Três dias após a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, um novo balanço da cúpula da segurança do estado do Rio atualizou os números da ação. Dos 117 mortos, 99 foram identificados: ao menos 78 tinham passagens pela polícia, detalhou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi. O titular da pasta mencionou ainda a grande quantidade de traficantes de outras unidades da federação abrigada nos conjuntos de favelas: dos 113 presos, um terço (40) são de fora do Rio. A partir disso, o secretário definiu as localidades como bases da facção, a nível nacional.
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— Os complexos da Penha e do Alemão, até a ocupação de 2010, eram o QG (quartel-general) do Comando Vermelho apenas no Rio de Janeiro. A constatação é que esses complexos passaram a ser o QG do CV também nacionalmente — disse Curi.
Curi afirmou ainda que os dois conjuntos de favelas se tornaram bases de treinamento de manuseio de armamento, com papel central na cooptação de criminosos de fora do estado. Segundo o secretário, esses forasteiros são “formados” no Rio e, posteriormente, retornam para seus estados de origem para implementação da cultura do CV nesses locais.
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Ainda em suas falas, o secretário afirmou que, atualmente, os policiais atuam em algo que “já não é mais um trabalho de polícia”. Para ele, “polícia nenhuma do mundo faz o que as polícias do Rio de Janeiro fazem”:
— Esse cenário que nós vivenciamos aqui é um cenário de guerra irregular, de guerra assimétrica. Então, aproveito o momento, tendo em vista os dados que nós estamos apresentando, para fazer essa reflexão. Acho que é importante que haja uma mobilização nacional no sentido de combate a essas organizações, que não são mais organizações criminosas, são, sim, narcoterroristas.
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Na coletiva, Curi foi acompanhado por Victor César Santos, secretário estadual de Segurança Pública.
Mais cedo, o governador Cláudio Castro, através de anúncio nas redes sociais, havia destacado que todos os identificados até o momento possuem antecedentes criminais e que a maioria ocupava posições de chefia no crime organizado. Segundo o governador, 22 dos mortos eram de outros estados: seis do Pará, seis do Amazonas, três da Bahia, dois de Goiás, dois do Espírito Santo, dois do Ceará e um da Paraíba.
No dia seguinte à megaoperação, moradores levam corpos para praça do Complexo da Penha
Mais corpos foram retirados por moradores de mata na Penha
Entre eles, há nomes apontados como chefes do tráfico em diferentes regiões do país, como Russo, de Vitória (ES); Chico Rato, de Manaus (AM); Mazola, ligado ao tráfico em Feira de Santana (BA); e Fernando Henrique dos Santos, identificado como chefe de facção em Goiás.
Um relatório sobre a operação será encaminhado às autoridades competentes nos próximos dias.

 
			 
			
 
			 
		 
		 
		