Dois eventos culturais gratuitos e com atrações a céu aberto prometem agitar o fim de semana na cidade. Até domingo, Santa Teresa recebe a segunda edição do Festival de Arte Urbana (Faust), com a participação de mais de 50 artistas, entre grafiteiros, muralistas e ceramistas. Além das intervenções ao vivo pelas ruas, a programação inclui shows, oficinas, rodas de conversa e feira criativa em centros culturais, museus, bares e restaurantes do bairro histórico. De sexta (15) a domingo (17), a Ilha de Paquetá celebra o seu padroeiro na Festa de São Roque, o mais tradicional evento religioso, cultural e turístico do bairro. Entre as atrações, cortejos, missas, DJs, shows, barracas de comidas típicas das festas juninas e o tradicional Auto de São Roque, encenação promovida pelo Coletivo Cantareira, que revive passagens da história da ilha e personagens marcantes do imaginário local. O cortejo que culmina no auto sai às 20h da Matriz Bom Jesus do Monte e segue até o local da festa, a Praça de São Roque.
Centros culturais e gastronômicos entram no clima da Faust
Em Santa Teresa, a segunda edição do Festival de Arte Urbana (Faust) reúne até domingo (17) mais de 50 artistas — muitos deles moradores do bairro — para criar obras ao vivo em pontos históricos. Azulejaria, grafite, mosaico e colagem estão entre as técnicas que vão colorir as ruas, assinadas por nomes como Airá, Aires Imbiriba, Anna Wojtowicz, Arruda, Bives, Blopa, Bruno BR, Camila Sent, Carol Schavarosk, Duim, Edu Universo, Jambeiro, Kajaman, Marcio SWK, Nelson da Tribo, Rafa Mon e Toz, entre outros.
A programação, no entanto, vai muito além dos muros. Espaços como o Parque Glória Maria, antigo Parque das Ruínas, o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo e o Museu Chácara do Céu recebem shows, rodas de conversa, oficinas e intervenções artísticas. Bares e restaurantes do bairro também entram no clima, servindo cardápios especiais criados para o evento. “É um evento que celebra a vocação cultural e artística de Santa Teresa. O público pode acompanhar o processo criativo nas ruas e aproveitar para visitar centros culturais, museus, bares e restaurantes”, afirma Liliana Jaeger, presidente da AmeSanta, organizadora do Faust.
No Parque Glória Maria (Rua Murtinho Nobre), a curadoria do artista e DJ Kajaman — criador do tradicional Meeting of Favela (MOF) — reúne vinte talentos da arte urbana para sessões de pintura ao vivo, divididas entre sábado e domingo, das 10h às 18h, sempre com trilha sonora de DJs convidados (das 11h às 16h). Ao final de cada dia, as telas ocupam a Galeria Túnel, formando uma exposição coletiva aberta até 29 de agosto. Os encontros ainda contam com apresentações musicais: sábado (16), às 16h, João Mantuano e Raya apresentam o show “Coisa Nossa”, e domingo (17), às 16h, se apresenta o grupo Choro da Esquina.
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Já o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo será o ponto de encontro para debates, oficinas interativas e a Alvoroço Feira Livre, reunindo criadores independentes, designers e artesãos. Entre os destaques, o ciclo “Debates Therê”, com atividades às 14h e 16h, no sábado, e às 14h, no domingo, discute temas como a profissionalização da arte urbana, a ocupação simbólica do espaço público e o protagonismo feminino no graffiti. Também no sábado e no domingo, oficinas de serigrafia, stencil e upcycling em horários variados completam a programação.
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O circuito se estende ainda ao Museu Casa de Benjamin Constant (Rua Monte Alegre, 255), com atividades voltadas para a inclusão, oficinas de pintura tátil e brincadeiras educativas. Durante o Faust, o museu oferece visitas mediadas, experiências sensoriais com pintura tátil e brincadeiras educativas com a Kidimi Brincante (sábado e domingo, das 10h às 14h) e oficinas da artista Camila Sent (sábado, 13h às 15h; domingo, 10h às 13h). A exposição de artistas e empreendedores autistas da APTEA acontece sábado e domingo, das 10h às 15h.
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Lojas, ateliês e coletivos também abrem as portas, oferecendo desde sessões de cinema na calçada a intervenções artísticas e música ao vivo. Restaurantes e bares participantes do Polo Gastronômico capricham em receitas inspiradas no evento, enquanto a “Galeria de Bares Therê” promove uma ação interativa com copos exclusivos ilustrados por Márcio SWK.
No meio da programação, uma homenagem especial vai ganhar forma no muro ao lado do Bar do Mineiro. Fundador do icônico endereço e colecionador de arte, Diógenes Paixão — que comandou a casa por 35 anos e faleceu em 2023 — será eternizado pela muralista Rafa Mon, uma das artistas convidadas desta edição.
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Os murais serão produzidos com tintas da Colorgin, patrocinadora pelo segundo ano consecutivo, que este ano ainda terá um espaço exclusivo para a criação de uma obra inédita por Jonathan Melo, o John. O festival conta com patrocínio master da Cerveja Therezópolis, patrocínios do Hotel Santa Teresa MGallery e da Colorgin Arte Urbana, e apoio da Cachaça Magnífica de Faria, Gerthrudes Bed & Breakfast, Subprefeitura do Centro e Centro Histórico, Secretaria de Conservação e Serviços Públicos, além de apoio institucional da Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana e da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística.
A programação completa está disponível em visitesantateresa.rio.
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Festa de São Roque movimenta a Ilha de Paquetá
A tradicional Festa de São Roque, padroeiro da Ilha de Paquetá, acontece de sexta (15) a domingo (17) , na Praça de São Roque e na Matriz de São Jesus do Monte, e conta com programação religiosa e atrações culturais. Na sexta (15), às 18h, haverá missa com bênção das bicicletas, ecotáxis e charretes, seguida de cortejo, a partir das 20h, saindo da Matriz Bom Jesus do Monte, e chegando até a praça, onde será encenado o Auto de São Roque. O show do grupo Caju Pra Baixo, encerra os festejos do dia, a partir das 23h30.
No sábado (16), dia do santo, as festividades começam às 8h com missa pelos enfermos. A missa pelos trabalhadores e desempregados será às 10h, seguida do batismo das crianças, às 11h30. Às 13h será realizada a celebração pelos moradores e visitantes, seguida da bênção dos animais, às 15h, e da Corrida de São Roque, às 15h30. A procissão de São Roque está marcada para 17h30, e às 18h será celebrada a Missa da Gratidão. À noite, a festa segue com shows de Isadora Marins, às 20h, e Thiago Soares, às 23h30.
No domingo (17), a programação inclui missa na Capela de São Roque, às 11h15, feijoada de São Roque, às 12h30, e apresentações musicais de D’Boa, às 14h30, Leonardo Karkará, às 19h30, e Retrozando, às 21h, grupo que encerra a festa com muita música e confraternização.
Capela São Roque. Praça de São Roque, s/n, Ilha de Paquetá. Matriz do Senhor Bom Jesus do Monte: Rua dos Tamoios 45, Paquetá.
Auto de São Roque celebra tradição e história
Um dos momentos mais aguardados da Festa de São Roque, padroeiro da Ilha de Paquetá, é o Auto de São Roque, encenação de rua realizada pelo Coletivo Cantareira na sexta (15). O cortejo, que sai às 20h da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Monte, percorre as ruas da ilha até a Praça de São Roque, onde as ações cênicas tomam conta do espaço e emocionam moradores e visitantes. Nesta edição, personagens marcantes da história local — como D. João VI, que se hospedava no Solar del Rei em busca das águas milagrosas do poço de São Roque — serão homenageados, junto com outras figuras que fazem parte do imaginário social da ilha.
Criado em 2009, o Coletivo Cantareira é formado por moradores e frequentadores de Paquetá, que se reúnem de forma voluntária para criar figurinos, desenvolver cenas e manter viva a tradição da festa. Além do Auto de São Roque, o grupo promove outras manifestações culturais, como a Folia de Reis e encenações inspiradas em lendas locais. “O que nos move é a construção coletiva de um trabalho que une arte, memória e pertencimento, valorizando o espaço público como lugar de encontro, festa e criação artística”, afirma Liliane Mundim, coordenadora do coletivo e professora do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIRIO.
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A origem da devoção a São Roque na ilha remonta ao início do século XVI, quando André Thevet, cosmógrafo da expedição de Villegaignon, descobriu Paquetá em sua missão para fundar a França Antártica. O francês, devoto do santo, sobreviveu a um naufrágio e construiu na Ilha um pequeno santuário em sua homenagem. Mas foi somente em 1697, mais de um século depois, que foi erguida, nas terras da Fazenda São Roque, a primeira Capela de São Roque, que se tornou padroeiro da ilha. Até então, os moradores precisavam atravessar a Baía de Guanabara até Magé para participar de celebrações religiosas.
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Peregrino que viveu na Idade Média, São Roque ficou conhecido por cuidar dos doentes durante a peste negra e, segundo a tradição, sobreviveu graças a um cão que lhe levava pão diariamente — por isso é sempre representado ao lado de um animal. Com o passar dos anos, tornou-se o padroeiro de Paquetá, e a festa em sua honra, realizada há mais de um século, passou a integrar o Calendário Oficial Turístico da Cidade do Rio de Janeiro.