Juiz autoriza liberação de documentos do processo de ex-namorada de Jeffrey Epstein, condenada por tráfico sexual

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Ghislaine Maxwell e Jeffrey Epstein — Foto: Reprodução


Um juiz de Nova York autorizou a divulgação de documentos até agora sigilosos do processo contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Jeffrey Epstein e condenada a 20 anos de prisão por participação no esquema de tráfico sexual comandado pelo milionário, morto em 2019. O pedido, que partiu do Departamento de Justiça, veio semanas depois da aprovação de um projeto que determinou a liberação de documentos legais envolvendo Epstein, um tema que se mostrou espinhoso para o presidente Donald Trump.

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Na decisão, o juiz Paul Engelmeyer, que já havia rejeitado um pedido semelhante anteriormente, citou a aprovação do Ato de Transparência dos Arquivos de Epstein, aprovado no mês passado e que determina a liberação dos documentos até o dia 19 de dezembro. A lei também serviu como fundamento para uma decisão similar, emitida na sexta-feira por um tribunal federal na Flórida, relacionada ao processo contra Epstein por aliciamento de menores de idade para prostituição, finalizado em 2008.

Em moção, o Departamento de Justiça alegou que a legislação permite que sejam sobrepostas “algumas das bases fundamentais do sigilo”, e impede que o material seja “retido, atrasado ou editado com base em constrangimento, dano à reputação, sensibilidade política, inclusive para qualquer funcionário do governo, figura pública ou dignitário estrangeiro”. Ao mesmo tempo, todos os nomes de vítimas e informações que possam identificá-las precisarão ser omitidos.

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Também não está claro se os documentos serão inéditos, uma vez que as defesas de Maxwell e Epstein, além do Congresso dos EUA, já soltaram algumas dezenas de milhares de páginas do processo. Na decisão, Engelmeyer sugeriu que não há grandes surpresas protegidas pelo sigilo de Justiça. Um outro pedido, feito ao juiz responsável por outro processo contra Epstein em Nova York, ainda não foi atendido.

“Ao contrário do que afirma o Departamento de Justiça, os documentos do grande júri não revelariam novas informações de qualquer relevância”, escreveu o magistrado.

Donald Trump esteve em festas com Jeffrey Epstein — Foto: Reprodução de cena / Netflix

Apesar de ter morrido enquanto aguardava julgamento em Nova York há seis anos, Jeffrey Epstein, o influente financista que tinha uma ampla lista de amigos nos mais altos círculos de poder, ainda dá as cartas em Washington. Nos últimos anos, os relatos de festas envolvendo personalidades políticas e econômicas e adolescentes deram força a teorias da conspiração, incitadas até por Trump. Segundo promotores, Maxwell agia como uma das aliciadoras de menores de idade para as propriedades de Epstein.

Na última campanha à Presidência, em 2024, ele prometeu divulgar a suposta lista de clientes de Epstein, que incluiria alguns adversários políticos, como o ex-presidente Bill Clinton. Em fevereiro, a secretária de Justiça, Pam Bondi, sugeriu que a tal lista estaria sobre sua mesa. Meses depois, Bondi e o diretor do FBI, Kash Patel, admitiram que a tal agenda de clientes do financista não existia.

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A reação na base trumpista, que se aproveitou das teorias da conspiração para ganhos políticos, não poderia ser pior. Uma rebelião de deputados republicanos, exigindo a liberação de todos os documentos do processo, por pouco não fez naufragar o maior projeto orçamentário de Trump, chamado de “Grande e Bonito”.

Nas negociações para superar a paralisação do governo federal, o “shutdown”, a promessa de um voto para tornar públicos os arquivos do caso foi crucial para encerrar o impasse. A aprovação do “projeto Epstein” veio, o texto foi sancionado por Trump, mas pesquisas de opinião mostram que boa parte dos americanos rejeitou a maneira como a Casa Branca lidou com o episódio, um sinal de alerta a menos de um ano das eleições que renovarão a Câmara e parte do Senado.

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No mês passado, a Câmara divulgou cerca de 20 mil páginas do processo, que estavam em posse do espólio do milionário, que serviram para revelar a extensão dos laços do financista com lideranças políticas globais, empresários de sucesso e também suas visões sobre Trump.

E-mail enviado por Jeffrey Epstein a Ghislaine Maxwell em 2011 — Foto: Reprodução
E-mail enviado por Jeffrey Epstein a Ghislaine Maxwell em 2011 — Foto: Reprodução

Os dois mantiveram uma intensa amizade até o início do século, que incluiu uma mensagem de aniversário sugerindo segredos compartilhados entre ambos, mas e-mails divulgados pela Câmara mostraram uma opinião cada vez mais crítica ao homem que se tornou presidente em 2016. Em uma das mensagens, em 2011, Epstein sugere a Maxwell, que o republicano passou “algumas horas” com uma das vítimas do esquema, Virginia Giuffre, morta em abril, e que ele “sabia das meninas”. O presidente rejeita as acusações.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/12/09/juiz-autoriza-liberacao-de-documentos-do-processo-de-ex-namorada-de-jeffrey-epstein-condenada-por-trafico-sexual.ghtml

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