O autor e diretor teatral Flávio Marinho não dormiu de terça para quarta (02 e 03/09). Estava quase subindo paredes de costas pela estreia, como ator, em “2 ou 3 Coisas Que Eu Sei Delas”, com direção de Luciana Braga, também estreando no ofício (eles têm uma parceria de 25 anos), tendo como companheira de cena Soraya Ravenle e, no piano ao vivo, Liliane Secco, também diretora musical.
A coragem de atuar, quem diria, foi depois de um áudio de Fernanda Montenegro, que o incentivou a subir num palco como ator de um texto seu depois de mais de 30 anos nas coxias. “A mensagem da Fernanda foi a gota d’água. Muitos amigos queridos, ao longo dos tempos, já me falavam isso, mas eu achava que era mais uma observação afetuosa. Mas, quando a Fernanda fala, a gente não discute”, disse ele.
“Primeiro, pensei numa autobiografia para fechar uma trilogia, depois dos sucessos de ‘Judy – o arco-íris é aqui’ (com Luciana Braga) e de ‘Não me entrego, não!’ (com Othon Bastos). Mas aí fiquei com certa vergonha de contar a minha história pessoal — não sou tão importante assim… (risos). Resolvi falar um pouco sobre mulheres que me levaram para a minha caminhada teatral. Aí, me senti mais à vontade. E virou um texto que mostra como o empoderamento feminino pode ser benéfico para homens e mulheres”, observa o novo ator.
Na montagem, um grupo de amigos se reúne num fim de noite, no “Bar do Teatro”. Um garçom, o contrarregra Reginaldo Celestino, uma pianista, uma atriz-cantora e, no centro de tudo, um dramaturgo contando histórias, sempre com muito humor, muita música e alguma emoção, ou seja, traços característicos de Marinho. E, claro, a primeira cena é o áudio de Fernanda como uma abertura para as memórias artísticas de Flávio e parte de suas descobertas culturais, tendo como referência central as mulheres: atrizes, cantoras, musas de muitas gerações que estimularam sua paixão pelo teatro.
“A peça é um sarau de histórias e poesias porque ele é memorialista, embora não seja saudosista. Flávio divide suas memórias em forma de pequenas histórias, entremeadas por músicas. A memória dessa construção teatral, do homem de teatro em que ele foi se transformando ao longo da vida dele”, diz Luciana, ausente da estreia por uma viagem.
Na plateia, mas citado no palco o tempo todo, Miguel Falabella, muito feliz e nos momentos em que era citado, os “vizinhos” dde cadeira faziam coro. Flávio foi roteirista da série “Brasil a Bordo”,i criada por Miguel Falabella em 2017, com roteiro escrito por ambos, além de Artur Xexéo, Antonia Pellegrino e Ana Quintana além de vários trabablhos juntos.