O segredo está guardado a sete chaves. Se na versão de 1988 o crime foi cometido por Leila (Cássia Kiss), a autora de “Vale tudo” Manuela Dias não conta para ninguém quem vai matar Odete Roitman (Débora Bloch) desta vez. Nem para a terapeuta! A insistência para saber quem é anda grande até dentro de casa.
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— Minha filha (Helena), de nove anos, pediu outro dia: “fala só para mim, mamãe”. E eu: “Não posso, amor” (risos). Acho que vamos precisar gravar cinco versões da morte de Odete, editar as cinco e só na hora vou pedir para a emissora apertar o botão de qual vai valer. O vazamento de informações anda punk — afirmou uma bem-humorada Manuela, durante palestra na Casa República, na Festa Literária de Paraty (Flip), em Paraty, no último fim de semana.
Ainda assim, a novelista, de 48 anos, está disposta a driblar os responsáveis por spoilers, sempre com a intenção de causar surpresas no público.
— É que depois que Odete morrer, ainda acontecerão muitas outras coisas. Eu vou enganar vocês — avisa, ponderando para logo alertar: — Mas spoiler não estraga tanto, né? A gente sabe tudo e continua querendo ver como é. Só saibam que eu vou matar. Sou uma serial killer. Eu sou conhecida como roteirista que mata personagens (risos). E é uma delícia, pra falar a verdade!
A cena da morte de Odete Roitman (Beatriz Segall) na primeira versão de “Vale tudo”
Reprodução/TV Globo
Ao frisar que o destino trágico da grande vilã vai se repetir, a dramaturga, de alguma forma, não deixa passar batido o fato de sofrer críticas pelas alterações que tem feito na trama.
— Se eu não matar Odete, vocês ficarão decepcionados. Se eu matar, ficarão decepcionados também. Não tem saída — destaca.
O fato de a grande vilã da história, vivida por Débora Bloch, ter conquistado a simpatia de parte do público, parece não ser um problema para Manuela. Muito pelo contrário! Se quisesse, ela teria outras possibilidades de desfecho.
Odete Roitman (Debora Bloch) em ‘Vale tudo’
Fábio Rocha/Rede Globo
— Ator bom é como casa própria. Você pode derrubar parede, trocar porta de lugar, tudo dá certo. E ator ruim é apartamento alugado, qualquer mudança custa caro — compara, detalhando como funciona no dia a dia: — Comigo é uma coisa memeio Darwinista. Ator bom vai falando, e o ruim vai ficando mudo. Nos meus textos, não coloco indicação de nada: se o personagem está triste, feliz, se ele mente. E temos um combinado de que eles não podem mexer no texto, mas podem falar do jeito que quiserem. Eu estou com um elenco tão genial, que eles conseguem se apropriar do texto sem mudá-lo. É a parceria mais maravilhosa do mundo.
A baiana assume que já esperava receber comentários diversos ao adaptar um clássico de Gilberto Braga. Mas seguir fiel às próprias ideias é, segundo ela, o jeito mais saudável de encarar um trabalho como este:
Manuela Dias, autora do remake de ‘Vale tudo’
Reprodução/Instagram
— Quando você faz uma adaptação, você precisa admirar muito o original. Porque a gente se dedica por anos ao mesmo trabalho. Então, precisa ser algo que instigue. Eu estou há três anos trabalhando na novela. Dando sequência a isso, você precisa profanar. Se não for assim, você não consegue chegar perto do material para transformá-lo.
Manuela Dias tem nova novela após “Vale tudo”
A novela está prevista para chegar ao fim no dia 19 de outubro. Manuela Dias quer tirar merecidas férias, porém logo voltará ao batente. É que antes de assumir o remake, a autora teve uma novela inédita aprovada pela Globo.
Autora do remake de Vale tudo, Manuela Dias dá palestra na Casa República na Flip 2025
Douglas Schneidr/Divulgação
— Eu entreguei a sinopse, mas já mudei tudo. As pessoas não podem reclamar que eu mexo na do Gilberto (Braga), porque eu mudo até a minha novela mesmo.
A experiência em “Vale tudo’’ teria inspirado alguma alteração? Ela não afirma que sim, mas reflete:
— Não sei. Acho que foi por uma música que ouvi. É que tudo me inspira. Uma comida crocante, essa palestra, minha filha… “Amor de mãe” (2019) nasceu quando eu virei mãe. Eu tinha levado outra sinopse para o Silvio de Abreu (diretor de teledramaturgia da Globo entre 2014 e 2020), mas pedi para ele esquecer tudo e ver esta.
De todo jeito, fortes emoções estão garantidas.
— Quando escrevo, eu quero tocar as pessoas. Outro dia, era 7h30 e estava chorando, minha filha acordou, perguntou o que estava acontecendo e era eu lamentando que um personagem estava com câncer (risos). É muito mágico escrever algo, passar por 200 pessoas naquelas gravações e tocar o coração de quem assiste.
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Manuela Dias
Jorge Bispo
Conteúdo Original
Manuela Dias esconde assassino de Odete Roitman até da filha e brinca: 'Vamos gravar cinco versões'
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