O deputado estadual Alexandre Knoploch (PL) afirmou nesta terça-feira (23), em discurso no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ter recebido mais de 400 ameaças de morte — algumas direcionadas às suas duas filhas — depois de convocar o cantor MC Poze do Rodo para depor na CPI das Câmeras. A comissão apura esquemas de roubo e suposta recuperação suspeita de veículos no estado.
A convocação do funkeiro foi motivada pelo episódio em que sua Land Rover Defender, avaliada em R$ 900 mil, foi roubada e devolvida poucas horas depois, sem registro de ação policial. O caso levantou suspeitas sobre possíveis ligações entre facções criminosas e empresas de proteção veicular, investigadas pela CPI presidida por Knoploch.
‘Não tenho medo de marginal’
Durante o pronunciamento, o parlamentar adotou tom duro ao se dirigir ao cantor e seus apoiadores:
“Não tenho medo de homem, muito menos do marginal MC Poze e seus tralhas. Quando ameaçam um parlamentar, ameaçam um mandato, ameaçam esta Casa. Isso é inadmissível para uma CPI que busca uma verdade muito séria.”
Knoploch informou que levará o caso ao Ministério Público do Rio (MPRJ) e à Polícia Civil, com apoio do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), que prometeu acionar o procurador da Casa, Antonio José, e o chefe da Polícia Civil, Felipe Cury.
Pressão nas redes e nas comunidades
Segundo Knoploch, as ameaças se intensificaram após MC Poze publicar vídeos contra ele nas redes sociais.
“Até aí, tudo bem, faz parte. Mas depois vieram 400 ameaças de morte a mim e, pior, contra minhas filhas, duas crianças”, disse.
O deputado também relatou intimidações em comunidades. Ele afirmou ter pedido a suspensão de um baile em Duque de Caxias, organizado por MC Poze, que acabou interrompido pela polícia.
O clima de insegurança foi reforçado pelo deputado Marcelo Dino (União):
“Hoje o Knoploch está sendo ameaçado. Na eleição passada fui impedido de entrar em vários lugares, mas desta vez não vou ser, porque a polícia terá que assegurar meu direito.”
CPI das Câmeras e impacto político
A comissão investiga empresas de videomonitoramento e associações de proteção veicular acusadas de pagar “resgates” a criminosos para devolver carros roubados. O caso envolvendo o funkeiro reacendeu a discussão sobre um possível sistema paralelo de segurança e influência em comunidades cariocas.
A data do depoimento de MC Poze ainda não foi definida. Caso se recuse a comparecer, poderá ser convocado de forma obrigatória.
Com a proximidade das eleições, o episódio ganhou contornos políticos. Parlamentares alertam para o risco de facções interferirem na atuação de representantes eleitos.

