As imagens de drones controlados por traficantes do Rio jogando explosivos em policiais durante a megaoperação nos complexos da Penha e Alemão, na Zona Norte, representam uma escalada do poderio bélico dos criminosos contra o agentes. A polícia começou a mapear o uso desses equipamentos no ano passado, mas em disputas rivais na região entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. Outra investigação, da Polícia Federal, mostrou ainda o envolvimento de um cabo da Marinha suspeito de pilotar os drones para o tráfico.
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Os drones usados pelo tráfico para esse tipo de ataque são modelos que contam com uma espécie de garra adaptada, parecida com aquelas usadas em máquinas de pegar pelúcias. Os criminosos então colocam um explosivo e até granadas sem pino no equipamento. Após levar a aeronave não tripulada até o ponto que querem atingir, eles abrem essa garra remotamente, deixando o explosivo cair.
Operação no Alemão e na Penha contra o CV tem ao menos 20 mortos, incluindo dois policiais
Investigações da Polícia do Rio já descobriram também que criminosos de outros estados buscam o comércio ilegal na cidade para adquirir o equipamento. Um homem chegou a ser preso em 2024 acusado de tentar levar um drone com garra para Goiás e usar a aeronave para levar produtos ilícitos, como drogas e celulares, a presídios daquele estado.
Segundo investigações, a primeira vez que o equipamento foi usado foi num ataque dos traficantes do Comando Vermelho do Complexo do Alemão ao Complexo de Israel, controlado pelo TCP. A partir disso, o uso se popularizou entre os criminosos, que viram no equipamento uma chance de aumentar os ataques.
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Uma investigação da Polícia Federal ainda apontou que o cabo da Marinha Rian Maurício Tavares Mota pilotava o equipamento para o Comando Vermelho e treinava outros traficantes, além de ajudar na montagem dos drones.
“Nós precisamos comprar o dispensador, chefe. É um dispositivo que bota no drone, que ele libera a granada, entendeu? Sendo que vem um cabinho segurando no pino, né? Bota o pino no drone e a granada nesse dispositivo”, enviou em áudio o militar a um traficante, segundo o Fantástico.
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Alemão e Penha são alvos de megaoperação para conter avanço do CV
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Complexos do Alemão e da Penha são alvos de megaoperação para conter avanço do CV — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Objetivo é cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV) Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Ação mobiliza 2,5 mil policiais e também promotores do Gaeco — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Ação visa capturar chefes do tráfico do Rio e de outros estados e combater a expansão territorial da facção — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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São cumpridos 51 mandados de prisão expedidos contra traficantes — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição fazem parte da operação — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Por causa da operação, 45 unidades de educação municipais fecharam as portas— Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Até o meio da manhã desta terça-feira, 23 pessoas foram presas e dez fuzis foram apreendidos na ação — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Operação deixou ao menos cinco mortos — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Entre os presos está o operador financeiro de Edgard Alves de Andrade, o Doca — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Um total de 67 pessoas foram denunciadas pelo crime de associação para o tráfico, além de três homens denunciados também por tortura — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Entre os mortos, há ainda dois suspeitos vindos da Bahia, afirmam as autoridades — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Os feridos estão sendo encaminhados ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
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A megaoperação deixou dois policiais civis mortos e ao menos outro sete agentes feridos. Na foto, Delegado da DRE chega baleado ao Hospital Getúlio Vargas — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
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Um policial sinaliza para que um motociclista volte durante a operação. — Foto: Mauro PIMENTEL / AFP
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Suspeito chega na Cidade de Polícia. — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
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Policial durante megaoperação no Complexo do Alemão — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
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Megaoperação para conter avanço do CV no Alemão e na Penha. Na foto, a Estrada Grajaú-Jacarepagua fechada com barricadas — Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
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Prefeitura fecha a Estrada Grajaú-Jacarepaguá por causa de barricadas com lixo posicionadas por criminosos — Foto: Giampaolo Braga
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Volta para casa no Rio foi antecipada em quatro horas, diz Centro de Operações — Foto: Foto Marcelo Theobald
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O crescimento do movimento de retorno teve início por volta de 12h. Normalmente, o aumento no fluxo de volta para casa começa às 16h. — Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
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Ruas do Centro desertas às 17h30 com antecipação da volta para a casa — Foto: Alexandre Cassiano
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Foram 81 presos e 42 fuzis apreendidos na ação das polícias Civil e Militar — Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Operação mobiliza 2,5 mil policiais e promotores do Gaeco
Drones usados por rivais para lançar granadas ou pela polícia para monitorar a movimentação dos traficantes se tornou um incômodo para os chefes das facções fluminenses. Eles começaram a comprar, também ilegalmente, equipamentos antidrones.
Uma operação da Polícia Federal este ano, que atingiu o braço político da facção, mostrou que eles articulavam a compra de fuzis antidrones. Parte dos equipamentos teria sido vendida por Luiz Eduardo Gonçalves da Cunha, o Dudu, ex-assessor do ex-deputado TH Jóias. Dudu aparece em mensagens obtidas pela Polícia Federal intermediando a compra de bazucas antidrones para traficantes do Complexo do Alemão e até se oferecendo a viajar aos Estados Unidos para adquirir os equipamentos. Os dois estão presos e alegam inocência.
