGC, de R$ 122 bilhões em reservas.
Ele afastou preocupações sobre a capacidade do fundo de honrar os depósitos e investimentos elegíveis do Master, dizendo que uma fatia de “30% é super administrável pelo fundo, que tem reservas robustas”.
Este será o maior desembolso da história de ressarcimentos do FGC, criado na década de 1990. Segundo Lima, o fundo hoje é muito mais robusto do que, por exemplo, na crise do banco paranaense Bamerindus, em 1997:
— Há um paralelo impreciso, que é o Bamerindus, mas são realidades muito diferentes. Lá atrás, quando ele foi liquidado, não havia reservas, o FGC tinha acabado de ser criado. Teve que pegar um empréstimo com o Banco Central, depois ressarcir o BC. São realidades históricas diferentes.
Prazo depende do liquidante
De acordo com o diretor-presidente do FGC, o pagamento é realizado de forma rápida, mas depende do nível de informações que o liquidante (o administrador que vai encerrar as atividades do banco) do Master nomeado pelo Banco Central terá ao lidar com os dados das instituições liquidadas. O repasse das informações ao FGC pode levar cerca de 30 dias.
— Quando recebemos (os dados), começamos a pagar em dois dias. O grande determinante do prazo para pagamento é o tempo que vai levar para compilar a lista (dos credores). O liquidante precisa chegar aos arquivos lá dentro (da instituição liquidada) e recepcionar arquivos das registradoras. Há muito trabalho envolvido. Quanto mais organizado estiver o banco de dados, mais rápido — afirma.
Justamente por conta dessa incerteza, Lima não crava um prazo para que os clientes recebam o ressarcimento dos investimentos aplicados no Master que são cobertos pelo FGC:
— Não há como estimar prazo. Trinta dias foi a média das últimas liquidações dos últimos anos. Se tudo acontecer em linha com os últimos anos, trinta dias. Se tiver mais complicado, vai demorar mais tempo. Mais simples, menos tempo — ele disse.
A transferência do ressarcimento, afirma Lima, será realizada por um sistema próprio, de grandes transações, e que se assemelha ao TED (Transferência Eletrônica Disponível). Só será possível realizar o cadastro de contas do mesmo CPF do titular do investimento. Não será disponibilizada a possibilidade de transferências via Pix.
Discussões de remodelagem
Questionado se o FGC prepara alguma discussão para remodelar o modelo de aportes de bancos privados para a formação de suas reservas e de uso das garantias, Lima disse que a dedicação atual da instituição é garantir os pagamentos dos atingidos pelos problemas do Master, mas afirmou que estudos para uma eventual mudança acontecerá após a fase de pagamentos:
— A gente vai começar a coletar mais dados, faremos nossos estudos e, de acordo com os resultados, vamos abrir discussões com a indústria, associadas, Banco Central, e eventualmente levar um plano de ação para o Conselho Monetário Nacional — afirmou. — No momento, nos concentramos em pagamento de garantia para sermos eficientes. E depois começamos estudar para melhorar, tanto em regulamentação quanto em reparametrização do sistema.
Lima acrescentou que não há prazo para que esta fase seja iniciada:
— Esse é um segundo momento, mas, passada essa fase intensa de pagamento de garantias, em um, dois meses, já começamos as discussões para o plano de ação.
O diretor-presidente da instituição lembrou ainda que o FGC, que completou 30 anos no último sábado, já fez parte de outros 40 processos de liquidações, entre bancos e financeiras. Para ele, a atuação do fundo renova a segurança que dá ao mercado financeiro no país:
— Já fizemos pagamento de 40 processos de liquidações de bancos e financeiras com todo sucesso, pagando todos que tinham que ser pagos. Estamos indo para o 41° episódio e achamos que vamos corresponder às expectativas, mostrando mais uma vez que o mecanismo funciona.



Com informações da fonte
https://extra.globo.com/economia/noticia/2025/11/master-ressarcimento-de-clientes-pode-consumir-um-terco-do-fundo-afirma-presidente-do-fgc.ghtml

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