A promessa de modernização do transporte público carioca virou pesadelo para milhares de passageiros. A Prefeitura do Rio enfrenta sérias dificuldades na implantação do sistema de bilhetagem digital Jaé, que acumula denúncias de clonagem de cartões, falhas operacionais e prejuízos financeiros aos usuários.
Clonagem e uso indevido de créditos
Desde o início da operação exclusiva do Jaé, passageiros relatam instabilidade no sistema, filas nos pontos de atendimento e dificuldades para recarga. Em meio ao caos, surgem denúncias de clonagem e uso indevido de créditos, com casos registrados como estelionato pela polícia.
A professora Gabriella Estevam, moradora de Rio das Ostras e estudante da UFRJ, teve cerca de R$ 400 em créditos furtados. “Percebi 29 passagens debitadas sem que eu tivesse usado o cartão. Tive que bloquear o cartão preto e comprar outro. A foto no aplicativo foi trocada por outra pessoa”, relatou.
Patrícia Gomes, de Vargem Pequena, também foi vítima. Ao retornar de férias, descobriu que os R$ 400 depositados pela empresa haviam sido usados por terceiros. “Disseram que meu cartão foi clonado e descarregado na Pavuna. Foram 15 passagens de R$ 4,70 de uma vez. Não há controle para limitar o uso?”, questionou.
Empresa nega falhas, mas promete ressarcimento
A empresa responsável pelo Jaé nega a possibilidade de clonagem, alegando que os cartões possuem “diferentes níveis de segurança”. No entanto, admite que os casos estão sendo investigados e que haverá ressarcimento quando comprovadas as fraudes.
A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) afirma que o sistema foi acionado para apurar os casos. No caso de Gabriella, o ressarcimento foi confirmado após identificação de uso fora do trajeto habitual. Já o caso de Patrícia segue em análise desde o dia 30 de setembro.
Fraudes se multiplicam e polícia age
Além das falhas técnicas, a segurança do sistema foi colocada em xeque após a prisão de três homens no Terminal Procópio Ferreira, flagrados vendendo passagens com cartões Jaé de terceiros. Os casos foram registrados como estelionato e os cartões apreendidos.
Falta de controle e prejuízo ao cidadão
A crise expõe a fragilidade da gestão municipal diante da digitalização do transporte público. Enquanto a prefeitura promete rigor nas fiscalizações, passageiros seguem arcando com prejuízos e enfrentando um sistema que deveria facilitar, mas tem dificultado a mobilidade urbana.