A Justiça do Rio manteve a prisão da estudante de veterinária Beatriz Leão Montibeller Borges, de 25 anos, em audiência de custódia realizada no último domingo. Ela é investigada por associação ao tráfico no Paraná, no Sul do país, e foi presa em 29 de agosto último num apartamento, de luxo segundo a polícia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste carioca. Segundo as autoridades de segurança paranaenses, Beatriz namora de um dos chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) do PR e, desde março, estava foragida. Já a defesa dela afirma que a jovem é inocente e que já há um habeas corpus pendente de julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Os advogados Renato Bassi Pereira, Paulo Jean e Messias Mateus Pontes de Melo afirmam que o relacionamento de Beatriz com o homem citado pela polícia já acabou. Segundo os defensores, ele, quando cumpria pena na Colônia Penal Agrícola Industrial de Piraquara, teve um aparelho celular apreendido, no qual foram encontrados comprovantes de pagamentos em nome da jovem, o que levou à inclusão de seu nome na investigação. “Tais elementos, contudo, não demonstram participação direta em atividades ilícitas, mas apenas que sua conta foi utilizada em transações vinculadas a terceiros”, afirma a defesa em nota.
Quando à vida de ostentação que, segundo o delegado da Polícia Civil do PR, Thiago Andrade, Beatriz levava, a defesa diz que “a associação de sua imagem a uma vida de riqueza não condiz com a realidade, visto que as declarações públicas da autoridade policial não encontram respaldo nas provas constantes dos autos”. A nota dos advogados afirma ainda que o apartamento onde ela foi presa não é de luxo e que ele é “uma hospedagem temporária obtida por meio da plataforma Airbnb, com estadia previamente contratada até 31 de agosto”.
A íntegra do informe:
“A defesa de Beatriz Leão Montibeller Borges, vem a público esclarecer informações divulgadas acerca de sua prisão, ocorrida no último dia 29 de agosto, no Rio de Janeiro. Beatriz foi localizada em uma hospedagem temporária obtida por meio da plataforma Airbnb, com estadia previamente contratada até 31 de agosto, não se tratando de ‘apartamento de luxo’ ou de qualquer situação de ostentação, conforme noticiado.
A associação de sua imagem a uma vida de riqueza não condiz com a realidade, visto que as declarações públicas da autoridade policial não encontram respaldo nas provas constantes dos autos.. A inclusão do nome de Beatriz nas investigações decorre, em grande parte, de sua relação anterior com ex-namorado, que, enquanto cumpria pena na Colônia Penal Agrícola Industrial de Piraquara, teve um aparelho celular apreendido, no qual foram encontrados comprovantes de pagamentos em nome dela. Tais elementos, contudo, não demonstram participação direta em atividades ilícitas, mas apenas que sua conta foi utilizada em transações vinculadas a terceiros.
O caso vem sendo tratado de forma midiática, com informações divulgadas em rede nacional que não correspondem à realidade processual, influenciando indevidamente a percepção pública e distorcendo o que efetivamente consta na ação penal.
No campo processual, a defesa já apresentou as manifestações cabíveis nos autos em trâmite perante a Vara Criminal de Piraquara/PR. Além disso, foi interposto Recurso em Habeas Corpus em Brasília, perante o Superior Tribunal de Justiça, discutindo a legalidade da prisão preventiva, cujo julgamento encontra-se pendente de pauta.
Beatriz é mãe de uma criança menor de 12 anos, realidade que torna ainda mais grave a manutenção de sua prisão preventiva. A defesa reforça que o caso deve ser analisado com serenidade, dentro das garantias constitucionais, e confia que, ao final, prevalecerá a Justiça e o direito à presunção de inocência”.
O que diz a polícia
Segundo o delegado Thiago Andrade, Beatriz determinava o que poderia ser comprado pela quadrilha e o que não poderia ser comprado pelo braço do PCC no Paraná que, além do tráfico, tem envolvimento também com lavagem de dinheiro e porte ilegal de arma. Ele afirmou, ainda, que o namorado dela era quem dava à jovem uma vida de luxo:
— Ele (o chefe do PCC), inclusive, acabava bancando essa vida luxuosa que ela ostentava nas redes sociais. Viagens, faculdades, academia, tudo isso era bancado pelo dinheiro do crime. Então, nós representamos pela prisão preventiva dessa mulher e foi expedida. Ela fugiu do Paraná e nós estávamos levantando informações sobre ela.
Danças, treinos e fotos de biquíni
No TikTok, Beatriz compartilhava vídeos dançando, treinando em academias e posando de biquínis para um público de cerca de 2,6 mil pessoas.
O conteúdo com mais visualizações, publicado em 8 de janeiro deste ano, mostra Beatriz sentada numa espreguiçadeira, usando biquíni rosa-claro e bandana na cabeça. Na mão esquerda, ela segurava uma taça que parecia conter bebida alcoólica. O registro teve 53 mil visualizações e mais de 130 comentários.
No mesmo mês, outro vídeo alcançou mais de 17 mil visualizações. Beatriz aparece de short e top branco dançando ao som de “Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim”, do rapper Oruam, preso desde 22 de julho.
Em agosto de 2024, ela publicou uma foto de biquíni em frente a um espelho num lugar que lembra um quarto de hotel. Como legenda, brincou: “Eu apaixonada por mim mesma? Sim!” À época, Beatriz não estava foragida.
Além do repertório de biquínis, ela também dedicava vídeos à rotina de musculação. Entre os exercícios compartilhados estão agachamentos, flexões e de força para as costas.
Em suas redes sociais, Beatriz afirma que é natural do município gaúcho de Bagé, mas mora atualmente em Curitiba. Na capital paranaense ela está matriculada em uma faculdade de medicina veterinária. A investigada também tem três empresas em seu nome: uma para realizar “atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral, exceto imobiliários”, outra no ramo de comércio varejista de roupas e acessórios, e a terceira é uma casa de festas.
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Estudante de veterinária investigada por ligação com PCC no Paraná é mantida presa em audiência de custódia
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