Vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça prestou depoimento nesta terça-feira à Polícia Civil de São Paulo, no inquérito que apura desvios de material esportivo da Nike dentro do clube, e é investigado pela 6ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva – DRADE.
O dirigente foi o principal alvo de uma auditoria interna feita a pedido do presidente Osmar Stábile, que também foi ouvido na delegacia, assim como o diretor de tecnologia Marcelo Munhoes, principal autor da auditoria conhecida nos últimos dias. Só a partir daí Mendonça foi ouvido na polícia.
Mas os depoimentos, colhidos no dia 4 de novembro, um dia depois da conclusão da auditoria, o nome de Armando Mendonça não é apontado nem por Stábile nem por Munhoes como suspeito de desvios, apenas no documento finalizado posteriormente e encaminhado dentro do próprio Corinthians.
À Polícia Civil, Marcelo Munhoes afirmou que que foram identificadas falhas nos processos internos relacionados à gestão de materiais da Nike, mas que não haveria “juízo de valor” sobre possível desvio.
O relatório apresentaria quinze recomendações para melhoria da gestão, nove relatos de não conformidade e sete riscos identificados e observações técnicas.
Osmar Stábile relatou apenas o pedido para elaboração do relatório e que iria compartilhá-lo com a polícia civil. E também determinou investigação do Conselho Deliberativo do Corinthians.
A partir daí, Romeu Tuma Júnior, presidente do Deliberativo, encaminhou o relatório de 94 páginas à Comissão de Justiça do clube. O processo será acompanhado pela Comissão de Ética, presidido por Leonardo Pantaleão, aliado de Tuma.
A auditoria reforça a retirada de materiais a partir de junho, e aponta que Armando Mendonça levou 131 peças, entre elas uniformes para relacionamento, muitos sem documentação. Ele nega.
Confira o que diz a auditoria e o dirigente
Na página 6 do relatório, Armando Mendonça é apontado como o dirigente responsável pela gestão do material esportivo quando o Osmar Stábile assumiu. E rebate:
“Nunca fui responsável pela gestão de materiais na atual gestão. Apenas passei a ajudar o departamento responsável, qual seja, o administrativo, para melhorar e organizar o fluxo de movimentação dos materiais, tanto de forma operacional como sistêmica”, disse ao blog.
Na página 24 da auditoria, Armando Mendonça também é apontado como quem mais pegou camisas para relacionamento, e também deu sua versão.
“Mentira. Desafio qualquer pessoa a provar essa falsa afirmação. No trabalho apresentado sequer há a quantidade de materiais retirados por outras pessoas para fazer essa comparação”.
Armando também teria levado uniformes comemorativos da NFL após um jogo em agosto. O blog ouviu suas alegações sobre o caso.
“Outra mentira. Eu pedi para deixar separado no almoxarifado para posterior deliberação. O material que retirei foi comunicado via e-mail institucional, sendo que havia uma finalidade específica, que não para meu uso ou meu relacionamento.
Na página 31, a auditoria reforça a retirada de materiais a partir de junho, somando 131 por Armando.
“Número errado e foi devidamente provado para o presidente Osmar. Foram retirados por mim o número de 47 materiais, respeitando a política do clube”, defende-se.
Questionado sobre por que houve mudança do local onde os uniformes eram recebidos, Armando explicou:
“Decisão da gestão Augusto Melo no início de 2024. Aliás, sempre fomos contra essa decisão e sugerimos a volta de todo material para o almoxarifado do Parque São Jorge”, emendou Armando, que negou ainda acusações de ameaça por parte de Marcelo Munhoes, autor da auditoria.
“Nunca acusei ninguém ou tentei interferir nos trabalhos. Foi justamente diante dessa falsa acusação que decidi tomar as medidas legais para resguardar meus direitos”, finalizou.
