Ingrid Guimarães diz ser uma 'consumista consciente': 'Compro bolsas usadas e adoro parcelar em dez vezes'

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A bolsa de grife francesa, que deveria ser entregue em Sevilha, na Espanha, foi enviada para Melilha, na África. Os óculos novos foram parar num endereço aleatório da Alemanha. Os vestidos encomendados chegaram 20 dias depois do previsto, em diferentes lugares da Europa. “Perrengue fashion” é mesmo com Ingrid Guimarães. Em cartaz nos cinemas desde o dia 9 com a comédia assim intitulada — da qual é protagonista e uma das roteiristas —, a artista ri de si mesma ao relembrar para o EXTRA as situações complicadas em que já se meteu na vida pessoal, fazendo compras on-line para incrementar os looks. “Eu me ferro muito, mas não deixo de tentar. Porque acho que posso, porque odeio alugar as pessoas”, acrescenta Ingrid que, somando todos os seus filmes, é a atriz de maior sucesso de bilheteria no Brasil, com mais de 23 milhões de espectadores ao todo.
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As filmagens do longa-metragem na Amazônia, em que divide a cena com o estreante em cinema Rafa Chalub (conhecido como Esse Menino na internet), também foram repletas de perrengues, na frente e por trás das câmeras. Na história, Paula Pratta (Ingrid) é uma influenciadora de moda convidada a estrelar uma campanha publicitária de Dia das Mães, mas depende da boa vontade de seu filho, Cadu (Filipe Bragança) em participar. Só que o rapaz abandona os estudos no exterior e, em vez de voltar pra casa, em São Paulo, desembarca numa ecovila sustentável na Floresta Amazônica. Empenhada em levá-lo para a metrópole com a ajuda de seu assistente, Taylor (Chalub), Paula conta com um localizador na mala do filho para encontrar Cadu. E, é claro, experimenta as mais hilárias circunstâncias em meio à natureza, num estilo de vida totalmente oposto ao seu, incluindo um ritual xamânico para o qual precisa estar em abstinência sexual. Enquanto enterra o salto alto na terra molhada e dribla jacarés, cobras e micos, a personagem revê os próprios valores.
Nesta entrevista exclusiva, Ingrid posa com roupas e acessórios de seu próprio closet e traz temáticas abordadas no filme para o seu universo particular. Ela discorre sobre influência digital, moda, consumismo, relações familiares, misoginia, humor, amizade, vaidade, envelhecimento, menopausa e mais. Confira:
Seis milhões de seguidores
“Quem me segue me viu crescer na profissão. Desde quando eu tinha 16 anos, fazendo ‘Confissões de adolescente’, passando por ‘Cócegas’ e ‘Sob nova direção’, até os jovens que assistiram a ‘Fala sério, mãe!’. Meu público na internet vai dos 25 aos 55 anos e é 80% feminino. Eu não me sinto uma influenciadora, mas uma pessoa que usa a internet para ampliar o alcance do trabalho. As minhas redes sociais são para divulgação e, óbvio, uma maneira de ganhar dinheiro. Além disso, gosto de falar sobre as causas femininas, assuntos que podem ajudar mulheres sem acesso a determinadas informações”.
Cancelamento
“Não tenho receio porque não dou motivo. Minha vida pessoal é superdiscreta, nunca gostei de mostrar meu marido (o artista visual René Machado, com quem está desde 2008) e minha filha (Clara, de 16 anos). Todas as coisas que acontecem na minha vida, inclusive até do meio artístico, eu não explano. A única vez em que eu me expus, e foi bem desagradável, foi quando toquei em política. Achei que era hora de falar e foi difícil lidar com os desdobramentos. Hoje, eu abordo outros assuntos, que também são políticos, mas não partidários, como feminicídio e o papel da mulher na sociedade”.
Ingrid Guimarães com a filha, Clara, e o marido, René
Reprodução de Instagram
Consumismo
“Quando comecei a ganhar dinheiro, adorava comprar. Tive esse deslumbramento de quem sempre viveu de teatro e de repente passou a poder gastar. Hoje, sou uma consumista consciente. Acho que a moda é uma expressão de quem você é. Tenho um stylist, o Antônio Frajado, que me ajuda muito. Já errei combinando peças, comprei o que não tinha a ver comigo. Com o tempo, aprendi a identificar não só as coisas bonitas como também as que ficam bem em mim. Minhas compras são voltadas para o modo como eu me mostro no trabalho, nas estreias, nos compromissos. No dia a dia, gosto de conforto. Clara diz: “Mamãe só se arruma pra evento”. Mas gosto de estar estilosa. Só não saio comprando tudo ao mesmo tempo. Escolho uma peça boa para adquirir em cada viagem. Tenho comprado bolsas usadas. E adoro parcelar em dez vezes. Por que não?”.
Perrengues na Amazônia
“Quando tive a ideia do filme, escrevi no conforto do ar-condicionado, imaginando as situações. Mas quando você se vê num lugar em que é preciso ir de carro até o banheiro mais próximo e ainda está de salto… Eu não tomava água, para não precisar fazer xixi. Estava muito seco, por causa das queimadas, muito calor. O deslocamento era por meio de dois, três barcos. E tem que disputar o tempo da piada com o tempo do pôr do sol, né? Ele descia rapidamente… Não tenho medo de bicho, mas o Rafa tinha pavor de que uma cobra aparecesse. E os bichos em cena? A proteção dos animais hoje é mais importante que a dos atores. Tínhamos que esperar o mico descansar, comer… A arara precisava passar por cima da minha cabeça quando eu caía de um muro. Na quinta tentativa, pedi para colocarem uma ave por meio de inteligência artificial”.
Filipe Bragança, Rafa Chalub, Ingrid Guimarães, Michel Noher e Késia Estácio em gravações de “Perrengue fashion” na Amazônia
Reprodução de Instagram
Mãe e filha
“É claro que eu tenho um aplicativo para localizar minha filha onde ela estiver neste Rio de Janeiro! Não conheço nenhuma mãe que não tenha. Ela só tem 16 anos! É questão de segurança. Mas não censuro as escolhas dela. Não gostaria que ela se tornasse atriz, porque é difícil pra caramba. Mas meus pais não fizeram isso comigo. Vim de uma família completamente civil, minha mãe é advogada, minha irmã é CEO, meu pai é administrador. E sempre me incentivaram. Quando Clara nasceu, eu estava no auge do sucesso. Ela ia pra set de filmagem e coxia de teatro comigo. Eu a amamentei durante o ‘De pernas pro ar’. Muitas vezes, não pude estar em vários eventos dela por estar viajando. Acho que ela me entende porque admira o meu trabalho. Clara faz aula de canto, piano, teatro. Quer ser diretora de cinema, mas está cedo. Não vai sair muito dessa área”.
Misoginia nos sets
“O episódio de demissão por misoginia que citei recentemente e ganhou projeção não foi com uma equipe inteira, mas com pessoas específicas. E só aconteceu porque eu e as mulheres que estavam comigo no trabalho ocupávamos um lugar de liderança (no último dia 9, em entrevista ao podcast “Pé no sofá”, Ingrid contou que ela e outras mulheres de uma produção cinematográfica sofreram misoginia no set; sendo assim, demitiu os envolvidos). Quando você produz um filme, pode opinar nas decisões. Não que a sua opinião valha sozinha, tem que ouvir outras, até para não cometer injustiças. Mas, como todo mundo pensava igual e se sentiu igual… Esse tipo de preconceito acontece muito, mesmo que de maneira silenciosa. As coisas melhoraram, mas ainda estamos batalhando para equiparar salários. Na minha e em todas as profissões”.
Rafa Chalub e Ingrid Guimarães em cena de “Perrengue fashion”
Reprodução
Autoanálise
“A última vez que chorei foi vendo um filme. Sou bem canceriana. E consigo rir de mim mesma com frequência. O meu trabalho é todo em cima disso, das coisas que vejo em mim e nos outros e transformo em humor. Faço terapia há 20 anos, já passei da fase da síndrome da impostora. Tenho personalidade forte e alma de criança. Talvez por isso esteja sempre fazendo amizade com jovens. Para manter o pueril, me divertir com as coisas simples”.
Deu match!
“Não imaginei que eu e Rafa fôssemos virar uma dupla. Esse não é um filme sobre dupla, como será o meu com a Mônica (Martelli), ‘Minha melhor amiga’ (que chega aos cinemas em 2026), como foi o meu com a Tatá (Werneck), “Minha irmã e eu” (2023). Só que eu e Rafa tivemos tanta química! Ele me chama de madrinha, se considera aprendiz. Agora estamos grudados, causando ciumeira nos meus antigos amigos. Lázaro (Ramos) já me mandou mensagem implicando. Eu sou assim, me apaixono pelas pessoas. Quando isso acontece, começo a levá-las para as minhas outras relações. Rafa já está amigo da Mônica e quer conhecer Lolô (Heloisa Périssé) melhor”.
Ingrid Guimarães e Mônica Martelli
Reprodução de Instagram
Outras duplas
“Sou muito tranquila para dividir cena. Cresci com duas irmãs, compartilhando tudo. Gravar com Mônica foi muito gostoso, parecia que eu estava viajando com ela na vida real e tinha uma câmera acompanhando a gente. Temos afinidades de pensamento, de idade, de jeito… Com Tatá, era uma relação de irmã mais velha. E Lolô foi a minha maior dupla, não dá para comparar. Essa parceria mudou a nossa vida pra sempre, ela é quase família pra mim. Durante uma época, brigamos muito. Hoje a gente se olha e fala: ‘Quanta bobagem, né?’”.
Envelhecimento
“Sempre fui vaidosa, desde jovem. Agora, aos 53, só continuo me cuidando. Vou muito à dermatologista, faço procedimentos estéticos, malho, como bem. Aceito o envelhecimento, não luto contra, não escondo idade. Meu cabelo é meu xodó. Entrei na menopausa há três anos, e acho que superei a fase mais crítica. Já entendi que este é meu novo corpo, sou uma outra pessoa”.
Ingrid Guimarães e Heloísa Périssé
Reprodução de Instagram
‘Consultora erótica’
“Eu ganhava muitos vibradores (por causa do filme ‘De pernas pro ar’) e muitas mulheres me pediam dicas. Então, resolvi ter a minha própria marca (Magic Rabbit). Ainda mais na menopausa, quando a libido diminui. Quando lancei o produto, muitas mulheres me escreviam para falar sobre prazer. Agora, também recebo questões sobre menopausa, assuntos femininos em geral”.
Alucinógenos
“Nunca participei de um ritual xamânico, mas tenho vontade. Experimentaria o chá (ayahuasca), sou zero careta. Com 16 anos, fumei maconha pela primeira vez, mas era outra época. Não gosto de perder o controle. Mas o ritual vai muito além disso, é um processo de autoconhecimento”.
Ingrid Guimarães e Tatá Werneck
Divulgação
Projeto de Lei Ingrid Guimarães
“Fiz um acordo sigiloso com a American Airlines. A companhia me pediu desculpa, assumiu seu erro (em março, ela foi obrigada a sair de seu assento na classe Premium Economy para a Econômica, num voo Nova York-Rio, pois uma poltrona da classe executiva quebrou; ela se recusou, inicialmente, mas foi coagida por funcionários a ceder). Achei que o ocorrido foi superimportante para que a gente percebesse que, quando o Brasil se une, as coisas dão certo. O problema chegou a âmbitos de presidência. Acho que essa lei é importantíssima. Eu só levantei do meu assento porque eu não tinha informação sobre os meus direitos. Esse episódio assustou muito as companhias aéreas, acho que vão pensar duas vezes antes de fazer algo parecido”.
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Com informações da fonte
https://extra.globo.com/entretenimento/noticia/2025/10/ingrid-guimaraes-diz-ser-uma-consumista-consciente-compro-bolsas-usadas-e-adoro-parcelar-em-dez-vezes.ghtml

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