ex-PM acusado de tráfico internacional vai a julgamento em Bruxelas

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Sergio Roberto de Carvalho, conhecido como 'Pablo Escobar brasileiro', foi preso em Budapeste — Foto: GERGELY BESENYEI/AFP


Acusado de enviar 45 toneladas de cocaína da América do Sul para a Europa entre 2017 e 2019, o ex-policial militar do Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho, de 65 anos, vai a julgamento em Bruxelas, na Bélgica, três anos após ser preso na Hungria. As audiências tiveram início nesta segunda-feira. Originalmente, o caso seria julgado em Bruges, onde a investigação envolvendo o brasileiro começou, mas acabou transferido por questões de segurança.

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Carvalho, que ficou conhecido como “Pablo Escobar brasileiro”, foi detido em Budapeste em junho de 2022 e extraditado para a Bélgica no ano seguinte. As investigações apontaram que ele organizava o envio de carregamentos de cocaína para a Europa junto a outro acusado, Flor Bressers, de 39 anos.

A rede de tráfico do brasileiro foi descoberta após as autoridades europeias encontrarem cocaína oculta em um carregamento de manganês que chegara ao porto de Roterdã, um dos principais do continente, em 2020.

Em dez remessas do minério, os traficantes teriam enviado o equivalente a 15 toneladas de cocaína através do Atlântico, totalizando um valor de US$ 220 milhões, segundo a rádio belga RTBF. As investigações levaram até uma empresa de tratamento de água no porto belga da Antuérpia, suspeita de servir de fachada para os criminosos. Com o início das investigações, prisões de envolvidos começaram a ser feitas. Também apontado como um dos líderes do esquema, Bressers foi preso em Zurique em fevereiro de 2022.

Preso em um restaurante de Budapeste com uma identidade falsa mexicana, Carvalho chegou a ter pedidos de extradição de ao menos quatro países diferentes, que desejavam julgá-lo por crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Além da Bélgica, que acabou por recebê-lo, o brasileiro também é alvo de pedidos dos Estados Unidos, Espanha e Brasil.

Segundo o jornal britânico The Guardian, Bressers teria ganho 230 milhões de euros com o esquema. Já Carvalho teria faturado 200 milhões.

Em 1998, Carvalho já havia sido condenado a 15 anos de prisão por transportar 237,3Kg de cocaína e, em 2019, em novo julgamento, a mais 15 anos por ter usado laranjas para movimentar R$ 60 milhões entre 2002 e 2007. Ele só foi expulso da corporação em 2010.

Na Espanha ele vivia sob o nome de Paul Wouter e se apresentava como um rico cidadão do Suriname que morava em uma luxuosa mansão de dois milhões de euros, em Marbella. Foi quando ele simulou a própria morte por Covid-19. A polícia, de acordo com reportagem do “El País”, suspeitou ao descobrir que a certidão de óbito era assinada por um esteticista.

O golpe do simulacro de morte de Paul Wouter foi a solução encontrada pelo traficante brasileiro para se livrar da justiça espanhola já que, em 2018, havia sido preso junto com outras 20 pessoas em alto-mar com duas toneladas de cocaína. No mesmo ano, ele pagou fiança e foi solto sem que se descobrisse sua verdadeira identidade.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/09/16/pablo-escobar-brasileiro-ex-pm-acusado-de-trafico-internacional-vai-a-julgamento-em-bruxelas.ghtml

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