A oitiva histórica da CPI das Câmeras no Complexo Penitenciário de Gericinó começou com um detalhe alarmante: os deputados não encontraram o detento Luciano Silva Teixeira, conhecido como “Sardinha da CDD”. Beneficiado por uma saída temporária no Dia dos Pais, o criminoso – integrante do Comando Velhelho e apontado como de alta periculosidade – simplesmente não retornou à prisão — e está foragido. A ausência escancarou a fragilidade do sistema penal e adicionou tensão à diligência que reuniu parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para ouvir presos envolvidos em esquemas de roubo de cargas, clonagem de veículos e lavagem de dinheiro.
Locadoras entram na lista de empresas investigadas pela CPI das Câmeras
Depoimentos revelam engrenagem do crime organizado
Apesar da fuga de Sardinha, cinco detentos foram interrogados nesta segunda-feira (15), em uma ação inédita da CPI das Câmeras. Os presos revelaram detalhes sobre o funcionamento de quadrilhas que atuam em parceria com empresas de proteção veicular, locadoras, ferros-velhos e até com o uso de ouro em transações criminosas. Os depoimentos foram gravados e serão enviados ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Antes mesmo da visita o presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PL) declarou que “não restam dúvidas sobre irregularidades, tanto na sonegação fiscal quanto na atuação de estruturas criminosas organizadas. O próximo passo é identificar todos os envolvidos, para nomeá-los e incluí-los no relatório final”.
Deputado denuncia tentativa de pagamento de propina em meio a investigações da CPI das Câmeras
Parlamentares em campo
Além de Knoploch, participaram da diligência os deputados Marcelo Dino (União), vice-presidente da comissão; Filippe Poubel (PL), relator; Rodrigo Amorim (União), membro titular; e Alan Lopes (PL), suplente. A missão: entender como o crime se infiltra no sistema de rastreamento e proteção veicular no estado.
CPI das Câmeras pressiona seguradoras por suspeita de pagamento ao crime organizado
Os nomes por trás dos esquemas
– Vinicius Catrinck, o “Capetão”, líder de roubos de vans e cargas;
– Thiago Fernandes Virtuoso, o “Tio Comel”, maior clonador de carros do Rio;
– Jefferson Dias Lino, o “Rouba Cena”, atualmente em prisão domiciliar;
– Gildásio Esteves Lima, envolvido em receptação;
– Luciano Teixeira, o “Sardinha da CDD” — que deveria estar presente, mas fugiu.
CPI da Alerj investiga empresa de câmeras e expõe elo com vice-prefeito do Rio
Tecnologia sob suspeita
Desde agosto, a CPI tem sabatinado empresas de videomonitoramento, startups de segurança e autoridades públicas. O objetivo é mapear falhas e conivências que permitem a atuação de organizações criminosas mesmo sob o olhar das câmeras.
Principais ladrões de carros do estado serão ouvidos pela CPI das Câmeras, em unidade prisional
Empresa “Gabriel” e quebra de sigilos
A comissão também investiga a empresa “Gabriel”, acusada de instalar câmeras em vias públicas sem autorização. Além disso, foi aprovada a quebra de sigilo bancário de seguradoras como Álamo e Facility, suspeitas de financiar o crime organizado por meio de pagamentos de resgate de veículos roubados.
CPI das Câmeras convoca autoridades e empresas para esclarecer esquema de receptação de veículos roubados no RJ
CPI se aproxima do coração da estrutura criminosa
Com os depoimentos em mãos — e a fuga de Sardinha como alerta — a CPI das Câmeras se consolida como uma das investigações mais incisivas da Alerj. O foco agora é desmantelar a rede de interesses entre empresas privadas e facções criminosas que operam sob o manto da legalidade.
Knoploch endurece com seguradoras e associações após ausência em CPI