A megaoperação das polícias, realizada nesta terça-feira, tem como foco os dois principais quartéis-generais do Comando Vermelho: os complexos do Alemão e da Penha. O objetivo da ação é prender integrantes da facção — sendo 30 deles oriundos de outros estados — que estariam escondidos nos dois conjuntos de favelas. Os complexos da Penha e do Alemão somam 26 comunidades, onde vivem cerca de 112,7 mil moradores. É desses locais que as principais lideranças do CV, fora dos presídios, tomam decisões sobre disputas por territórios e os rumos da organização dentro e fora do estado. Por essa razão, a operação foi recebida com intenso poder de fogo, numa tentativa de proteger o alto comando da facção. Os criminosos até usaram drones para lançar granadas contra as forças especiais.
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Apesar de exercerem papéis semelhantes dentro da estrutura criminosa, a polícia aponta que os dois complexos têm “especializações” distintas. O Alemão concentraria maior poder financeiro, enquanto a Penha seria o centro das decisões estratégicas. A Penha foi apontada pelo MPRj como uma das principais bases estratégicas do Comando Vermelho (CV) para implementar seu projeto de expansão territorial rumo à Zona Sudoeste, especialmente na região de Jacarepaguá. A informação consta em denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ).
Na Penha, o principal nome é Edgar Alves de Andrade, o Doca. Nascido na Paraíba, ele ocupa o segundo posto na hierarquia da facção, estando abaixo apenas de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, preso há mais de 30 anos. Durante a madrugada, moradores relataram queima de fogos em comemoração à data, que deve ser celebrada à noite em um salão de festas de uso exclusivo do tráfico na Penha. No Conselho Nacional de Justiça, constam 26 mandados de prisão em aberto contra Doca.
No complexo também há a presença de “subgrupos” do Comando Vermelho, como a Equipe Sombra, especializada em disputas territoriais na Zona Oeste, e a Equipe do Ódio, formada por adolescentes envolvidos em roubos de veículos e confrontos com traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP).
No Alemão, um dos principais nomes da liderança é Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. Ele é o integrante da cúpula do CV foragido há mais tempo. Quando 3,5 mil homens das polícias Civil e Militar, do Exército e da Marinha ocuparam os complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, em 28 de novembro de 2010, Pezão já tinha a prisão decretada. Contudo, fugiu dois dias antes da megaoperação, provavelmente utilizando uma tubulação de esgoto.
Em uma demonstração de poderio bélico sem precedentes, traficantes usaram drones para lançar granadas contra forças especiais da Polícia Civil e Militar do Rio na tentativa de conter a operação desta terça-feira.
Alemão e Penha são alvos de megaoperação para conter avanço do CV
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Complexos do Alemão e da Penha são alvos de megaoperação para conter avanço do CV — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Objetivo é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV) Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Ação mobiliza 2,5 mil policiais e também promotores do Gaeco — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Ação visa capturar chefes do tráfico do Rio e de outros estados e combater a expansão territorial da facção — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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São cumpridos 51 mandados de prisão expedidos contra traficantes — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição fazem parte da operação — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Por causa da operação, 45 unidades de educação municipais fecharam as portas— Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Até o meio da manhã desta terça-feira, 23 pessoas foram presas e dez fuzis foram apreendidos na ação — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Operação deixou ao menos cinco mortos — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Entre os presos está o operador financeiro de Edgard Alves de Andrade, o Doca — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Um total de 67 pessoas foram denunciadas pelo crime de associação para o tráfico, além de três homens denunciados também por tortura — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Entre os mortos, há ainda dois suspeitos vindos da Bahia, afirmam as autoridades — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Os feridos estão sendo encaminhados ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
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A megaoperação deixou dois policiais civis mortos e ao menos outro sete agentes feridos. Na foto, Delegado da DRE chega baleado ao Hospital Getúlio Vargas — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
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Um policial sinaliza para que um motociclista volte durante a operação. — Foto: Mauro PIMENTEL / AFP
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Suspeito chega na Cidade de Polícia. — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
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Operação mobiliza 2,5 mil policiais e promotores do Gaeco
O uso de drones para lançar granadas contra forças de segurança marca uma nova escalada do poder de fogo do crime organizado no Rio. Criminosos lançam o equipamento sobre alvos, acionam um gatilho mecânico ou elétrico que libera a carga e se afastam sem se expor. Além de servir como “bombardeiro” improvisado, o drone também funciona como equipamento de reconhecimento para orientar a reação das quadrilhas. Imagens deste terça-feira mostram ainda barricadas em chamas formando colunas de fumaça visíveis a quilômetros de distância.
Operação deixa ao menos 20 mortos
A megaoperação deixou dois policiais civis mortos e ao menos outro oito agentes feridos, na manhã desta terça-feira. De acordo com a Polícia Civil, 18 suspeitos foram mortos, dois deles da Bahia. Quatro moradores também foram atingidos.
O objetivo da ação é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV), 30 deles de fora do Rio, escondidos nos dois conjuntos de favelas, identificados pela investigação como bases do projeto de expansão territorial do CV. Até o fim da manhã, 56 pessoas foram presas e 31 fuzis foram apreendidos na ação, que mobiliza 2,5 mil policiais e também promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ).
