Felipe Simas detalha sensações ao interpretar vilões: 'Nosso corpo não identifica verdade ou mentira, acessamos o obscuro'

Além da letra “D” no início do nome e de terem o mesmo intérprete, Danilo e Daniel apresentam algo a mais em comum: ambos se envolveram em assassinatos. Em “Dona de mim”, novela das sete da Globo, o ex-motorista dos Boaz e atual funcionário da fábrica da família orientou Jaques (Marcello Novaes) sobre como cortar o freio do carro de Abel (Tony Ramos), provocando o acidente que tirou a vida do empresário. Já em “Tremembé”, série do Prime Video, o então namorado de Suzane von Richthofen se une a ela e ao próprio irmão, Cristian Cravinhos, para matar os pais da jovem, Manfred e Marísia. O crime real, ocorrido em 2002, foi recontado no audiovisual e vem gerando burburinho, principalmente, nas redes sociais.
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— Eu acredito que as maldades são inerentes ao ser humano. A gente vai se moralizando a ponto de entender o que é o certo e o que é o errado. Mas se alguém disser que nunca desejou a morte de outra pessoa, é mentira — opina Felipe Simas, ator que mergulhou fundo na porção sombria dos dois personagens, na TV e no streaming: — É tão profundo, que tem ator que pede para sair. Somos atletas das emoções, nosso corpo não identifica se é verdade ou mentira. Quando fazemos uma cena de assassinato, por exemplo, registramos aquele sentimento como se fosse real. Para entregar a nossa melhor performance, precisamos acessar nosso lado mais obscuro.
Simas relembra a sensação que teve durante a impactante cena de “Tremembé” em que o casal é morto a marretadas:
— Eu e Kelner (Macêdo, intérprete de Cristian Cravinhos) nos olhamos com sangue nos olhos. Eu me contorço todo aqui só de me lembrar da situação, não é um lugar simples de acessar. Cenas assim marcam nossa carreira para sempre — ressalta o ator de 32 anos, contando que saiu abalado da gravação: — No fim do dia, a gente se abraçou e chorou horrores junto. Não eram só Daniel e Cristian ali, éramos Felipe e Kelner compreendendo a densidade daquilo. Esse papel fez com que eu enxergasse o ser humano com olhos mais misericordiosos, menos acusatórios.
Felipe Simas, Marina Ruy Barbosa e Kelner Macêdo em “Tremembé”: trio de assassinos
Stella Carvalho/Prime Video/Divulgação
A série de true crime é o terceiro trabalho de Simas ao lado de Marina Ruy Barbosa: os dois formaram par romântico em “Totalmente Demais” (2015) e viveram um casal de vilões cômicos em “Fuzuê” (2023), ambas novelas das sete. Agora, atingem o ápice da maldade em “Tremembé”, como os namorados Suzane von Richthofen e Daniel Cravinhos.
— Marina é uma grande parceira. A gente criou um laço tão forte, a ponto de eu enxergar Suzane nos pensamentos de Daniel o tempo todo como uma assombração — observa.
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Se em “Tremembé” Daniel perde a cabeça por paixão a Suzane, em “Dona de mim” é o amor de Danilo por Filipa (Cláudia Abreu) que vem colocando o aprendiz de vilão nos eixos, a ponto de ele assumir o posto de herói ao tentar salvá-la da manipulação de Jaques.
— Danilo teve um encontro genuíno com Filipa. Ele é sofrido, traz uma história de abandono materno. No fundo, sempre acreditei nesse cara que desejava uma vida boa e queria que as pessoas ao redor o amassem. É o personagem mais profundo que uma novela das sete já me proporcionou — analisa.
Danilo e Jaques, em “Dona de mim”
TV Globo/reprodução
Caso a proposta inicial da sinopse se mantenha, Danilo e Filipa se casarão e terão um final feliz em “Dona de mim”, em janeiro.
— Acho importante ele também pagar pelos erros que cometeu. É até uma lição que a gente deixa para a sociedade: o crime não deve sair impune. Sou um cara de fé, acredito que todos mereçam o perdão, mas também a justiça — afirma ele, frequentador assíduo da Comunidade Presbiteriana da Barra, na Zona Sudoeste.
Danilo (Felipe Simas) salva Filipa (Cláudia Abreu) de acidente: de vilão a herói, em “Dona de mim”
Reprodução/TV Globo
Paixão por moto e por Fusca é herança de família
Condenado a 39 anos de prisão pelo crime cometido, Daniel Cravinhos obteve liberdade em 2018 e trabalha atualmente com customização de motos. O veículo sobre duas rodas também é uma paixão para Felipe Simas, desde a infância:
— Quando eu tinha 12 anos, minha família morava nos Estados Unidos. Meu pai (o capoeirista e ator Beto Simas, hoje com 63 anos) comprou três motos e me levou, com meu irmão (o também ator Rodrigo Simas, hoje com 33), para fazer trilhas. Ele botava tudo na pick-up, parava no deserto e nos ensinava a pilotar.
Agora pai de três crianças (Joaquim, de 11 anos; Maria, de 8; e Vicente, de 5), frutos de seu casamento com a influenciadora digital Mariana Uhlmann, de 34, Simas conta que tem usado sua Royal Enfield para se deslocar pelo Rio no dia a dia.
— Com cautela, é claro. Assim, eu ganho mais tempo em casa com a família — explica ele, que também é dono de um Fusca dourado, herança de sua bisavó.
O ator Felipe Simas e sua mota: paixão sobre duas rodas desde a infância
Reprodução de Instagram
Os filhos do ator assistem a “Dona de mim” e são fãs de Elis Cabral, a Sofia da trama:
— Eles amam! Só ficam constrangidos quando veem o papai beijando outra mulher em cena. Porque o papai é o namorado da mamãe, né?
O ator Felipe Simas em família: com a mulher, Mariana, e os três filhos do casal
Instagram/reprodução
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Com informações da fonte
https://extra.globo.com/entretenimento/tv/noticia/2025/11/felipe-simas-detalha-sensacoes-ao-interpretar-viloes-nosso-corpo-nao-identifica-verdade-ou-mentira-acessamos-o-obscuro.ghtml