A lista de alvos no Brasil das chamadas sanções Ofac, na qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi incluído pelo governo Donald Trump, se restringia até esta quarta-feira a indivíduos acusados de ligação com terrorismo e o tráfico internacional de drogas. O magistrado agora é acompanhado de suspeitos de relação com grupos como a Al-Qaeda, Estado Islâmico, Hamas, Hezbollah e até o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ofac é a sigla em inglês para Office of Foreign Assets Control, o Escritório de Controle de Ativos Externos do Departamento do Tesouro americano. O ministro do Supremo entrou na restrita relação de 23 alvos – entre pessoas, empresas e organizações criminosas – vinculados por Washington ao Brasil através da chamada Lei Magnitsky Global.
Também conhecida como “pena de morte financeira”, a lei foi criada no governo Barack Obama (2009-2017) para punir autoridades estrangeiras violadoras de direitos humanos.
A equipe do blog listou todos os sancionados relacionados ao Brasil pelo governo dos Estados Unidos, seja pela nacionalidade, residência ou vínculos comerciais ou criminais.
Entre os cidadãos brasileiros estão Ciro Daniel Ferreira Amorim, acusado pelos EUA de comandar uma organização terrorista supremacista branca no Telegram, e o traficante brasileiro Diego Macedo Gonçalves do Carmo, o “Brahma”.
Brahma é apontado como peça-chave de um esquema de lavagem de dinheiro para o PCC. Ele entrou na lista de sancionados em março de 2024 pela administração Joe Biden. Na ocasião, o governo americano externou a preocupação da Casa Branca com a expansão do PCC.
Condenado a 7 anos e 11 meses de prisão por tráfico de drogas, ele está preso na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) – endereço que, aliás, é informado no site oficial do Departamento do Tesouro americano.
O próprio PCC está formalmente listado nas sanções Ofac, bem como empresas com CNPJ brasileiro que teriam usadas para financiar organizações terroristas, como a Enterprise Comércio de Móveis e Intermediação de Negócios Eireli e a Home Elegance Comércio de Móveis Eireli.
A Al-Qaeda, organização terrorista fundada por Osama bin Laden e responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, é citada como filiação de diversos sancionados na relação do Brasil. Entre eles estão residentes no país de origem egípcia e libanesa com negócios ativos na economia brasileira, Haytham Ahmad Shukri Ahmad Al-Maghrabi, Mohamed Sherif Awadd e Ahmad Al-Khatib.
No passado, al-Khatib já havia sido alvo da Polícia Federal (PF) por suspeita de ligação com o Estado Islâmico, que à época adotava forte ofensiva territorial na região do Levante.
O porta-voz do Hamas, Ghazi Hamad, também aparece na lista dos sancionados ligados ao Brasil. Sua relação com o país não é detalhada pelo Tesouro americano. O grupo controla a Faixa de Gaza desde 2007 e está em guerra com Israel desde os ataques de outubro de 2023.
Há ainda diversos indivíduos que teriam ligação com o Hezbollah, o grupo paramilitar criado no Líbano e financiado pelo regime xiita do Irã – incluindo um dos supostos coordenadores da entidade no Brasil. Como já publicamos no blog, o Hezbollah tem atuação expressiva nas fronteiras brasileiras e já contou até mesmo com lobistas no Congresso.
Outra empresa citada nas sanções Ofac tem ligações com a Coreia do Norte e o tráfico de armas.
A lista de sancionados com vínculos com o Brasil informada pelo governo americano inclui o Tren de Aragua, facção venezuelana considerada “terrorista” pela Casa Branca.
A facção nasceu em 2014, dentro da prisão de Tocorón, e com o colapso econômico do regime ditatorial de Nicolás Maduro, expandiu seus tentáculos por outras partes da América Latina, com foco em tráfico de drogas, tráfico sexual e contrabando de pessoas.
2025-07-30 15:17:00