O presidente Lula (PT) foi recebido como pop star no evento em comemoração ao Dia dos Professores, nesta quarta-feira (15), na Barra, onde foi anunciada a criação da Carteira Nacional Docente do Brasil e investimentos no programa Mais Professores.
De camisa “vermelho PT” para fora da calça, discurso inflamadíssimo e em tom de campanha, foi ovacionado do início ao fim do evento, abraçou Eduardo Paes (PSD) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (REP-PB), o presidente deixou de lado o estilo “paz e amor” e atacou ferozmente os adversários.
“No dia que vocês acharem que o Lula não presta e que o Eduardo Paes não presta, não votem. Mas não votem em piores que nós. Não dá é para num estado politizado como Rio vocês escolherem um ex- governador que era juiz picareta, não fez porra nenhuma e se meteu em corrupção”, metralhou Lula. “os mentirosos vão todos para a casa do cacete no ano que vem. Não dá para votar em quem nega vacina e em quem coloca no ministério da Saúde quem não entende porra nenhuma de Saúde”, continuou.
Tudo bem que o presidente estava jogando em casa, com os professores fãs do PT e da esquerda. Mas o frenesi foi tanto, que ele mandou os protocolos às favas e se atirou no meio da plateia, onde ficou por mais de uma hora tirando fotos, fazendo vídeos, distribuindo beijos e abraços.
Paes anuncia reajuste e pagamento do acordo de resultados
O mesmo não aconteceu com Paes. O prefeito foi anunciado pelo cerimonial juntamente com o presidente Lula; o ministro da Educação, Camilo Santana; e o presidente da Câmara, Hugo Motta.
A plateia se dividiu entre vaias e aplausos.
O prefeito — que não é exatamente um queridinho da categoria desde que mudou o tempo da hora-aula da rede municipal, no ano passado — rapidamente pegou o microfone, e numa tentativa de acalmar a turba, divulgou o reajuste do salário dos professores, o pagamento do acordo de resultados, e ainda fez um afago à deputada federal Benedita da Silva (PT), anunciada por Paes como “senadora Benedita”, assumindo pela primeira vez o apoio público à candidatura da moça ao Senado.
Deu parcialmente certo.
Os aplausos suplantaram as vaias. Benedita, que também foi muito aplaudida ao ter o nome anunciado, foi novamente exaltada pela plateia, ocupando o pódio da popularidade ao lado do presidente Lula e de Marcelo Freixo, e mostrando que, pelo menos com o pessoal da Educação, está bem na fita para 2026.
A secretária estadual de Educação, Roberta Barreto, também ganhou a sua cota de rejeição. O coleguinha municipal Renan Ferreirinha, porém, passou ileso.
Ex-aluno da rede pública, escapou das vaias e foi aplaudido após um emocionado discurso.
Outros representantes do governo em Brasília também foram aplaudidos pelos professores. Nada comparado a Benedita e Freixo, mas os deputados Lindbergh Farias (PT) e Talíria Petrone (PSOL), e a ministra Anielle Franco (PT) mostraram prestígio com turma. O ministro Camilo Santana, com um discurso afiado e entusiasmado ao anunciar as novidades para os profissionais de Educação, foi muito aplaudido.
Camilo aproveitou a euforia e a popularidade para chamar Motta ao microfone. Aí a casa caiu. O presidente da Câmara foi recebido com vaias e gritos de “sem anistia”. Lula rapidamente se levantou da cadeira e se colocou ao lado de Motta num claro gesto para que a plateia respeitasse o moço. E não poupou abraços e sorrisos ao deputado. A atitude foi rapidamente percebida e as vaias cessaram.
Deram, inclusive, lugar a alguns aplausos no fim do discurso.
Tímidos, mas a força de Lula conseguiu limpar a barra de Motta.
Freixo, também representante da categoria dos professores, saiu rindo de orelha a orelha com os aplausos
Mas não foi só Lula que deixou o evento rindo de orelha a orelha.
O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, que anda todo bobo com os números recordes do turismo internacional do país, saiu rindo à toa. Professor de História e pré-candidato a deputado federal, o moço já vinha sendo tietado pelos colegas, mas contou com um erro providencial do cerimonial, que acabou por anunciar sua presença no evento em duas oportunidades, privilégio que ninguém mais teve.
Em ambas, mesmo sem discursar, foi ovacionado pela plateia.

A ministra Esther Dweck e o secretário Andre Ceciliano passaram despercebidos no teste de popularidade. O deputado Luciano Vieira, mais ainda. O vice-prefeito Eduardo Cavaliere, se esticasse os ouvidos, ouviria algumas vaias. Mas foram tímidas.