Ex-deputado George Santos, condenado por fraude e roubo de identidade, deixa prisão após ordem de Trump

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George Santos, deputado americano de origem brasileira — Foto: Drew Angerer / Getty Images via AFP


O ex-congressista republicano George Santos, de 37 anos, condenado por fraude eletrônica e roubo de identidade, saiu da prisão na sexta-feira depois que teve a sentença comutada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou seu advogado à AFP. Ele havia sido condenado a sete anos de prisão por fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado, uma pena que ele havia começado a cumprir em julho. Nascido em Nova York e filho de pais brasileiros, o político usou cartões de crédito de seus doadores sem autorização para comprar roupas de grife, quitar a entrada de automóvel e sacar dinheiro em caixas eletrônicos, segundo a Promotoria.

“George está em confinamento solitário há longos períodos e, segundo todos os relatos, tem sido terrivelmente maltratado. Por isso, acabei de assinar uma Comutação, libertando George Santos da prisão, IMEDIATAMENTE. Boa sorte, George”, escreveu Trump em sua rede social, o Truth Social.

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O ex-parlamentar saiu de uma prisão federal em Nova Jersey e estava “a caminho de casa”, afirmou seu advogado Joseph Murray à AFP por telefone.

“Deus abençoe o presidente Donald J. Trump, o melhor presidente da história dos Estados Unidos!”, acrescentou Murray em um comunicado publicado na conta da rede social X de George Santos.

Para Trump, Santos “era um tanto ‘desonesto’, mas há muitos desonestos em todo o país que não são obrigados a cumprir sete anos de prisão”, citando o senador democrata Richard Blumenthal, que, de acordo com o presidente, mentiu sobre sua participação na guerra do Vietnã. A controvérsia é antiga, e envolve declarações do senador feitas no passado, nas quais sugeria que havia lutado no conflito — em 2010, ele reconheceu que serviu na reserva da Marinha durante a guerra, mas não foi enviado às linhas de frente no Sudeste Asiático. Na semana passada, Trump, que não serviu nas Forças Armadas, pediu que o caso seja investigado.

“Isso é muito pior do que o que George Santos fez, e pelo menos Santos teve a coragem, a convicção e a inteligência para SEMPRE VOTAR NOS REPUBLICANOS!”, afirmou.

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Além de apresentar problemas legais no Brasil), George Santos se tornou conhecido ao se apresentar como a “nova face” do Partido Republicano, surpreendendo em primárias no estado de Nova York e chegando à Câmara dos Deputados. Em entrevistas, se apresentava como um fiel apoiador de Donald Trump, em um estado há décadas dominado pelos democratas.

Contudo, não tardou até que sua imagem de republicano perfeito começasse a desmoronar: pouco depois de ser eleito, uma investigação revelou que toda sua trajetória política foi lbaseada em mentiras sobre sua educação, religião, experiência profissional, bens e salários. Ele chegou a falsificar sua história familiar, afirmando ser descendente de judeus sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

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Ainda mais grave, a investigação da promotoria de Nova York revelou que ele enganou doadores de sua campanha ao transferir dinheiro para sua própria conta e usá-lo para pagar dívidas pessoais, comprar roupas de grife ou fazer pagamentos com os cartões de crédito de seus próprios apoiadores sem autorização. Ele também foi acusado de receber benefícios de desemprego aos quais não tinha direito durante a pandemia da Covid-19 antes de sua eleição.

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A escala das mentiras e fraudes foi tamanha que a iniciativa para cassar seu mandato foi liderada pelos próprios colegas de partido: a comissão de ética da Câmara o acusou de ter “desacreditado gravemente” o órgão legislativo, e mais de dois terços de seus colegas votaram pela cassação, em dezembro do ano passado. Até hoje, Santos foi o sexto deputado a perder o mandato na Casa.

Em abril, um tribunal de Nova York o condenou a sete anos de prisão pelos crimes de fraude eletrônica e roubo de identidade qualificado, dos quais Santos se declarou culpado. Em julho, ele se apresentou para começar a cumprir a pena, e até agora demonstrava pouca esperança de que Trump intercedesse por ele, como o fez nesta sexta-feira.

— O presidente sabe da minha situação. Não é como se fosse um segredo. Se o presidente achar que eu mereço algum nível de clemência que está ao seu alcance, ele pode concedê-la, mas pedir um perdão seria negar responsabilidade e prestação de contas — disse ele em entrevista no começo do ano.



Com informações da fonte
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/10/18/ex-deputado-george-santos-condenado-por-fraude-e-roubo-de-identidade-deixa-prisao-apos-ordem-de-trump.ghtml

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