A despeito do alto índice de letalidade da operação policial no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, a maioria dos entrevistados defende que operações como essa sejam realizadas pela polícia nas comunidades (73% contra 22%), mostra a pesquisa Genial/Quaest. Há uma divisão da população, contudo, quando ela é questionada sobre como polícia deve agir diante de um suspeito armado com um fuzil: 50% dos ouvidos no levantamento defendem que o agente deve tentar prendê-lo sem atirar, enquanto 45% acham que o policial deve disparar de imediato.
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No recorte que leva em consideração o posicionamento ideológico do entrevistado sobre as operações em favelas, há uma divisão entre eleitores que se identificam com o campo lulista: 51% defendem as operações e 46% são contra. Entre os bolsonaristas, 94% são a favor.
Para responder à divisão dentro do próprio eleitorado e tentar pautar o debate sobre o tema, Lula enviou à Câmara na sexta-feira o pacote antifacção, que busca combater organizações criminosas como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, além de milícias.
Desde a operação de terça-feira nos complexos da Penha e do Alemão, Lula vem evitando fazer críticas à atuação policial e busca impulsionar projetos para buscar protagonismo na área em que a direita costuma tirar proveitos eleitorais contra a esquerda.
O texto, alterado pela Casa Civil e agora sob responsabilidade do Legislativo, cria o tipo penal de “facção criminosa”. Nesse ponto, membros de grupos como CV e PCC, por exemplo, seriam enquadrados no crime de “organização criminosa qualificada”, que prevê pena de até 15 anos de prisão, podendo chegar a 30 se houver a qualificadora de homicídio. O projeto também cria mecanismos que aumentam o poder do Estado e das forças policiais para investigar e asfixiar financeiramente as facções criminosas.
“Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, disse Lula na quarta-feira.
Em resposta ao governo federal e à fragmentação da opinião pública sobre o tema, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou na quinta-feira a criação de um “consórcio da paz” junto a governadores de direita. O encontro, realizado no Palácio Guanabara, serviu de plataforma para críticas e cobranças ao Planalto na área de segurança, em meio à tentativa do governo federal de acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso, além do pacote antifacção.
