Enquanto o país enfrenta um déficit bilionário e discute novas medidas de arrecadação, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva multiplicou por quatro os gastos com publicidade nas redes sociais, desembolsando R$ 8,4 milhões em apenas 30 dias — uma média de R$ 283 mil por dia. O salto de 360% nos investimentos em impulsionamento digital levanta suspeitas entre a oposição sobre o uso da estrutura estatal para fins eleitorais.
Estratégia digital e engajamento nas redes
A ofensiva digital é comandada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), sob liderança de Sidônio Palmeira, e aposta em vídeos curtos, humorados e altamente engajáveis. Segundo dados da Meta, controladora do Facebook e Instagram, mais de 90% dos anúncios ativos no dia da votação da isenção do Imposto de Renda tratavam diretamente do tema. O perfil do Governo Federal é hoje o maior contratante de impulsionamento político nas plataformas da empresa.
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Além da proposta tributária, outras pautas com apelo popular — como o PIX, o SUS, o programa Luz do Povo e a saída do Brasil do Mapa da Fome — têm sido amplamente divulgadas nas redes oficiais. A conta do governo no Instagram ganhou 1,2 milhão de seguidores recentemente, alcançando 2,9 milhões no total.
Oposição denuncia uso político da comunicação oficial
Parlamentares de oposição acusam o governo de usar recursos públicos para promover a imagem de Lula e atacar adversários. As críticas se intensificaram após revelações sobre a Rede Minerva, projeto do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Com orçamento de R$ 54,1 milhões, a iniciativa monitora postagens de influenciadores e deputados da oposição, como Gustavo Gayer (PL-GO) e Carlos Jordy (PL-RJ).
O deputado Kim Kataguiri (União-SP) apresentou requerimento exigindo acesso aos relatórios da Rede Minerva e questionando se há viés ideológico na seleção dos perfis monitorados. O governo afirma que o projeto tem caráter científico e visa combater a desinformação, mas a falta de transparência e o uso de recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e do Ministério da Saúde para financiar o monitoramento político, segundo a oposição, geram inquietação no Congresso.
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Comunicação turbinada às vésperas das eleições
Nos bastidores, aliados do Planalto admitem que a estratégia busca consolidar uma imagem de um governo popular e eficiente, especialmente diante da crescente influência de parlamentares da direita nas redes sociais. Mas a escalada nos gastos com comunicação ocorre a menos de um ano das eleições de 2026, reacendendo o debate sobre os limites éticos do uso da máquina pública para promoção política.