Policiais da 58ªDP (Posse) estouram um galpão, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, onde havia uma sala de tortura com isolamento acústico a prova de gritos. O cômodo tinha sinais de que era usado por bandidos para submeter suas vítimas a uma espécie de sessão de interrogatório. No mesmo local, os agentes encontraram quatro carros que estavam transformados em clones de viaturas da Polícia Civil. Um dos veículos, um Toyota Corolla, já estava pintado com as cores usadas pela corporação. Uma das hipóteses investigadas é a de que a estrutura vinha sendo usada por criminosos envolvidos na disputa por territórios na comunidade do Catiri, em Bangu.
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A favela foi tomada recentemente do domínio de milicianos por traficantes da Vila Kennedy, que integram a facção criminosa Comando Vermelho(CV). Mas, os paramilitares têm feito ataques para tentar retomar o controle da favela. O galpão foi localizado, nesta quarta-feira, a partir de uma ação de inteligência, durante a Operação Torniquete, deflagrada para combater a expansão territorial de facções criminosas e para inibir os roubos de veículos.
Polícia Civil estoura galpão com sala de tortura e clonagem de viaturas na Zona Oeste do R
Em um cômodo, os agentes localizaram uma porta que dava acesso a uma sala que seria usada como local de cativeiro e de tortura de criminosos rivais. Além do isolamento acústico, os policiais encontraram no compartimento sinais de que o local era usado para interrogatório. Havia, entre outras coisas, uma cadeira com pedaços de cordas, e um tonel com água, onde as vítimas seriam submetidas a afogamentos. Um gancho também foi instalado no teto para pendurar bandidos rivais.
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A polícia vai apurar se estrutura era usada por milicianos ou por bandidos do CV. os dois grupos criminosos estão envolvidos na disputa da comunidade do Catiri há alguns meses.
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—O galpão estava usado como cativeiro, local de tortura, guarda de veículos roubados e clonagem de viaturas. Fica próximo à favela do Catiri, onde há uma disputa territorial envolvendo traficantes de uma facção criminosa e milicianos. O que vai se apurar é qual organização criminosa estava usando o galpão para a expansão territorial — explicou o delegado Tiago Venturini, da 58DP.
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O galpão foi interditado pelos policiais. pelo menos sete veículos foram encontrados. Entre eles, três carros Toyota Corolla e uma BMW X6.. Todos passaram por uma perícia que busca encontrar impressões digitais ou outros sinais que ajudem identificar os responsáveis pelo local. Segundo a polícia, as investigações vão tentar determinar a propriedade do imóvel e o responsável pela logística criminosa desenvolvida no local.
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No fim de julho, imagens feitas por um drone do tráfico flagraram um comboio de milicianos passando por uma patrulha da PM, baseada na comunidade do Catiri. Pouco depois, houve um tiroteio entre paramilitares e traficantes. A corregedoria da Polícia Militar investiga porque os agentes não abordaram os criminosos que passaram pelo carro da corporação.
Os moradores do Jardim Bangu e de Catiri, na Zona Oeste do Rio, vivem há pelo menos dois anos sob tiroteios constantes. O cenário de conflitos, que se agravou desde setembro do ano passado, tem como pano de fundo a disputa pelo controle de territórios entre a milícia e o Comando Vermelho (CV). A guerra, que espalha pânico , faz parte de um movimento expansionista da facção, que tenta formar um “cinturão” ao redor do Complexo de Gericinó, conglomerado de 22 unidades prisionais também localizado na mesma região da cidade.
A comunidade do Catiri se tornou um ponto estratégico para a formação do cinturão por ficar próxima dos presídios. No ano passado, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) produziu um relatório apontando o movimento do CV em se aproximar de onde estão custodiados chefes do grupo criminoso.
No documento produzido pela Seap, a secretaria ainda pontua que os criminosos usam as áreas próximas do complexo para práticas ilícitas, como arremesso de drogas e de celulares para dentro das prisões.
2025-09-04 13:34:00