Homem que matou diretora e psicóloga no Cefet, no Maracanã, na Zona Norte, era CAC e usou pistola registrada para executar crime

Tempo de leitura: 7 min
As funcionárias do Cefet Layse e Allane que morreram baleadas — Foto: Fotos de reprodução


João Antônio Miranda Tello Ramos usou uma pistola Glock calibre 380, registrada em seu nome, para matar a diretora Allane de Souza Pedrotti Matos, de 41 anos, e a psicóloga Layse Costa Pinheiro. O crime aconteceu, nesta sexta-feira, no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Maracanã, na Zona Norte do Rio, onde o suspeito trabalhava. Segundo as investigações, João tinha registro da arma por ser um CAC, como é conhecida a categoria que reúne colecionadores, atiradores desportivos e caçadores.

  • Feminicídio em instituição de ensino: ‘A direção não levou a sério esse caso’; se queixa irmã de uma das vítimas do atirador que matou duas colegas no Cefet
  • Tragédia no bairro do Maracanã: homem que matou servidoras do Cefet teria mais 50 balas

Pouco depois da morte das duas mulheres, o atirador foi encontrado morto com ao lado da arma e de dezenas de munições. A polícia trabalha com a hipótese de que ele tenha tirado a própria vida. O assassinato das duas servidoras federais é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) como feminicídio. É que, na especializada, testemunhas ouvidas pela polícia relataram que João não aceitava ser chefiado por mulheres. A investigação, segundo a Polícia Civil, está em fase de conclusão.  

Allane era pedagoga, doutora em linguística, mãe dedicada e sambista em plena ascensão — Foto: Reprodução das redes sociais

De acordo com relatos, o funcionário João Antônio Miranda Tello Ramos Gonçalves chegou à escola pela manhã e cumprimentou todos normalmente. À tarde, ele entrou na direção e efetuou os disparos, acertando as duas mulheres, que trabalhavam na Diretoria de Ensino. Em seguida, o autor dos disparos tirou a própria vida.

Vítima estava assustada: amigo de Allane, morta no Cefet, diz que ela evitava assassino, por medo: ‘Passou meses em home office’

A professora Allane de Souza Pedrotti Matos foi atingida na cabeça e no ombro. A psicóloga escolar Layse Costa Pinheiro foi ferida na cabeça e no tórax. As duas chegaram a ser levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram. As duas foram sepultadas neste domingo. O enterro de Allane foi no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste, e o de Layse, no São João Batista, em Botafogo, na Sul.

A deputada estadual Elika Takimoto (PT), professora da escola licenciada desde 2022, esteve nos velórios das duas vítimas e, abalada, afirmou não saber como será o retorno dos docentes e alunos ao centro. Segundo ela, colegas que presenciaram a tragédia relataram que João Antônio Miranda Tello Gonçalves, o atirador, tinha ao menos mais 50 projéteis na mochila, além de um histórico de atitudes agressivas com mulheres.

Homem que matou duas mulheres no CEFET, no Maracanã, Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
Homem que matou duas mulheres no CEFET, no Maracanã, Rio de Janeiro — Foto: Reprodução

Nas redes sociais, a cantora Elisa Maia, amiga de Allane, questionou o retorno de João Antônio ao trabalho na unidade. Ele estava afastado havia 60 dias por acusar uma colega de perseguição — um processo administrativo foi aberto e concluiu que a situação não existia. “Por que ele voltou ao trabalho? Onde está o nome do psiquiatra que deu o laudo para ele voltar ao trabalho?”, escreveu ela.

Feminicídio: mulher é esfaqueada e morta pelo cunhado ao tentar proteger a irmã em Miguel Pereira; agressor está foragido

Nesta segunda-feira, a pesquisadora e tradutora Alline de Souza Pedrotti, de 35 anos, irmã de Allane de Souza Pedrotti Matos, de 41 anos, uma das duas mulheres mortas na sexta-feira por um colega de trabalho dentro do Cefet, disse acreditar que o crime poderia ter sido evitado se a direção da instituição tivesse evitado a entrada do criminoso armado na instituição.

— A direção não levou a sério esse caso. Deixou um cara entrar armado na instituição. Se tivesse levado a sério teria notado que ele era um sujeito perigoso e violento. Não era só minha irmã que se sentia ameaçada por ele. Soube que outras funcionárias ao tomaram conhecimento de que ele estava lá (no colégio) foram embora — disse a pesquisadora, acrescentando que a tragédia poderia ter sido maior já que tomou conhecimento de que o atirador levava 50 projéteis na mochila. — Poderia ter atentado contra vida de sabe lá quantas pessoas dentro da instituição. A conclusão que se chega a partir dos fatos é que a direção não se importa com as vidas que estão lá dentro.

Feminicídio: funcionárias mortas no Cefet são sepultadas sob forte emoção de amigos e familiares

Alline conta que a irmã se queixava desde o começo do ano passado que vivia amedrontada e que, além de o caso ser de conhecimento geral, ela não era a única pessoa que se sentia ameaçada por João Antônio Miranda Tello Gonçalves, que se matou em seguida. Numa conversa entre as duas irmãs em meados de 2024, Allane estava tão amedrontada que pediu a Alline para cuidar da filha dela, de 13 anos, caso acontecesse algo com ela.

O colégio não abriu nesta segunda-feira para aulas. No local havia apenas vigilantes e funcionários de uma empresa que fazia obras no prédio. Em nota divulgada no dia do crime, a instituição disse que “a Direção-Geral do Cefet/RJ lamenta profundamente essa tragédia que chocou a comunidade acadêmica e decreta luto oficial por cinco dias na instituição a partir de 01/12/2025”. O Cefet foi procurado novamente para se manifestar sobre as declarações da irmã da vítima, mas ainda não respondeu.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/12/02/homem-que-matou-diretora-e-psicologa-no-cefet-no-maracana-na-zona-norte-era-cac-e-usou-pistola-registrada-para-executar-crime.ghtml

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *