Em São Gonçalo, alunos de unidade interditada há dois anos pela Defesa Civil ainda não têm um espaço para chamar de seu

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Desalojados desde 2023, após terem a sede da escola interditada pela Defesa Civil, os alunos da unidade de ensino básico Mentor Couto, em São Gonçalo, até hoje não têm um local próprio para estudar e podem acabar dividindo espaço com outra unidade de ensino: o Instituto de Educação Clélia Nanci, estadual, de formação de professores. A situação tem preocupado os profissionais e alunos do instituto, que temem perder parte de sua estrutura para a Mentor Couto, que também era estadual e foi municipalizada.

A prefeitura confirmou que a possibilidade, articulada junto à Secretaria de Estado de Educação, está sendo considerada. Representantes já chegaram a realizar uma visita técnica ao local. Ainda não há uma decisão oficial. O uso do espaço chegou a fazer parte de uma reunião da secretaria de Educação (Semed) de São Gonçalo com o Ministério Público do Rio (MPRJ) em outubro, para tratar do destino das escolas sem prédio. Segundo a própria prefeitura, a proposta é “otimizar exclusivamente salas ociosas” das dependências do Clélia Nanci.

Mesmo assim, a manifestação de interesse e a visita de representantes municipais à unidade têm assustado representantes da comunidade escolar, que realizaram um protesto contra o compartilhamento na última quarta (10).

Salas que prefeitura quer usar estão sendo usadas pela escola, segundo professores

Os professores da escola contam que o espaço visitado pelos representantes do município durante a visita técnica está sendo usado e inclui salas de aula e laboratórios.

“Esse espaço que seria compartilhado entre as escolas da prefeitura e o Instituto de Educação Clélia Nanci é de suma importância para a nossa escola. Todo esse espaço pleiteado pela prefeitura já foi utilizado para o cálculo das turmas de 2026, inclusive”, destaca a professora Samanta Cunha, que leciona na escola há mais de dez anos e faz parte do Conselho Escolar.

A professora de História e ex-diretora do Clélia Nanci, Viviane Lima, destaca que a comunidade escolar não foi informada formalmente sobre a proposta, que já vem sendo debatida pelo menos desde outubro. Na ata da reunião que a Semed teve com o MP, é discutida a possibilidade de levar para lá um outra unidade de ensino municipalizada que está sem prédio: o Jardim de Infância Menino Jesus.

“Fomos pegos de surpresa ao tomar conhecimento da reunião realizada em outubro. Compartilhar qualquer espaço do Instituto de Educação Clélia Nanci faria com que nós tivéssemos que reduzir a nossa quantidade de turma, o que não é possível. Nosso sistema de matrículas já está aberto e temos turmas formadas para 2026. A escola, o conselho escolar, os alunos e os responsáveis são contra essa proposta, não por uma questão de egoísmo, mas porque não há espaço ocioso”, conta Viviane.

Escolas sem prédio já estão usando espaço de outro colégio

A questão envolvendo o destino dos colégios sem prédio não é nova. Enquanto aguardam para saber se vão ocupar parte do Clélia Nanci, tanto o Jardim de Infância Menino Jesus como o Mentor Couto já estão ocupando o prédio de uma outra escola: o Colégio Municipal Castello Branco, maior escola municipal de São Gonçalo, no bairro Boaçu.

O prédio no Boaçu usa salas e andares diferentes para abrigar os alunos das outras unidades, que ficaram sem prédios por questões estruturais nos edifícios em que funcionavam antes. 

Escola sem prédio funciona, atualmente, no edifício da maior escola municipal da cidade, o Castelo Branco – Foto: Divulgação/Prefeitura de São Gonçalo

O antigo prédio do Mentor Couto, que ficava no bairro Jardim Califórnia, foi interditado pela Defesa Civil após anos de problemas de manutenção e o desabamento de um dos muros da unidade.

Na época, as turmas da unidade foram transferidas para o Castelo Branco de forma emergencial. Desde então, a estrutura antiga não passou por reformas e uma nova “sede” para a escola não foi construída. Para os professores do Clélia Nanci, construir uma nova escola para os alunos do Mentor Couto seria uma solução melhor para todos os envolvidos.

“A prefeitura não investe em educação no município. Ela recebeu dinheiro da venda da Cedae e não investiu. Levar outra escola para o mesmo espaço traz uma série de problemas, tanto para a prefeitura, quanto para a nossa escola, que funciona muito bem”, opinou o professor Diego França. 

Escola “na mira” da Prefeitura de São Gonçalo tem curso de ensino médio para formação de docentes 

Antigo Instituto de Educação de São Gonçalo, o Clélia Nanci foi inaugurado na década de 1960 e é uma das poucas unidades da Região Metropolitana com o chamado “curso normal”, que integra o ensino médio à formação de professores. Localizada na Brasilândia, o instituto atende cerca de 1,2 mil alunos, de acordo com a comunidade escolar. 



Com informações da fonte
https://temporealrj.com/em-sao-goncalo-alunos-de-unidade-interditada-ha-dois-anos-pela-defesa-civil-ainda-nao-tem-um-espaco-para-chamar-de-seu/

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