De frustração à volta fulminante, Samuel Lino atribui coroação na seleção ao Flamengo, mas teve dúvida ao deixar Europa

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Pouco mais de 40 dias de seu anúncio como contratação mais cara do Flamengo, o atacante Samuel Lino tem chance de fazer sua estreia pela seleção brasileira hoje, 20h30, contra a Bolívia, na altitude.
Em entrevista exclusiva a O GLOBO, o jogador de 25 anos revelou que foi difícil voltar tão novo ao Brasil depois de sair da base do próprio Flamengo, onde se frustrou, para fazer carreira na Europa.
Mas se viveu anos de incerteza, a intensidade dos últimos dias com a camisa rubro-negra e agora do Brasil lhe provaram ter feito a escolha certa para quem ainda sonha com a Copa do Mundo.
Natural do ABC Paulista, o jogador troca a intensidade nos jogos por um jeito mais tímido e de grupo, e fica na bronca até com apelido da torcida rubro-negra.
– É Samuel, risos, Samu Lino. Os caras ficam zoando por causa da música da torcida do Flamengo. Pessoal me chama de Lino normal lá. Não tem apelido. Torcida fica com “Chama Samu, Samu Liso, Samu Lindo – brinca o velocista driblador.
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CONFIRA A ENTREVISTA
Você volta para o Brasil como reforço mais caro da história do Flamengo e ganha uma chance na seleção. Como se sente?
Essa pergunta é difícil. Porque não é fácil voltar, né? Acho que hoje o Brasil está com uma grande visibilidade. O pessoal da seleção está sempre visando os jogadores que estão aqui, que estão desempenhando, que estão jogando. Estão sendo importantes no time. Nos times que os jogadores jogam, né? E acho que isso é muito importante para eles e para os jogadores também. Jogar e estar sendo importante no clube que você joga. Isso conta muito, eu acho.
Em termos de carreira, voltar aos 25 anos, o que você pensou?
Muitos podem pensar que eu sou muito novo e tudo, mas eu acho que eu fiz a escolha certa para a minha carreira. Hoje eu vejo que no Flamengo eu tenho uma importância maior, me valorizam muito mais. E eu estou me sentindo feliz aqui e de estar aqui no Flamengo hoje. De ter voltado da Europa cedo e tudo mais. Podia ter ficado, logicamente, mas se eu tivesse ficado lá, será que eu estaria hoje aqui na seleção? Então, acho que se eu estou aqui na Seleção hoje e fico coroado no Flamengo, eu acho que eu fiz a escolha certa e eu acho que muitas coisas boas ainda vão acontecer jogando aqui no Brasil. Podia ter ficado, logicamente, mas se eu tivesse ficado lá, será que eu estaria hoje aqui na seleção? Então, acho que se eu estou aqui na Seleção hoje e fico coroado no Flamengo, eu acho que eu fiz a escolha certa e eu acho que muitas coisas boas ainda vão acontecer jogando aqui no Brasil.
E nem preciso falar do clube gigante que é o Flamengo, a estrutura, a parte midiática, tudo, que ajuda o jogador também a estar aqui. Então, voltar com 25 anos, eu acho que no momento que eu estou vivendo hoje e espero continuar vivendo, acho que foi uma decisão correta que eu tomei na minha vida. E, como eu falei, talvez se eu estivesse na Europa eu não poderia estar em nenhum outro time e não estaria aqui na seleção. Foi um começo bem intenso, que ninguém esperava, nem eu. Espero que essa intensidade se mantenha por muito tempo.
E isso tem muito a ver com o seu jogo, né? É um jogo muito frenético. Chegou jogando, não teve nem tempo de se ambientar muito. Quanto que o Filipe Luis pesou pra essa volta?
Ah, Felipe deu uma confiança enorme. Ser valorizado, se sentir importante. Acho que isso aí foi muito importante da parte do Filipe. Porque eu conversei com ele antes de vir e essa conversa foi decisiva pra me dar confiança de que eu ia vir e ia ser importante aqui.
E sobre a seleção, o que ele falou?
Ele falou: “já vai treinando então, que lá na Seleção você vai ter que cantar”. Só que ele falou isso antes de você eu ser convocado. Ele falou pra mim lá quando entrei contra o Ceará, meu segundo jogo. Depois não falei com ele. Ele me deu parabéns lá na entrevista. E só isso.
E você teve que cantar?
Já, já teve o trotezinho da rapaziada. Já fizeram eu cantar, zoar. Mas foi de boa. Eu cantei “Fulminante”, do Mumuzinho. O pessoal gostou, fui bem demais.
Falando em novato, você jogou na base do Flamengo em 2017, vindo do São Bernardo. Ficou na bronca por não ter sido aproveitado?
É cada um por si. Na época eu estava no Sub-20. Aí tinha um time, né? Subiu o pessoal do Sub-17. Que tem que subir, né? Porque bate a idade de uma categoria, você tem que subir pra outra. Cara, lotou o time. Tipo assim, aumentou a concorrência demais. Não tinha muito espaço na época. Aí acabei jogando de centroavante na sequência que eu tive de titular. O tempo pra mostrar o meu futebol foi de centroavante, não foi de ponta, na minha posição. Mas foi um aprendizado legal. Lógico que não foi aquilo que eu esperei pra mim. Não esperava. Não me senti bem, mas foi um aprendizado que me ajudou depois.
Vinícius Jr já estava na sua época de Flamengo? Na seleção tem mais concorrência…
Não, o Vinícius já tinha subido. Mas acho que, tipo assim, na base é muito diferente, né? Aqui tu sabe que tu tem muitos jogadores que estão atrás, não veio o Vinícius, não veio o Rodrygo e tudo mais. Tem muitos jogadores de muita qualidade. Mas tem dois jogos, você consegue jogar tranquilo, né? Tipo assim, na base você tá treinando todo dia com três, quatro caras na mesma posição. Então, você não sabe se você vai jogar. E aqui, tipo assim, por mais que você tenha jogadores bons, são os 22, 23 jogadores, é um grupo que você consegue trabalhar tranquilo, na base não tem nada a ver com isso. No Flamengo é igual, hoje, como no Atlético de Madrid foi igual também. Tem muitos jogadores grandes que estão buscando essa oportunidade, o Martinelli, o Vinícius, eu, o Luiz Henrique, Estevão, Raphinha. A concorrência é gigantesca, só que cada um está buscando seu espaço, respeitando o amigo, respeitando o próximo e a amizade e o fechamento do grupo. É bem saudável essa disputa.
Como é chegar em um grupo já mais estabelecido?
Como tem um grupo já que já vem há muito tempo, você fica se perguntando como que deve ser, as pessoas já estão lá. é a primeira vez e, cara, eu nem pensei que tem que mostrar. Lógico, eu tenho que chegar, treinar bem, é a minha oportunidade, tem que desempenhar bem, óbvio, tem essa parte, mas acho que eu foquei mais na parte do grupo, como o pessoal vai te receber, se eles vão fazer você se sentir bem, confortável nos treinos. Me senti muito tranquilo, muito leve, porque o pessoal sempre me recebeu bem, os novos que chegaram, todos foram de peito aberto e isso que faz você se sentir bem, confiante. O pessoal que é gente da gente, ninguém aqui quer ser mais que ninguém, é um grupo totalmente fechado, todo mundo com amizade, então, acho que isso é o mais legal, o ponto mais importante.
Como é que tem sido a sua convivência no grupo do Flamengo, também, nesse pouco tempo?
Jogadores de grande qualidade, de seleção e tudo mais. E facilita bastante. O grupo também, o pessoal é muito tranquilo, tudo muito… Grupo junto, unido. E ajuda bastante nesse processo quando você chega aqui.
Se tivesse que escolher um ou dois jogadores que chamaram atenção, qual seriam?
Jorginho. Pô, nunca tinha visto jogar de perto, no dia a dia, é fantástico. Ah, e o Arrasca, não tem jeito. Um jogador que me surpreendeu bastante por sua qualidade é o Matheus Gonçalves, que foi embora, ele é muito bom.



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