Presidente do Detran de Goiás desde fevereiro de 2023, o delegado Waldir Soares foi um folclórico deputado federal de 2015 a 2022, período em que apoiou Jair Bolsonaro, liderou a bancada do PSL na Câmara e depois rompeu com o bolsonarismo. Candidato ao Senado pelo União Brasil, acabou sendo derrotado e ganhou um cargo no governo de Ronaldo Caiado.
Ontem, o Delegado Waldir, como é conhecido, foi dar uma entrevista a uma rádio de Goiânia e, no meio de uma resposta sobre a segurança pública e o combate ao tráfico de drogas achou por bem acusar o ministro Flávio Dino, do STF, de ter ido “bater papo com traficante” no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, quando era ministro da Justiça, em março de 2023.
De pronto, o entrevistador do programam “Falando Sério”, da Rádio Interativa FM, questionou o ex-deputado por que ele estava divulgando essa fake news até hoje.
— Eu não tô divulgando fake news, não. Eu pesquisei ontem, tá em todos os jornais do país da época, todos eles noticiaram […] Não sei se você conhece o Rio de Janeiro, para entrar em qualquer complexo de favelas, você tem que ter autorização do tráfico. Ele entrou com apenas dois carros do Ministério da Justiça na favela da Maré. Tem que ter autorização do Comando Vermelho.
O entrevistador então esclareceu que Dino não se reuniu com criminosos e visitou uma ONG na Maré com escolta. Mesmo diante da correção, o chefe do Detran-GO reforçou a desinformação ao vivo.
No mesmo dia, no entanto, Waldir divulgou uma nota pública para se retratar “integralmente das declarações falsas, ofensivas e gravemente desrespeitosas” que proferiu na entrevista e pedir “desculpas públicas” a Dino.
Diz o texto, que foi lido hoje no programa:
“Reconheço que as afirmações por mim realizadas foram absolutamente inverídicas, destituídas de qualquer lastro fático ou probatório, e revestidas de conteúdo calunioso e difamatório, na medida em que sugeriam, de forma irresponsável, suposta vinculação do Ministro Flávio Dino e do Supremo Tribunal Federal a facções criminosas e ao tráfico de drogas. Tais alegações, além de falsas, atentam contra a honra objetiva e subjetiva de autoridades da República e colocam sob suspeita, sem qualquer fundamento, a lisura de instituições centrais do Estado Democrático de Direito”.
“Declaro, de maneira firme e inequívoca, que não possuo, nem possuía, qualquer prova, indício ou elemento minimamente idôneo que amparasse aquelas imputações. Admito que agi de forma precipitada, equivocada, leviana e sem a devida diligência que se exige de quem se manifesta em meio de comunicação social, extrapolando os limites constitucionais da liberdade de expressão e violando direitos de personalidade, notadamente a honra e a imagem de agentes públicos”.
Por fim, ele assumiu o compromisso de não mais repetir ou insinuar as alegações.
Questionado pela coluna se vai processar Waldir, o ministro Flávio Dino não se manifestou até o momento.
