Após prisão, governistas querem acelerar cassação de Zambelli e bolsonaristas cobram que Motta interceda a favor da deputada

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A prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP) provocou reações em parlamentares governistas e da oposição. A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adota a estratégia de pedir à Câmara que acelere a tramitação do processo que pode cassar a deputada. Por sua vez, deputados bolsonaristas próximos de Zambelli lamentaram a decisão e cobram que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), interceda em favor dela.

Dois meses após deixar o Brasil, a deputada foi presa na Itália nesta terça-feira depois de ser incluída na lista vermelha da Interpol, o que a tornou procurada em 196 países. A prisão da parlamentar havia sido determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após ela ser condenada a uma pena de dez anos de reclusão por falsidade ideológica e invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Motta já disse que não cabe à Casa Legislativa colocar em votação a prisão da deputada, que foi detida após ser condenada com trânsito em julgado pelo STF. O presidente da Câmara declarou que é de responsabilidade da Casa apenas analisar o pedido de perda de mandato de Zambelli, que já está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), tenta fazer com que a Câmara acelere o processo que pede a cassação da deputada. O petista quer tirar a representação das mãos da CCJ e fazer com que o caso seja decidido diretamente pela Mesa da Câmara, composta por Motta e mais seis deputados.

“Diante da prisão de Carla Zambelli, protocolei requerimento à Comissão de Constituição e Justiça solicitando o encaminhamento imediato do processo à Mesa Diretora para a declaração da perda de mandato, conforme determina o artigo 55, incisos IV e VI, da Constituição. Não há espaço para tergiversações: não existe previsão legal para o exercício remoto, clandestino ou fictício do mandato por quem está condenada, presa e em processo de extradição. A permanência de Zambelli no cargo representa um escárnio ao Estado de Direito e um atentado à moralidade pública”, disse Lindbergh por meio de nota.

Por sua vez, o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) comemorou a prisão de Zambelli.

– A pistoleira que fugiu para a Itália depois de ser condenada a 10 anos de cadeia por pagar um hacker para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça acaba de ser presa lá mesmo. Mais uma golpista caiu e, podem ter certeza que todos cairão.

No lado oposto, os líderes do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e no Senado, Carlos Portinho (RJ), lamentaram a prisão da aliada.

Sóstenes cobrou da Câmara uma reação por conta da prisão da parlamentar:

“Não se trata mais de um caso isolado. É um sinal de que a ruptura institucional já não é um risco, é uma realidade em construção. Se o Parlamento aceitar calado o exílio político de seus membros, a censura de seus líderes e a criminalização da oposição, estará assinando sua própria rendição. Não será por golpe, será por omissão. Por isso, a bancada do PL conclama todas as bancadas e líderes desta Casa a reagirem. Porque hoje é Carla Zambelli. Amanhã, será qualquer um de nós”, declarou por meio de nota.

Já Portinho reclamou do Congresso e disse que ele “é subjugado pelo Judiciário”.

“Oposição perseguida, muitos exilados e outros presos. Parlamento inerte e subjugado pelo Judiciário. Essa é a fotografia do Brasil atual que o mundo enxerga. Democracia não é”, declarou nas redes sociais.

Apesar da manifestação do líder do PL, os principais nomes do bolsonarismo tem evitado comentar a situação da parlamentar e buscam se distanciar do caso. o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não fez ainda nenhuma manifestação pública sobre o caso da deputada e o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a falar que “não tem nada a ver” com o caso da parlamentar no começo de junh



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