Morto no último domingo, dia 2, Lô Borges terá velório aberto ao público nesta terça-feira, dia 4, no Palácio das Artes, na região central de Belo Horizonte (MG). A cerimônia de despedida do músico está prevista para acontecer das 9h às 15h. Em seguida, o corpo será levado para um enterro restrito aos familiares e amigos próximos.
“A família pede privacidade neste momento para que possam enfrentar o luto reservadamente e, desde já, agradecemos a todas manifestações de carinho e de solidariedade”, diz o comunicado oficial.
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Causa da morte de Lô Borges
O músico tinha 73 anos e estava internado no Hospital Unimed na capital mineira desde 18 de outubro, para tratar um quadro de intoxicação medicamentosa. No último dia 31, o artista encontrava-se “traqueostomizado e em ventilação mecânica”. Quatro dias antes, ele tinha iniciado hemodiálise.
Lô Borges, ícone do Clube da Esquina
Divulgação
Quem foi Lô Borges
Como bom mineiro, Lô Borges fez de uma esquina o mundo e sonhou os sonhos que não envelhecem. Tudo passou por ele na Belo Horizonte dos anos 1970. Nascido na capital mineira no dia 10 de janeiro de 1952, Salomão Borges Filho construiu uma das trajetórias mais marcantes da cena musical nacional, ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, Fernando Brant e do irmão, Márcio Borges, entre outros nomes, unindo sonoridades latino-americanas ao rock, ao jazz e à música folclórica.
Lô Borges é considerado o verdadeiro criador do Clube da Esquina. O termo surgiu porque era no cruzamento entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde vivia a família Borges, que Lô juntava a molecada para brincar, papear e tocar violão nos idos dos anos 1960. A turma que se reunia ali inspirou a canção “Clube da Esquina”, presente no quarto álbum de Milton Nascimento, “Milton” (1970). A música virou disco, e o disco virou movimento.
As referências vinham, às vezes, de fora para dentro, como os Beatles, pilar fundamental da estética do grupo, fortemente marcada por Minas Gerais, pela cultura e pela geografia montanhosa do estado, por suas janelas, vielas e ladeiras íngremes. Não à toa, eles cantavam orgulhosos: “Sou do mundo, eu sou Minas Gerais”, disseram na canção-carta “Para Lennon e McCartney”.
A amizade de Lô Borges e Milton Nascimento
Lô Borges e Milton Nascimento em janeiro de 1972
Acervo O Globo
Num determinado período, por um problema na fundação, a casa de Santa Tereza entrou em obra. A família Borges se mudou temporariamente para o Edifício Levy, no Centro de BH.
— Uma semana depois que chegamos ao Levy, minha mãe pediu que eu fosse comprar café, leite e pão. Como todo garoto, preferi a escada ao elevador — contou Lô Borges ao jornal O Globo em entrevista publicada em 2022: — Morávamos no décimo sétimo andar. Descendo os degraus, de repente me deparo com um som divino. Eram uns falsetes de voz acompanhados de violão. Quando cheguei ao quarto andar, estava lá o Bituca. Eu era uma criança de 10 anos e o Milton um cara de 20, mas não fez a menor diferença, rolou uma empatia forte. Fiquei totalmente seduzido, abduzido por aquela voz e aquele violão dele.
Se o Clube da Esquina nasceu nas ladeiras de BH, se consolidou no Rio, como explicou o próprio Lô na mesma reportagem, de 2022:
— O chamado movimento Clube da Esquina se deu na cidade do Rio, quando todos esse mineiros foram se encontrar no estúdio da Odeon para gravar “Clube da Esquina’’, que o Bituca tinha me convidado para dividir e fazer a metade das músicas — relembrou Lô.
Lô, Milton e Beto Guedes moraram por cerca de dez meses em Niterói, entre 1970 e 1971, na então Praia de Mar Azul, hoje conhecida como Prainha de Piratininga. Antes disso, os amigos passaram meses pulando de apartamento em apartamento na Zona Sul carioca. Em plena ditadura militar no Brasil, três jovens músicos cabeludos eram constantemente amedrontados por vizinhos e policiais truculentos.
Ontem, Bituca manifestou a tristeza pela perda do amigo nas redes sociais:
“Foram décadas e mais décadas de uma amizade e cumplicidade lindas. Lô nos deixará um vazio e uma saudade enormes, e o Brasil perde um de seus artistas mais geniais’’.
Grandes sucessos de Lô Borges
Lô Borges, ícone do Clube da Esquina
Reprodução/Instagram
‘Um girassol da cor do seu cabelo’: Com melodia composta por Lô Borges e letra do seu irmão, Márcio Borges, a canção de 1972 se inspirou no relacionamento de Márcio com Duca Leal. Os dois namoraram, se casaram e tiveram dois filhos.
‘Paisagem da janela’: Composta em parceria com Fernando Brant, morto em 2015, a faixa tem como grande “musa” a cidade de Belo Horizonte. A letra cita imagens como a igreja, o muro branco e o “cavaleiro marginal” para representar a passagem do tempo.
‘Para Lennon e McCartney’: Fruto da parceria dos irmãos Lô e Márcio com Fernando Brant, a canção foi composta no final dos anos 1960. O título se refere a dois integrantes dos Beatles, John Lennon e Paul McCartney. Apesar disso, nenhum deles é citado ao longo da música.
‘Clube da esquina nº2’: A música de Lô, Márcio e Milton gravada para o álbum “Clube da Esquina”, de 1972, inicialmente não incluía letra, somente melodia. Os versos para a canção vieram mais tarde, sendo compostos por Márcio a pedido de Nana Caymmi.
‘O trem azul’: Na canção, a parceria de Lô com o irmão deu lugar a uma dupla com Ronaldo Bastos. Lô compôs a música ao violão ainda jovem, já Ronaldo escreveu a letra inspirado em uma viagem que fez entre Amsterdã e Paris.
‘Dois rios’: Mais recente, de 2003, a canção foi composta por Samuel Rosa, então na banda Skank, em parceria com Lô Borges e Nando Reis.
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Com informações da fonte
https://extra.globo.com/entretenimento/noticia/2025/11/lo-borges-tem-velorio-aberto-ao-publico-e-enterro-restrito-aos-familiares-e-amigos.ghtml
Lô Borges tem velório aberto ao público e enterro restrito aos familiares e amigos
			
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