“Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.” Apocalipse 3.15,16
Palavras, gestos e comportamentos que antes despertavam indignação, hoje passam despercebidos. O resultado é um anestesiamento coletivo: sentimos menos, refletimos pouco e optamos pela passividade.
A banalização tem circunscrito incontáveis lares, que convivem com a falta de respeito, afetos sádicos, autonomia que disfarça a total falta de limites, revelando que o descuido progride para a habitualidade, levando as famílias ao adoecimento pelo conflituoso ambiente tóxico.
“As famílias saudáveis são aquelas que sabem estabelecer fronteiras claras entre o que é tolerável e o que é destrutivo”. Salvador Minuchin.
Quando os pais perdem o poder de se indignar — e a coragem de “vomitar”, dizendo não para o que é destrutivo e inaceitável, —, o lar se torna emocionalmente morno. E o morno, como diz a metáfora bíblica, é absolutamente danoso e autodestrutivo.
Virginia Satir, uma das grandes teóricas da terapia familiar, afirmava que “a falta de autenticidade é a principal causa do distanciamento emocional dentro da família”. Enganam-se aqueles que apostam num ambiente de paz às custas do sacrifício da verdade, limite e absolutos, pois essa paz não será fruto do amor e construção comunitariamente respeitosa, mas será fruto do medo e ausência de autoridade, ambiente esse sem empatia, responsabilidades e limites.
É urgente reaprender a “vomitar”: expelir de dentro pra fora de nossos lares, o que é tóxico à convivência. Rejeitar a ironia, o desrespeito. Voltar a sentir o valor do erro — que não deve gerar culpa, mas consciência libertária da autorresponsabilidade.
“Vigie seus pensamentos, eles tornam-se palavras. Vigie suas palavras, elas tornam-se ações. Vigie suas ações, elas tornam-se hábitos. Vigie seus hábitos, eles formam seu caráter. Vigie seu caráter, ele se torna seu destino.” Frank Outlaw
Talvez “reaprender a vomitar” signifique apenas isso:
recusar o que nos adoece e retomar o gosto daquilo que nos torna verdadeiros humanos.
Com informações da fonte
https://extra.globo.com/blogs/boto-fe/post/2025/12/entre-o-morno-e-o-autentico-e-preciso-retomar-o-gosto-daquilo-que-nos-torna-verdadeiros-humanos.ghtml
Entre o morno e o autêntico: é preciso retomar o gosto daquilo que nos torna verdadeiros humanos

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