O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (dia 29) acreditar ainda ser possível uma negociação, mas ponderou ser preciso que as conversas ocorram de forma “respeitosa”, sem açodamentos. A declaração foi dada a três dias da entrada em vigor das tarifas de 50% aos produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos.
Viu isso?: Brasil está conversando ‘com reserva’ com Estados Unidos, diz Alckmin
Saiba mais: Planos de saúde poderão abater dívidas ao atender pacientes do SUS
— Tem que haver uma preparação antes para que seja respeitosa, para que os dois povos sejam valorizados na mesa de negociação — disse Haddad. — O foco nosso é uma resposta dos americanos, que eles se manifestem em relação às duas cartas que foram enviadas, para que eles possam se manifestar sobre os pontos de negociações e a gente enderece uma solução.
Questionado sobre um eventual adiamento do tarifaço, que começa a ser aplicado a partir de 1º de agosto, o ministro evitou nutrir expectativas sobre o assunto.
— Eu não sei, porque tem sido uma decisão unilateral (dos Estados Unidos), não só em relação ao Brasil, com outros países também — afirmou ele. — Estamos muito confiantes de que preparamos um trabalho que vai permitir o Brasil superar esse momento, que não foi criado por nós, mas o Brasil vai estar preparado para cuidar de suas empresas, trabalhadores, enquanto busca racionalidade e respeito mútuo.
Confira ainda: Governo vai avisar aposentados e pensionistas do INSS sobre direito à devolução de descontos indevidos
O ministro da Fazenda, no entanto, disse que enxerga “algum sinal de interesse” em negociação por parte dos Estados Unidos, e percepção das autoridades de que a situação tenha passado dos limites.
— O Brasil nunca abandonou mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenha se passado um pouquinho e, que, queiram conversar. Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá.
Veja também: Usuários do Gov.br serão avisados para ampliar segurança das contas
Cenários e planos
Haddad e o vice-presidente, Geraldo Alckmin apresentaram nesta segunda-feira os cenários e os planos de contingência traçados como reação ao tarifaço americano.
Os diferentes cenários de possíveis respostas já são de conhecimento do presidente, mas ainda não há uma decisão final sobre como o Brasil reagirá, segundo o ministro da Fazenda. Questionado se o governo adotará medidas semelhantes às tomadas durante a pandemia, quando foram criados os programas Emergencial de Manutenção do Emprego, Haddad disse que um dos cenários apresentados contempla uma proposta semelhante.
Leia ainda: Petrobras vai reduzir preço do gás canalizado e GNV em 14% para as distribuidoras
— Dentre os vários cenários, há um que estabelece algo assim… mas não sei qual cenário o presidente vai escolher, por isso não posso adiantas as medidas que serão anunciada por ele, quem vai decidir a escala, montagem, oportunidade e conveniência é o presidente.
Diplomacia
Além das ações domésticas, o governo intensificou os contatos internacionais. Em Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, sinalizou que o Brasil está aberto ao diálogo com os Estados Unidos para tentar reverter a medida, que deve entrar em vigor na sexta-feira.
Uma comitiva de senadores brasileiros também está em Washington para tentar negociar a sobretaxa e irá se reunir com deputados e senadores dos partidos Democrata e Republicano nesta terça-feira. Nesta segunda-feira, os parlamentares se reuniram com empresários americanos, para tentar sensibilizar os setores a se posicionarem contra a medida do presidente Donald Trump.
Veja ainda: Tribunal de Justiça do Rio abre prazo para acordo de pagamento de precatórios com deságio de 40%
O objetivo dos senadores é que a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, onde ocorreu o encontro entre parlamentares e americanos, elabore uma carta direcionada às autoridades locais pedindo a prorrogação do prazo.
Haddad disse que o envio da comitiva de senadores faz parte de um processo para tentar preparar uma eventual conversa entre Trump e o presidente Lula.
— Não existe obstrução de canal entre nós, o Mauro está lá, tem oito senadores lá, quando chefes de estado vão conversar, tem uma preparação antes.
Conteúdo Original