O corpo de Haroldo Costa será velado nesta segunda-feira (15), na quadra do Acadêmicos do Salgueiro, no Andaraí, Zona Norte do Rio. Apaixonado pela escola e um dos maiores nomes do samba do Brasil, o artista morreu aos 95 anos na tarde deste sábado (13), devido a complicações de pneumonia e infecção urinária, na Casa de Saúde São João de Deus, em Santa Teresa.
Haroldo foi ator, diretor, escritor, jornalista, produtor cultural e um dos maiores intelectuais do carnaval carioca. Nascido em Piedade, na Zona Norte, em 13 de maio de 1930, iniciou a carreira artística no Teatro Experimental do Negro, companhia idealizada por Abdias do Nascimento.
Haroldo Costa, o grande ‘Orfeu Negro’ do Rio
Entre seus grandes feitos, protagonizou a histórica montagem de “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, que estreou no Theatro Municipal do Rio, em 1956. Foi o primeiro ator negro a encenar a peça, inspirada no mito grego de Orfeu e Eurídice.
Também esteve entre os fundadores da Brasiliana, a primeira companhia nacional de danças folclóricas, que se apresentou em 26 países. Dirigiu espetáculos musicais e o longa-metragem “Pista de Grama”, e foi autor de obras como “Fala, crioulo – O que é ser negro no Brasil”, “Salgueiro: Academia do Samba” e “Na cadência do samba”.
Contribuição de Haroldo para o samba e o carnaval carioca
No universo do samba, onde se eternizou, foi presidente de honra do júri do Estandarte de Ouro — considerado o Oscar do carnaval — e integrou o corpo de julgadores desde 1973, segundo ano do prêmio. Também atuou como comentarista dos desfiles das escolas de samba na TV Globo.
Ao longo da vida, escreveu 15 livros. Em 2025, integrou o time de autores do livro “Pra tudo se acabar na quarta-feira”, sobre grandes artistas do carnaval das escolas de samba. Em 2023, foi um dos curadores da exposição “Heitor dos Prazeres é meu nome”, no CCBB.
‘Um dos pilares da história do Salgueiro’
Em nota oficial, o Salgueiro lamentou a morte de Haroldo Costa, que deixa a viúva Mary Marinho. A escola se referiu ao artista como “um dos pilares da história do Salgueiro, um salgueirense de alma inteira”, que ajudou a construir a história da escola no Rio.
“Haroldo foi muito mais do que um intelectual. Foi memória viva, guardião da nossa história e voz firme na defesa do samba, do carnaval e da cultura afro-brasileira. Um homem que entendeu cedo que o samba não podia ser apenas vivido: precisava ser preservado, estudado, contado e respeitado. Haroldo Costa foi, é e sempre será nosso Orfeu Negro, aquele que cantou nossa história com profundidade, consciência e alma. […] O Salgueiro se curva. O pavilhão se entristece. E a memória agradece”, escreveu a agremiação.
