Uma denúncia feita pelo deputado estadual Filippe Poubel (PL) movimentou a sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quinta-feira (11). O parlamentar exibiu um vídeo em que um preso considerado de alta periculosidade aparece assistindo, de dentro da cela e por chamada de vídeo, ao chá revelação do filho.
“Bandido assistindo chá revelação pelo celular”
Poubel classificou o episódio como uma afronta à sociedade e um retrato da fragilidade do sistema penitenciário fluminense.
“É inacreditável. Um criminoso, que deveria estar isolado, participando de um momento íntimo da família como se estivesse em liberdade. Isso mostra que a Seap está falhando gravemente”, criticou. O deputado anunciou que vai convocar a secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca Nebel, para dar explicações formais sobre o caso.
Críticas à gestão da Seap e ao sistema de segurança
Segundo Poubel, a facilidade de comunicação dentro das cadeias representa uma ameaça direta à segurança pública.
“Se um preso consegue assistir ao chá revelação, também pode ordenar execuções, chacinas e invasões de território. É inadmissível”, afirmou. Ele ainda voltou a criticar as visitas íntimas permitidas nos presídios: “Narcotraficante não tem que receber visita íntima. Por isso, parabenizo o presidente Rodrigo Bacellar pelo projeto que busca acabar com esse absurdo no estado.”
Risco a autoridades
O parlamentar também alertou que a comunicação irregular dentro das cadeias pode ter consequências ainda mais graves:
“Da mesma forma que ele acompanhou um chá revelação, pode mandar matar um desembargador, um deputado, qualquer autoridade.”
Tecnologia dos criminosos supera a do Estado
O deputado Marcelo Dino (União) reforçou as críticas com uma comparação provocativa:
“Na Cidade Alta, quando passo perto da área do traficante Peixão, meu celular fica sem sinal. Mas dentro de Bangu, os presos conseguem fazer chamadas de vídeo. Que tecnologia é essa que o Estado não consegue usar contra eles?”
Revolta e pressão por mudanças
O caso reacendeu o debate sobre o controle de comunicações nos presídios e fortaleceu a discussão do projeto de Bacellar, que prevê restrições mais duras a presos ligados ao tráfico.
A convocação da secretária da Seap deve ser um dos momentos mais tensos da próxima semana na Alerj.