Durante quase quatro anos, o britânico Tim Schulz acompanhou de perto a vida dos ultrarricos em alto mar, trabalhando como marinheiro em um superiate de R$ 735 milhões, pertencente a um “chefão da tecnologia” e alugado para celebridades de Hollywood. Em entrevista ao jornal “Daily Mail”, neste sabado (6/9), Schulz revelou segredos, histórias e crises vividas a bordo do iate de 100 metros.
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Schulz começou a trabalhar no iate aos 28 anos, em 2008. Nesse período, ele navegou pela Austrália, Pacífico, Caribe e Mediterrâneo – e conviveu com celebridades e bilionários, que frequentemente protagonizavam birras e cenas inusitadas.
Em uma ocasião, ele e a tripulação saíram para um mergulho com o dono do iate e seus convidados. A alça do snorkel do proprietário estava solta, e um pouco de água entrou no equipamento, deixando-o tão furioso que abandonou todos no meio do Mediterrâneo.
“Precisei me refugiar numa pedra com um ator famoso, e passamos o tempo conversando sobre o próximo blockbuster dele”, contou Schulz ao “Daily Mail”. Segundo ele, levou mais de uma hora até que a equipe conseguisse acalmar o dono e resgatar as celebridades de bote.
Na época, Schulz recebia 3 mil libras por mês (cerca de R$ 22 mil na cotação atual), com todas as despesas cobertas, incluindo moradia, alimentação preparada por um chef particular e “muita bebida liberada”.
Para ele, o verdadeiro desafio era lidar com os caprichos do dono bilionário e dos hóspedes. “Certa vez, um casal de celebridades com vibes de ioga estava no iate. A esposa era vegetariana rígida e, supostamente, grande defensora dos animais”, lembra.
Os hóspedes podiam reformar o iate à vontade. A mulher escolheu capas de almofada de camurça marrom para a sala, mas, assim que foram colocadas, reclamou do tom e as arrancou. “Tivemos que encomendar outras 50 em marrom ligeiramente diferente. Só conseguia pensar: ‘Você é vegetariana, está sentada em um sofá feito de 50 vacas, e ainda mandou outras 50 para o lixo’”, revelou Schulz.
Em outra ocasião, adolescentes exigiram cerejas, que estavam esgotadas, e a tripulação precisou encomendar 15 quilos da fruta — o pedido mínimo — entregues ao iate de helicóptero.
Schulz também contou que drogas rolavam livremente nas festas do superiate, e que era comum que hóspedes consumissem cocaína na embarcação. “Você só espera que eles não te mandem para a rua no próximo porto para comprar mais [drogas]. Uma vez, hospedei um grupo que tomou cogumelos alucinógenos e quis que todas as luzes do iate fossem apagadas para observar as estrelas. Eles ficaram acordados a noite toda e ainda insistiram que eu fizesse sanduíches de queijo com presunto”, lembrou.
As festas contavam com presenças especiais, como supermodelos e “namoradinhas” do dono. Em uma noite em St. Tropez (França), o proprietário convidou sua “namorada supermodelo” e amigos famosos. Após alguns drinques, foram curtir a cidade, mas ele tropeçou em um cais mal iluminado e caiu na água.
“Foi um caos total enquanto tentávamos resgatá-lo. Enquanto isso, ele gritava para a namorada que tinha caído porque se distraiu com a roupa sexy dela, o que a fez desabar em lágrimas. Depois, disse a todos que a festa estava cancelada e que voltassem para o iate”, contou Schulz.
Além das birras, a tripulação sempre se preocupava com piratas, especialmente depois que o dono revelou ter um quadro de Picasso avaliado em 20 milhões de libras (R$ 147 milhões). Por segurança, os marinheiros precisaram instruir convidados sobre o que fazer em caso de abordagem.
“Era um grupo de técnicos de informática, que disse que era mais importante proteger os computadores do que as garotas que trouxeram a bordo. Quando reclamei, um deles disse que eu não podia entender, porque nunca tinha sentido o que é ter um laptop sofisticado”, lembrou.
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Drogas, festas com modelos e birras de bilionários: tripulante de superiate de R$ 735 milhões revela bastidores da vida a bordo
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