A investigação que culminou na denúncia de Ana Paula Veloso por envenenar e matar quatro pessoas no Rio e São Paulo começou com uma falsa denúncia fornecida por ela mesma. Em abril deste ano, a Polícia Civil de São Paulo passou a apurar uma suposta tentativa de envenenamento sofrida por Ana Paula. Ela é estudante de Direito numa universidade privada de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Seis meses depois, ela foi acusada de assassinar quatro pessoas envenenadas.
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Descrita pelos investigadores como uma serial killer (termo em inglês para assassina em série), Ana Paula sempre estava nas cenas dos crimes de que é acusada, mas não pairavam suspeitas oficiais de que era culpada pelas mortes. A reviravolta começou em 16 de abril deste ano, quando a Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação para apurar uma suposta tentativa de envenenamento a alunos da turma dela da faculdade.
Naquele dia, dias antes da Páscoa, um pedaço de bolo de chocolate num papel alumínio foi deixado em uma das salas da faculdade. Com ele, um bilhete escrito à mão de caneta rosa: “Para a turma Direito 4D, um ótimo feriadão! Um bolo para adoçar a manhã de vocês!”. O texto terminava com uma suposta assinatura de uma confeiteira, esposa de um policial militar de São Paulo.
Ao abrirem o pacote, os alunos sentiram um forte cheio de produto químico. Naquele momento, Ana Paula contou aos colegas que estava sendo ameaçada e por isso, recomendava que ninguém comesse o doce. A Polícia Militar foi chamada, e o caso enviado à delegacia.
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No desdobramento das investigações, Ana Paula confessou ter preparado o bolo e deixado na faculdade. O exame pericial não encontrou veneno, e a mulher disse ter colocado um produto de limpeza com odor forte para causar alarme de contaminação. Ela ainda revelou ter deixado a torta desembrulhada na sala para o cheiro chamar a atenção dos colegas.
Ana Paula Veloso: suspeita de ser serial killer
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Ameaças e falsas acusações: o bilhete assinado
O bilhete com o nome assinado, segundo as investigações, teria sido escrito por Ana Paula para tentar imputar à esposa de um PM uma falsa acusação. A estudante de Direito se relacionou brevemente com o policial. Com o fim do relacionamento, passou a mandar mensagens a ele e esposa, que trabalha com venda de doces.
A Polícia Civil de São Paulo descobriu que Ana Paula tentou ligar o policial militar a uma de suas vítimas de envenenamento: Maria Aparecida Rodrigues, morta em 10 de abril, seis dias antes do episódio do bolo. A investigação detalha que Ana Paula tentou induzir a polícia acreditar que o policial militar matara a mulher.
A estudante também teria tido um caso amoroso com sua vítima, para quem se apresentou como Carla. As duas passearam juntas naquele dia. Ana Paula foi a última a ver Maria Aparecida com vida após oferecer café com bolo. Ana Paula teria ainda comprado um chip de celular pré-pago e cadastrado com os dados de Maria Aparecida, mas utilizou em seu aparelho pessoal.
Bilhete escrito por Ana Paula ao tentar incriminar esposa de PM
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‘Infelizmente, ele te matou’
Na noite de 10 de abril, daquele novo número, ela enviou mensagens ao celular de Maria Aparecida passando-se por uma parente preocupada com ela. Numa delas, diz “se esconde que o policial está indo aí”. A última mensagem escrita por Ana Paula à vítima foi no dia seguinte: “Infelizmente, ele te matou, você deu mole”. O policial e Maria não se conheciam.
Em 11 de abril, Ana Paula teria começado a enviar mensagens ameaçando o PM e sua esposa. Numa delas ela teria dito que, ao começar o relacionamento com o policial, pediu para uma amiga investigá-lo, mas ela acabou morta no dia anterior e pairava a suspeita do crime sobre o PM.
‘Não vai ser bala não. É veneno’
Pouco tempo depois, do número cadastrado no nome de Maria Aparecida, Ana Paula pegou a foto da doceira e colocou em seu perfil no Whatsapp. Começou a se passar por ela, fazendo ameaças a uma colega de turma de Direito. O objetivo era fazer com que se achasse que a esposa do PM estava investigando quem seria a amante dele e que teria descoberto que cursava aquela faculdade. Ana Paula iniciou uma série de ataques a essa amiga e fazia questão de deixar claro que seriam feitos pela esposa do policial. Ela tentou relacionar novamente o casal à morte de Maria Aparecida:
“Eu irei matar você com chumbinho assim como meu marido matou a mulher que estava atrás dele. Você não vai passar de amanhã. Não sabe com quem mexeu. Essa turminha da faculdade tá f***. E não vai ser bala não. É veneno”, escreveu ela, que continuou:
“Meu marido é polícia. Vocês perturbaram meu marido, e ele foi obrigado a dar fim na velha. Meu marido é (e escreve o nome completo do policial)”, diz a mensagem, que termina em seguida:
” A Mara que foi para o inferno depois que meu marido envenenou”.
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Com informações da fonte
https://extra.globo.com/rio/casos-de-policia/noticia/2025/10/envenenamentos-em-serie-investigacao-comeca-com-falsa-denuncia-da-propria-acusada-infelizmente-ele-te-matou-voce-deu-mole.ghtml
Envenenamentos em série: investigação começa com falsa denúncia da própria acusada; 'Infelizmente, ele te matou, você deu mole'

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